Taxa de homicídios no Equador se multiplicou por seis em menos de uma década

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O Equador era um dos países mais seguros da América Latina até 2016. Ao longo dos anos, a capacidade de combater o narcotráfico foi se deteriorando. Taxa de homicídios no Equador se multiplicou por seis em menos de uma década
Em menos de uma década, a taxa de homicídios no Equador se multiplicou por seis.
O Equador era um dos países mais seguros da América Latina até 2016. Para entender como foi dominado pelo crime organizado é preciso lembrar o que acontecia na época na vizinha Colômbia, maior produtora de cocaína do mundo.
Os narcoguerrilheiros das Farc dominavam a produção e o transporte de cocaína e já usavam portos do Equador para exportar a droga para os Estados Unidos e para a Europa. Depois do acordo de paz assinado em 2016 entre então presidente Juan Manoel Santos e as Farc, cartéis do México identificaram a oportunidade de explorar a rota e se associaram a traficantes do Equador.
Amauri Chamorro é consultor político no Equador. Ele explica a atuação dos cartéis mexicanos no país.
“Eu diria que é uma guerra mexicana no Equador. Então, os grupos respondem cada um a um cartel, e o que eles estão tentando dominar o território para a saída da cocaína, mas também dominar os mecanismos de lavagem de dinheiro. A economia equatoriana é dolarizada, então é mais fácil lavarem o dinheiro do narcotráfico que vem dos Estados Unidos, lavar no Equador, do que lavar na Colômbia, por exemplo”, explica o especialista em estratégia política.
De 2015 a 2019, a taxa de homicídio do país se manteve baixa – bem menor que a do Brasil. A partir de 2020, quando foram registrados quase 8 homicídios por 100 mil habitantes, os números começaram a praticamente dobrar a cada ano. Em 2021, a taxa subiu para 13,7. Saltou para 25 no ano seguinte, até chegar a 46,5 em 2023.
Taxa de assassinatos por 100 mil habitantes no Equador
Jornal Nacional/ Reprodução
No Brasil, a taxa de homicídios caiu até 2020 e permaneceu em 20 por 100 mil habitantes em 2022.
“Você pode ser uma grande empresa que precisa entregar os seus produtos, ou você pode ser um vendedor de sorvete em uma esquina do país. Você precisa pagar esses grupos criminais uma cota daquilo que você fatura para você poder trabalhar. E caso você não cumpra com aquilo, você pode ser sequestrado e inclusive assassinado”, afirma Amauri Chamorro.
Ao longo dos anos, a capacidade do Equador de combater o narcotráfico foi se deteriorando. Em 2009, o ex-presidente Rafael Correa reduziu a colaboração com a Agência Americana de Combate às Drogas e fechou uma base militar dos Estados Unidos no país. O sucessor, Lenin Moreno, acabou com o Ministério da Justiça, o que levou o governo a perder o controle sobre os presídios – que passaram a ser dominados pelo narcotráfico.
O presidente seguinte, Guilhermo Lasso, sofreu um processo de impeachment, que começou com denúncias de que o cunhado dele teria ligações com corrupção e narcotráfico. Lasso dissolveu a Assembleia Nacional e antecipou as eleições.
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Agora, o presidente Daniel Noboa pretende recriar o Ministério da Justiça e a instaurar tribunais especiais para investigar e julgar traficantes.
O cientista político Will Freeman afirma que o combate à corrupção é fundamental para enfraquecer os criminosos.
“Em nenhum lugar do mundo o crime organizado cresce sem algum grau de proteção do Estado. O Equador não é uma exceção”, diz Freeman.
Para Amauri Chamorro, o caminho para tirar o Equador da crise passa pela cooperação internacional.
“A única forma de você conseguir combater é uma união entre todos os países que são produtores e distribuidores dessa cocaína, da droga, com os Estados Unidos e com a Europa, que são os grandes consumidores”, afirma.
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