Campeonatos estaduais são ‘fardos’ no calendário do futebol brasileiro

O futebol brasileiro sofre com um calendário que desafia a lógica. Entre a base e o profissional, surgiu uma categoria não oficial: o “time do estadual”.

Botafogo jogou com time de garotos na estreia do Carioca e perdeu – Foto: Vítor Silva/BFR/ND

Esse Frankenstein tático e físico existe para encher estádios e equilibrar contas, mas sacrifica o espetáculo, a integridade dos atletas e o futuro do esporte.

Com estaduais comprimidos em dois meses, clubes grandes montam elencos paralelos com jogadores fora de forma, mas que atendem ao mínimo exigido.

Para os técnicos, o desafio é cruel: obter resultados em uma pré-temporada apressada e, ao mesmo tempo, preparar o elenco para competições mais importantes.

Impacto no futebol do Avaí

O impacto vai além do presente. O Avaí, na última Copa São Paulo, é um exemplo disso. Enquanto a Copinha deveria revelar talentos, alguns atletas ficaram em Florianópolis para compor o elenco no estadual, forçando o clube a recorrer ao sub-15 e ao sub-17. O resultado foi uma participação abaixo do esperado na maior vitrine da base no Brasil.

Avaí foi eliminado ainda na primeira fase do principal campeonato de futebol de base do Brasil

Avaí foi eliminado da Copinha ainda na primeira fase – Foto: Vivi Marques/Avaí F.C.

Esse atropelo não afeta apenas os clubes, mas o futebol nacional. Com elencos enfraquecidos e jogos de baixa qualidade, o público se afasta.

Estaduais que antes lotavam estádios se tornaram fardos obsoletos, sem retorno esportivo ou financeiro relevante. Se queremos preservar o esporte, é urgente repensar o calendário, priorizar a base e valorizar o torcedor. Caso contrário, estaremos destruindo uma paixão nacional e transformando um patrimônio cultural em um espetáculo vazio.

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