Fresno fala sobre ‘rejeição’ do emo no início da banda: ‘A vulnerabilidade não era uma coisa esperada’


Lucas Silveira e Thiago Guerra foram entrevistados do g1 Ouviu, podcast e videocast do g1. ‘Eu vou na terapia para fazer música’, brincou Lucas, sobre os temas das músicas da Fresno. Thiago Guerra e Lucas Silveira, da Fresno, são entrevistados no g1 Ouviu, no estúdio do g1 em São Paulo
Fábio Tito/g1
Lucas Silveira e Thiago Guerra, da banda Fresno, foram os entrevistados do g1 Ouviu, o podcast e videocast de música do g1, nesta terça-feira (29). Os músicos comentaram sobre a trajetória do Fresno, banda tem 25 anos de história e, para eles, está em seu melhor momento.
“A gente sentia que não era aquele negócio tipo ‘O Brasil inteiro te ama’. Hoje eu sinto muito mais isso”, contou Lucas.
Para eles, a banda gerou um choque geracional na época de seu surgimento e isso tinha a ver, inclusive, com o público que o emo atraía. “Dentro do rock, o emo foi o movimento foi mais ligado ao movimento LGBTQIA+. Então rolou uma homofobia”, refletiu o vocalista, que lembrou também que os “emos” eram hostilizados sobretudo na internet.
“Diminuiu bastante porque o mundo não tem mais espaço pra isso”, completou Guerra.
Saúde mental
A Fresno ficou conhecida por músicas melancólicas, que falavam sobre saúde mental, tristeza e outros assuntos “difíceis”. Lucas contou que esses tópicos eram “bem tabu” no Brasil.
“O rock era coisa de autoafirmação, alegre. A vulnerabilidade não era uma coisa esperada naquele momento, de uma banda de rock de homens”, disse.
O vocalista também refletiu sobre músicas como “Velha História”, que falam abertamente sobre suicídio. “Existia, dentro do próprio emo, muita glorificação do suicídio, da automutilação. A gente não glorificava, a gente não colocava um peso nas coisas. E que bom que mesmo dentro de uma coisa super melancólica, a gente procura ter uma saída”.
Maturidade nas composições
Os músicos falaram sobre a nova fase da banda, agora que os integrantes estão mais velhos e já têm tempo de estrada. “A gente tá virando [essa banda ‘mais velha’], mas eu ainda me sinto um adolescente”, brincou Guerra.
Lucas falou sobre como as composições também ganharam maturidade à medida em que eles se tornaram adultos.
“A vida vai ganhando complexidade. E quando você vê, tá escrevendo sobre como a vida tá difícil. Depois, viraram músicas sobre questionamentos filosóficos. Eu vou na terapia pra fazer música”, brincou o vocalista.
Ao longo da carreira da Fresno, a banda investiu também em outros caminhos, como a parceria “Camadas” com Chitãozinho & Xororó, lançada neste ano.
“Numa reunião, a gente falou vamos chamar alguém para cantar essa música, e como a gente tinha entre a gente que era a música mais country do disco, ‘Camadas’ tinha isso e tinha o peso lírico de uma música da Fresno. Ai mandei pro Xororó e perguntei se eles queriam gravar com a gente, e ele respondeu: ‘Óbvio'”, revelou Lucas.
Fresno no g1 Ouviu
Fábio Tito/g1
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