Aos 74 anos, Maria Alcina ganha filme documentário sobre a vida dela: ‘Eu não sabia e não lembrava que tinha feito tanta coisa’

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Mineira de Cataguases, multiartista terá a vida retratada em ‘Maria Alcina, alegria Brasil’ com lançamento previsto para 2024. Maria Alcina
Mateus Capelo/Divulgação
Uma explosão de cor, personagens, artes, vozes e talento. O que é Maria Alcina nos palcos? Difícil descrever, mas fácil recordar, como a primeira vez em que “Fio Maravilha” foi interpretada, logo na sétima e última edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
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Ela é uma artista que circula em diferentes meios, tanto por interpretar tão distintos compositores, de diferentes épocas e gêneros, como por performances sonoras, cênicas e visuais. Por toda essa história, Maria Alcina vai ser retratada em um filme documentário: “Maria Alcina, alegria Brasil”. O lançamento está previsto para 2024.
Biográfico, o filme retratará fases da vida cantora, que é natural de Cataguases, na Zona da Mata mineira, onde passou a infância e parte da adolescência.
O g1 conversou com a multiartista e também com a diretora responsável pelo longa-metragem.
História de filme
Maria Alcina e a cineasta Elizabete Martins Campos durante sessão de fotos
iT Filmes/Divulgação
A ideia inicial do documentário surgiu a partir de uma reportagem em 2004, quando a cineasta Elizabete Martins esteve em Cataguases e pensou em fazer uma matéria com a Alcina, ainda quando trabalhava como jornalista. Apesar de não ter conseguido, ela diz que viu na história da artista uma boa trama para um filme.
A cineasta responsável pela obra já foi premiada no filme de 2018 “My name is now, Elza Soares”, o primeiro da trilogia inspirada no Brasil, que vem desenvolvendo com personagens cantoras da música brasileira.
Em 2016, após terminar um longa com a Elza Soares, a Elizabete esteve em uma conversa com membros do Polo Audiovisual da Zona da Mata e falou sobre a necessidade de representar Maria Alcina.
Foi no primeiro encontro “cara a cara” de Elizabete com a artista que saiu o OK para o filme, após uma reunião em São Paulo.
Maria Alcina diz que ficou surpresa e muito feliz com o convite. Mesmo na pandemia, a ideia não enfraqueceu e foram realizados mais estudos para prosseguir com o filme.
Outros encontros foram realizados, entre eles na cidade natal, Cataguases, onde Maria Alcina mostrou locais marcantes da vida cultural dela na cidade, além de fazer outros estudos para a obra.
“Eu não sabia e não lembrava que tinha feito tanta coisa. Está sendo um momento maravilhoso, uma nova vida, porque vai para a tela. Não tenho nem ideia do que vai acontecer”, disse Maria Alcina.
A diretora engatou e disse que são 51 anos de carreira oficial, fora outros que não são contabilizados pela cantora, mas que tinha arte envolvida:
“Uma criança já com talento. Mas oficialmente, foi a partir do Festival da Canção, como você conta”, completou Elizabete se dirigindo à Alcina.
O município mineiro é famoso pelas obras de cinema, eternizado por Humberto Mauro, um dos precursores da arte no país. Para representar Maria, as pesquisas com as filmagens foram realizadas no Polo Audiovisual da Zona da Mata, parceiro do projeto, e também nas ruas do município.
“Ela traz essa força artística completa, da efervescente arte de Cataguases. É como se ela reunisse tudo em um corpo e uma voz. É um filme sobre Maria Alcina, sobre Cataguases e a Arte e Cultura brasileira”, disse a cineasta.
De Cataguases para o mundo
Maria Alcina em homenagem ao Luiz Gonzaga
Vinícius Campos/ Divulgação
Maria Alcina enfatizou a importância de ter aulas de música nas escolas, algo que fez diferença na trajetória dela. A partir do primeiro contato, ela entrou em coral da igreja, grupos de músicas e outros, inclusive teatro.
A artista revelou que uma das principais referências dela vem de Hollywood, através de um primo que estava sempre a atualizando sobre as principais novidades desse mundo encantador e belo, que, diz ela, mexia com o imaginário.
E foi aos aos 17 anos que Maria Alcina viu a oportunidade de buscar o sucesso em uma cidade grande como o Rio de Janeiro. O primeiro trabalho foi gravar a trilha sonora do filme “O anunciador: o homem das tormentas”.
A partir dali, Alcina foi cantar na boate “Number One”, onde brilhou por 6 meses. A trajetória foi ganhando grandes capítulos, como quando ela substituiu Leila Diniz que havia torcido o pé e não pode se apresentar na peça em cartaz: “Vem de ré”.
“Eu entrei e cantei”. Na peça estava, por exemplo, Chico Buarque.
Nessas procuras, após a inesquecível noite no teatro, Solano Ribeiro queria lançar a Maria no Festival Internacional da Canção em 1972, no Maracanãnzinho. Para isso, pediu que Jorge Ben Jor fizesse uma música para ela.
Assim foi feito, Jorge escreveu ‘Fio Maravilha” em homenagem ao gol emblemático de João Batista de Sales que deu vitória ao Flamengo sobre o Benfica no Torneio Internacional do Rio em 1972. A canção foi a vencedora do festival, interpretada por Maria Alcina, que a partir dali tinha o nome gravado em todo o Brasil.
Nas apresentações seguintes, muito se falou sobre o estilo de Alcina em cima dos palcos, sempre muito colorida, desprezava as vestes específicas “gêneros” e fazia verdadeiras performances. Apesar de não aparentar, ela diz que isso já a deixou desconfortável.
Ela diz que já chorou na frente do espelho por não se reconhecer, até entender que aquela era Maria Alcina, a artista que subia aos palcos, não a menina que vinha de Cataguases com um sonho.
Concurso para músicos
Para os músicos e compositores da Zona da Mata, há uma grande oportunidade para participar do filme. Estão abertas inscrições para o Concurso de Composição para Cinema para o longa sobre vida e obra de Maria Alcina. Faça a inscrição até 19 de maio, pelo site da iT Filmes, responsável pelo longa.
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*estagiário sob supervisão de Fabiano Rodrigues.
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