
Projeto apresentado pela prefeitura de Campinas, nesta quarta (26), prevê a criação de 200 áreas do tipo na metrópole. Protótipo para criação de microflorestas foi implementado em rotatória em frente à Lagoa do Taquaral.
Gustavo Biano | EPTV
Aglomerados de árvores, mais densos que a arborização urbana e o plantio de reflorestamento convencionais. Essas são as microflorestas urbanas, que criam um ecossitema florestal mesmo em espaços pequenos, como praças e rotatórias.
Segundo Peter Groenendyk, professor de Ecologia de Florestas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse tipo vegetação pode reduzir em até quase 5ºC a temperatura em ambiente urbanos. “Num dia que está fazendo um calor de 30 graus ou 35, é uma diferença perceptível”, afirma.
Um projeto apresentado pela prefeitura de Campinas (SP), na tarde desta quarta-feira (26), prevê a criação de 200 microflorestas urbanas na metrópole. O tamanho das áreas pode variar entre 200 m² e 1.000 m².
Groenendyk explica que a diferença da sensação térmica em ambientes urbanos e áreas de vegetação acontece, principalmente, porque as plantas ajudam a reduzir a incidência do sol em estruturas que absorvem calor.
“Os edifícios, os prédios e, por exemplo, o asfalto são estruturas que absorvem calor, como se fossem baterias que guardam esse calor e depois, à noite, voltam a emitir”, diz o professor. “Uma árvore reduz, em média, a temperatura em 3,8 ºC. Quando é um parque, ou uma florestinha um pouco maior, é 4,9 ºC”, afirma.
A diferença pode ser ainda maior quando se mede a temperatura do asfalto. “O asfalto onde não tem uma árvore, ele pode estar até 10 graus mais quente que o asfalto embaixo do sombramento de uma árvore”, explica o professor.
As microflorestas ajudam a reduzir a poluição do ar porque as árvores funcionam como captadoras de carbono, absorvendo dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e diminuindo o aquecimento global.
Além disso, também podem contribuir para a diminuição de ruídos nas cidades, a chamada poluição sonora.
“Tem a ver com ter diversidade de estruturas a mais na paisagem. Quando você está em uma sala vazia, que não tem nenhum móvel, fica um eco. Mas quando você coloca coisas na sala, enche de pessoas, põe cortinas e móveis, o som é aborvido por essas estruturas. Ele não é mais refletido pelas paredes lisas, que na cidade está cheio disso, né?” , explica Groenendyk.
Segundo a prefeitura de Campinas, a criação das microflorestas será priorizada em regiões com maior risco de ilhas de calor, levantadas pela Secretaria do Clima (Seclimas) e pela palataforma UrbVerde. Confira abaixo:
Campo Grande
Ouro Verde
Nova Aparecida
Barão Geraldo
Sousas
Joaquim Egídio
Vila Costa e Silva
Vila Miguel Vicente Cury
Jardim Santa Mônica,
Vila Padre Anchieta
Já se sabia que as regiões do Campo Grande e do Ouro Verde eram deficientes em vegetação, de acordo com o secretário de Serviços Urbanos Ernesto Paulella. Porém, o estudo apontou a existência de ilhas de calor em áreas arborizadas, como Sousas, que é uma Área de Proteção Ambiental.
“Muito provavelmente se deve a uma questão de impermeabilização de solo, ou seja, asfalto em todas as ruas… as pessoas perderam o costume do jardim na casa, pavimenta tudo, cimenta tudo, e aí cria-se, então, essa ilha de calor”, diz o secretário.
Para Groenendyk, outro benefício das microflorestas é o aumento da biodiversidade.
“Atrai pássaros, nas árvores crescem outras plantas, atraem bichinhos… Tem menos função direta ‘pra’ gente, mas ‘pra’ natureza tem bastante função”, avalia o professor.
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