Acusado de golpe ao comprar antigo carro de Ferreirinha, do São Paulo FC, alega mal-entendido


Aldemir Ferreira, o ‘Ferreirinha’, afirma ter vendido a Land Rover avaliada em R$ 470 mil após assinar com o São Paulo Futebol Clube. Carro que já foi de atacante do SPFC (à esq.) virou caso de polícia
Polícia Civil e Redes Sociais
O advogado do empresário Victor Shimada, de 39 anos, acusado de golpe na compra de uma Land Rover, alega que o cliente foi “surpreendido” com a repercussão do caso. Segundo ele, um “parceiro de negócios” assumiu o pagamento do automóvel, avaliado em R$ 470 mil, para quitar uma dívida. O veículo já pertenceu ao atacante Aldemir Ferreira, o Ferreirinha, do São Paulo Futebol Clube.
Agentes do 3° Distrito Policial (DP) de Praia Grande, no litoral de São Paulo, localizaram a Land Rover na garagem de um condomínio na Rua José Carlos Pacce, no bairro Vila Caiçara. O automóvel estava em posse de um empresário da cidade (veja mais adiante como o carro chegou até ele).
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Ao g1, o comerciante Raphael Waideman, de 39, afirmou ter registrado um boletim de ocorrência (BO) após vender o carro para Shimada. Ele disse que o comprador deixou o país rumo a El Salvador, na América Central, sem pagar.
O advogado Rodrigo Staut, por sua vez, disse que Shimada está fora do Brasil a trabalho, não para fugir do país. Segundo ele, o cliente é empresário no ramo de trading [compra e venda de ativos financeiros em um curto período de tempo] e também atua no exterior.
De acordo com advogado, o cliente foi “surpreendido” com a acusação de golpe porque não sabia que o carro ainda não havia sido pago. Slaut pontuou que, apesar disso, era de conhecimento do comerciante Raphael Waideman que a responsabilidade do pagamento da Land Rover seria de um amigo deles, um terceiro envolvido, que tinha uma dívida com Shimada.
“Houve algum mal-entendido entre os dois [Waideman e o amigo que assumiu o pagamento do carro]”, afirmou. “Isso trouxe um abalo para ele [Shimada] perante a família, os amigos e os contatos de negócio que ele tem”, completou o advogado.
No entanto, Rodrigo Slaut afirmou que o problema foi resolvido com a transferência de um imóvel para o nome de Waideman na sexta-feira (1º). O advogado alegou que a transação foi realizada pelo ‘parceiro de negócios’, amigo de Shimada e responsável pelo pagamento do carro.
Entenda, passo a passo, como o carro chegou até o empresário, segundo Waideman e o advogado de Shimada:
Em fevereiro deste ano, o jogador Ferreirinha procurou o vendedor de automóveis Raphael Waideman e deixou a Land Rover, avaliada em R$ 470 mil, em consignação [para a loja vender] na troca por uma Porsche;

No mesmo mês, Waideman acordou a venda da Land Rover de Ferreirinha com o Victor Shimada, com quem já tinha feito negócios;

Segundo Weideman, Shimada ficou com o veículo em um acordo verbal. Ele afirmou que o empresário se comprometeu a pagar os R$ 470 mil em depósitos semanais de R$ 20 a R$ 30 mil;

Por outro lado, o advogado alegou que Weideman sabia que o pagamento seria feito por uma terceira pessoa, que tinha uma dívida com Shimada;

As duas partes envolvidas afirmaram ao g1 que a Land Rover permaneceu em nome de Ferreirinha para facilitar a transação do veículo para o comprador;

Waideman contou ter percebido em outubro que o suspeito não estava mais pagando as parcelas, e recebeu a informação de que ele havia falido e fugido para El Salvador;

Durante as buscas pela Land Rover, que tem rastreador, o comerciante chegou a um empresário em Praia Grande que informou ter recebido o automóvel de Shimada como parte do pagamento de um imóvel;

Ainda segundo Waideman, este empresário vendeu o veículo para um sócio, que repassou a Land Rover para um construtor de Praia Grande como parte do pagamento de um terreno;

Diante da situação, Waideman informou ter solicitado a Ferreirinha uma procuração sobre o automóvel para registrar um BO na Polícia Civil, onde o caso é investigado como estelionato;

Policiais do 3° Distrito Policial (DP) de Praia Grande localizaram a Land Rover na garagem de um condomínio na Rua José Carlos Pacce, no bairro Vila Caiçara, na terça-feira (29);

O empresário encontrado pela polícia com o automóvel, por sua vez, confirmou ter recebido o carro como parte do pagamento por um terreno. Ele acrescentou que o negócio foi fechado em maio e que a documentação do veículo foi regularizada em nome da própria construtora;

De acordo com o advogado Rodrigo Staut, o problema foi resolvido com a transferência de um imóvel para o nome de Waideman. Ele alegou que a transação foi realizada pelo ‘parceiro de negócios’, que se comprometeu a pagar o carro para quitar uma dívida.
Acusação
O advogado Rodrigo Slaut, que representa Shimada, ressaltou que estuda as medidas cabíveis contra Raphael Waideman sobre a acusação de estelionato.
“Uma das empresas do Victor [Shimada] tem um capital social de R$ 30 milhões. Qual é a lógica dele fugir do Brasil por causa de um carro que não vale nem meio milhão? Um negócio completamente absurdo”, destacou o advogado.
Comerciante Raphael Waideman com atacante do SPFC Aldemir Ferreira, o ‘Ferreirinha’
Redes Sociais e Arquivo Pessoal
Antigo carro de Ferreirinha
Em nota, a assessoria de Ferreirinha afirmou que o atleta decidiu vender a Land Rover no início da temporada, quando foi contratado pelo São Paulo FC. Segundo o comunicado, ele procurou a empresa RW Consultor de Negócios LTDA, que pertence a Waideman e fez a “quitação integral do valor”.
Ao g1, Waideman contou que vende carros de luxo para jogadores de futebol há aproximadamente 10 anos. Ele disse ter sido procurado por Ferreirinha e repassado a Land Rover em troca de uma Porsche para o atacante. O negócio, segundo ele, foi firmado em fevereiro deste ano.
De acordo com o comerciante, uma vez que o suspeito se apresentou como um possível comprador da Land Rover, ele sequer transferiu o automóvel para a própria empresa, a RW Consultor de Negócios LTDA. Desta forma, o veículo continuou no nome de Ferreirinha, ainda segundo Waideman.
Procurado pela equipe de reportagem, o São Paulo Futebol Clube informou que não tem conhecimento sobre o caso, mas que se trata de uma questão pessoal a ser respondida pela assessoria do jogador.
Comerciante alega golpe
Waideman disse à Polícia Civil que um contrato verbal foi realizado entre ele e o golpista, que se comprometeu a pagar R$ 470 mil pelo veículo, com depósitos semanais entre R$ 20 a R$ 30 mil. Ele afirmou também que esta não foi a primeira vez em que negociou veículos com o suspeito.
O comerciante acrescentou à corporação que, após o acordo verbal, foi informado sobre o comprador ter fugido do Brasil por estar “quebrado” financeiramente. O caso foi registrado como estelionato junto à Polícia Civil em 22 de outubro.
Ao g1, Waideman alegou que, apesar de ter solicitado a transferência, por questões “burocráticas do cartório”, o carro ainda constava no nome de Ferreirinha. Ele ressaltou, porém, que é o dono do veículo, tendo solicitado ao atleta uma procuração para que pudesse registrar o BO na delegacia.
“Meus advogados entraram em contato [com a polícia]”, disse o comerciante. “Agora a gente vai ter que entrar judicialmente para ver quem está certo e quem está errado. O carro está bloqueado como fiel depositário [atribuição dada a alguém para guardar um bem durante um processo judicial]”.
Segundo a Polícia Civil, o veículo “permanecerá com o atual possuidor [o empresário de Praia Grande] até resolução judicial”. O caso foi registrado como estelionato no 44° DP de Guaianazes, com acréscimo das tipificações de “localização, apreensão e entrega” no 3° DP de Praia Grande.
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