Infraestrutura é fator-chave para a competitividade da indústria paranaense


Fiep mobiliza diferentes atores na busca por um planejamento em longo prazo que elimine os gargalos logísticos do estado. Quarto principal polo fabril do país, o Paraná vem observando ano a ano um crescimento expressivo de seu parque industrial, que tem potencial para se desenvolver ainda mais. Para que essa expectativa de permanente evolução se sustente em longo prazo, um fator é fundamental: os investimentos em infraestrutura e logística precisam acompanhar o crescimento do setor produtivo. Por isso, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio de seu Conselho Temático de Infraestrutura, trabalha ativamente para mobilizar diferentes atores na busca por soluções e por um planejamento em longo prazo que elimine os gargalos logísticos do estado.
“Uma infraestrutura insuficiente e ineficiente representa, principalmente, custos mais altos e menor previsibilidade sobre o tempo de entrega das cargas”, explica o presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos. “Esses são fatores que impactam de maneira direta na competitividade dos produtos paranaenses, especialmente para os exportadores, que em geral disputam mercados com concorrentes de várias partes do mundo e que, em geral, dispõem de melhores condições logísticas”, completa.
Prejuízo bilionário
Um levantamento realizado pela Fiep mostrou que as deficiências e ineficiências na infraestrutura de transporte geram um prejuízo bilionário a cada ano. Segundo os cálculos da entidade, atualmente o produtor paranaense gasta cerca de US$ 97 para exportar uma carga de 1 tonelada para a Ásia – um dos principais mercados dos produtos paranaenses. Desse valor, 62% se referem ao custo logístico interno, para levar essa carga do interior até os portos, enquanto os outros 38% são do transporte do porto até a Ásia.
Nas projeções, caso o Paraná possuísse uma logística de transporte intermodal eficiente, os custos para exportar essa mesma carga cairia para US$ 82. Levando-se em conta o montante total exportado pelo Paraná via Porto de Paranaguá em 2023, a economia gerada por essa melhoria na infraestrutura poderia chegar a aproximadamente R$ 1,6 bilhão ao ano. A solução passa por melhorias nos diferentes modais de transportes: rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Rodovias
Está em andamento no Paraná, atualmente, o maior programa de concessão de rodovias do país, que abrange cerca de 3,3 mil quilômetros de estradas. No total, somando os seis lotes de concessão, o investimento em obras previsto nas estradas paranaenses pode ultrapassar os R$ 50 bilhões. A Fiep entende que, caso seja executado em sua totalidade, o programa tem condições de melhorar significativamente a eficiência logística do Paraná, ampliando a capacidade e aumentando a segurança nas rodovias, o que se reflete em mais competitividade para as empresas instaladas no estado e mais oportunidades para atração de novos investimentos.
Há uma preocupação, porém, em relação aos valores das tarifas, para que não impactem expressivamente nos custos logísticos para as empresas paranaenses. Além disso, é fundamental que o cronograma de projetos estabelecido nos contratos seja efetivamente cumprido, com as obras sendo executadas dentro dos prazos previstos. Para isso, a Fiep, em parceria com outras entidades, já vem acompanhando de perto a execução dos contratos.
Ferrovias
Uma das principais formas para aumentar a eficiência logística do Paraná e a competitividade da indústria e do setor produtivo como um todo é o investimento em ferrovias. Em todo o mundo, a malha ferroviária é um dos meios mais competitivos, baratos e com menos impactos ambientais para o escoamento da produção.
O Paraná, porém, convive com problemas operacionais e poucos investimentos nessa área. Atualmente, menos de 20% de todas as cargas que chegam ao Porto de Paranaguá são transportados por ferrovias. Para a Fiep, o estado precisa urgentemente planejar o futuro de seu modal ferroviário. A proximidade do fim do contrato de concessão da Malha Sul, somada com as discussões sobre o futuro da Ferroeste, cria uma oportunidade única para debater com seriedade os investimentos necessários não somente no Paraná, mas também em estados vizinhos que utilizam essa malha.
Portos
O Porto de Paranaguá é um dos mais movimentados e eficientes do país. Novos investimentos que estão sendo realizados ou já previstos devem ampliar ainda mais sua capacidade nos próximos anos. Porém, as projeções de crescimento do setor produtivo paranaense indicam que a infraestrutura portuária do estado precisa ser ampliada. Atualmente, muitas indústrias e cooperativas que exportam sua produção já têm escoado parte de suas cargas por portos de outros estados, especialmente de Santa Catarina.
A Fiep defende que uma das principais soluções é agilizar a construção dos Terminais de Uso Privado (TUPs) previstos para o litoral paranaense. São projetos que aguardam há anos a liberação de licenças ambientais, sem que possam sair do papel. Além disso, é fundamental executar o projeto de aumento do calado do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá. Essa obra, que está em fase final de estudos, permitirá acesso ao porto de navios de grande porte operados nos maiores terminais do mundo.
Aeroportos
Em 2021, quatro dos principais aeroportos paranaenses foram concedidos à iniciativa privada, dentro do chamado Bloco Sul: Afonso Pena, Bacacheri, Londrina e Foz do Iguaçu. Esses terminais, que são responsáveis por quase 90% da malha aérea do estado.
A principal obra prevista no contrato de concessão é a construção de uma nova pista, com extensão de 3 mil metros, no Aeroporto Internacional Afonso Pena, que possibilitaria a realização de voos diretos de Curitiba para a Europa e América do Norte. A previsão é que o projeto fique pronto até o final de 2026. A Fiep considera essa obra essencial para ampliar o transporte direto de cargas e passageiros para essas regiões, tornando o Paraná ainda mais atrativo para investimentos estrangeiros.
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