União Europeia está ‘aberta para negócios’, diz Von der Leyen em Davos

A União Europeia está “aberta para negócios” e busca parcerias globais, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça-feira (21), enquanto o mundo acompanha as primeiras ações do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conhecido por seu posicionamento protecionista em relação ao comércio internacional.

“Europa buscará cooperação, não apenas com amigos de longa data que compartilham valores semelhantes, mas com qualquer país com quem tenhamos interesses em comum”, disse Von der Leyen durante discurso oficial no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça.

Ela ressaltou que, em desafios como as mudanças climáticas e a inteligência artificial, a colaboração entre países é essencial, mesmo diante de uma “competição acirrada”.

“Nossa mensagem ao mundo é simples: se houver benefícios mútuos à vista, estamos prontos para dialogar. Se você deseja aprimorar suas indústrias de tecnologia limpa ou modernizar sua infraestrutura digital, a Europa está aberta para negócios”, afirmou a líder europeia.

Há interesse global em parcerias com a União Europeia, diz Von der Leyen

Von der Leyen destacou ainda que há um crescente interesse global em parcerias com a União Europeia, citando acordos recentes do bloco com Suíça, México e o Mercosul, bloco comercial sul-americano.

Segundo ela, a Europa pretende ampliar a cooperação com países abertos ao diálogo, incluindo os Estados Unidos. Von der Leyen ressaltou a integração econômica entre as duas potências, lembrando que muitas empresas europeias empregam trabalhadores americanos e que há cadeias de suprimento e comércio mútuo robustos entre os dois lados.

“Muito está em jogo para ambas as partes”, disse. “Nossa prioridade será dialogar desde o início, discutir interesses comuns e estar prontos para negociar. Seremos pragmáticos, mas sempre defenderemos nossos princípios, protegeremos nossos interesses e sustentaremos nossos valores — porque esse é o jeito europeu.”

Relação com os EUA sob pressão

Apesar da busca por cooperação, o futuro das relações comerciais entre a União Europeia e seu tradicional aliado Washington está sob escrutínio. Trump já ameaçou impor tarifas sobre produtos europeus, o que pode ter impacto significativo nas economias do bloco.

“Embora alguns na Europa possam não gostar dessa nova realidade, estamos prontos para enfrentá-la”, disse Von der Leyen.

O chanceler alemão Olaf Scholz, por sua vez, reforçou que os Estados Unidos continuam sendo o aliado mais próximo da Alemanha fora da Europa. Ele destacou que fará tudo ao seu alcance para manter essa relação.

Durante seu discurso em Davos, Scholz afirmou que preservar a parceria entre EUA e Alemanha é do interesse mútuo dos dois países e indispensável para a paz e segurança global. Ele descreveu os primeiros diálogos com Trump como “bons”, mas reconheceu que o governo americano “manterá o mundo em suspense” em diversas áreas políticas.

“Estamos preparados para lidar com isso sem indignação exagerada, mas também sem fingir concordância ou dizer apenas o que eles querem ouvir”, declarou Scholz.

Relação com a China

Von der Leyen também abordou a relação da União Europeia com a China, a segunda maior economia do mundo, com quem o bloco tem enfrentado atritos comerciais, como tarifas e investigações de práticas de dumping.

“2025 marcará 50 anos de relações diplomáticas entre nossa União e a China. Vejo isso como uma oportunidade para engajar, aprofundar nosso relacionamento e, onde possível, expandir nossas trocas comerciais e investimentos. É hora de buscar uma relação mais equilibrada com a China”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.

Entre os recentes conflitos comerciais, o bloco europeu impôs tarifas sobre veículos elétricos chineses, enquanto Pequim iniciou uma investigação sobre supostas práticas de dumping em exportações de conhaque da União Europeia. Além disso, a China também tem sido alvo de ameaças comerciais por parte do governo Trump.

Von der Leyen enfatizou que a UE continuará buscando benefícios mútuos em suas negociações, seja com os Estados Unidos, a China ou outros parceiros globais, como parte de uma estratégia que combina pragmatismo e a defesa de valores fundamentais.

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