Maria de Deus Fernandes Crateus era do Maranhão; corpo foi sepultado nesta segunda-feira (23),em Brasília. Segundo ANTT, antes do acidente, empresa Iristur havia sido autuada cinco vezes por ‘não conformidade com as normas do transporte de passageiros interestadual e de trânsito’. Vítima de ônibus que tombou no DF mandou áudio para a família pouco antes de morrer
Uma das cinco pessoas que morreram após um ônibus de turismo tombar na BR-070, em Ceilândia, foi sepultada nesta segunda-feira (23), no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, em Brasília. Maria de Deus Fernandes Crateus, de 64 anos, morava no Maranhão e vinha visitar a família em Brasília.Clique aqui para seguir o novo canal do g1 no WhatsApp.
Pouco antes do acidente, Maria de Deus mandou áudios para a família contando sobre a fiscalização e avisando que já estava chegando no destino.
“A polícia parou o ônibus e pediu o documento de todo mundo. Já estamos chegando aí (…) Até daqui a pouco”, disse a aposentada em mensagem enviada ao genro (veja vídeo acima).
O acidente ocorreu no sábado (21), quando o motorista do ônibus, que estava em situação irregular, tentou fugir da fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo a ANTT, antes do acidente, empresa Iristur já havia sido autuada cinco vezes por “não conformidade com as normas do transporte de passageiros interestadual e de trânsito”.
Maria vinha visitar as filhas no DF
Maria de Deus Fernandes Crateus foi uma das vítimas que morreram após ônibus de viagem tombar no DF
Arquivo pessoal
O genro de Maria de Deus, Lorival, conta que a aposentada vinha ao Distrito Federal todos os anos visitar as filhas, sempre de ônibus. Era ele quem a buscaria na rodoviária.
“O último áudio que ela me mandou foi 17h40, que ela saiu de Águas Lindas com destino a Rodoviária de Taguatinga. Naquele intervalo, ali, foi a última vez que a gente, que eu consegui falar com ela. Ali era uma despedida que ela estava fazendo para a gente”, diz Lorival.
Para o genro de Maria de Deus, o crime não pode ficar impune. “A gente pede justiça, que seja feita para todas as pessoas que foram mortas”.
Os advogados da empresa de ônibus disseram que não vão se pronunciar.
Ônibus era clandestino
Ônibus tomba na BR-070, em Ceilândia, no DF
Reprodução
De acordo com a ANTT, antes do acidente de sábado, a Iristur Transportes e Turismo LTDA já havia sido autuada cinco vezes por não conformidade com as normas do transporte de passageiros interestadual e de trânsito, totalizando R$ 10.500,48 em multas aplicadas. O ônibus envolvido no acidente havia sido apreendido em uma ocasião anterior.
“Com o flagrante do último sábado, foram registradas outras três autuações contra a empresa totalizando mais R$ 16.713,72”, informou a agência em nota.
O ônibus saiu da cidade de Coelho Neto, no Maranhão, na tarde de sexta-feira (20), com destino ao DF. Um percurso de pouco mais de 1,8 mil quilômetros.
O veículo era clandestino, não tinha autorização para transportar passageiros. O que só foi constatado quando o motorista foi parado no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na tarde de sábado, na BR-070.
A partir dali, o ônibus passou a ser escoltado por uma viatura da ANTT. Os passageiros seriam deixados no terminal rodoviário de Taguatinga e o ônibus seria apreendido.
Mas, na altura da M Norte, o motorista tentou fugir da fiscalização (veja vídeo abaixo). Em seguida o ônibus tombou.
Motorista de ônibus de viagem tenta fugir da fiscalização antes de veículo tombar no DF
No ônibus estavam 32 passageiros e dois motoristas. Cinco pessoas morreram e 17 ficaram feridas.
Segundo a Polícia Civil, os cinco mortos são:
Cláudia Maria Moreira, 49 anos
Maria Eliete Gomes da Silva, 57 anos
João Freire de Souza, 57 anos
Maria de Deus Fernandes Crateus, 64 anos
Francisco Ferreira da Silva, 71 anos
Justiça mantém prisão dos suspeitos
Ônibus tomba em Ceilândia, no DF
Reprodução
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) decidiu manter, nesta segunda, a prisão do motorista e do dono da empresa responsável pelo ônibus. Alexandre Henriques Camelo, de 56 anos, e o motorista, Felipe Alexandre Gonçalves Henriques, de 32 anos, são pai e filho, e foram presos em flagrante ainda no sábado.
Os dois passaram por audiência de custódia na manhã desta segunda-feira e o TJDFT converteu as prisões para preventivas. Segundo a Polícia Civil, os dois devem responder por homicídio qualificado e lesão corporal.
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