Acusados de manipulação em resultados partidas de futebol reclamam de ‘falta de liquidez’ para ir ‘apenas com 3 atletas’ em esquema

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Mensagens foram enviadas por Bruno Lopez, suposto chefe do esquema. Em mensagens trocadas, os acusados de envolvimento no esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol reclamam de “falta de liquidez” para seguir só com três atletas em uma aposta após um quarto poder ficar sem acesso ao celular. Assim, o pagamento para que ele realizasse alguma ação na partida que beneficiasse os jogadores não poderia ser confirmado.
Ao combinarem o envio de um pagamento via PIX para este quarto jogador, um dos acusados, Bruno Lopez, diz que o atleta já estaria “fechado” e que estava esperando o pagamento para “confirmar” o que faria na partida. A conversa do suposto líder do esquema era com outro acusado, Thiago Chambó.
Mensagem de celular mostra apostadores reclamando de falta de liquidez
Reprodução
“Tá tudo certo pro quarto jogador, viu? O quarto jogador é o mesmo que fez pra mim na semana passada, o Vitor Mendes, tá ligado? Vitor Mendes é o quarto jogador. Então ele já tá fechado já, na hora que voltar ele já dá o ok aqui, aí ele falou ‘aí cê já paga o jogador, manda o PIX pra ele e já confirma’, entendeu? Aí… vamo que vamo, marcha”, diz Lopez em mensagem de áudio.
Vitor Mendes na época da conversa jogava pelo Juventude (RS) e atualmente atua pelo Fluminense.
O g1 não obteve qual partida o esquema estava sendo preparado e nem o nome dos outros três atletas envolvidos.
Na sequência da conversa, Lopez divulga a conversa com outra pessoa, alertando que não estão conseguindo colocar valor na aposta e que, por conta disso, o atleta ficaria sem celular para confirmar o pagamento. Lopez diz seguida que “se ele não conseguir é porque não era para ser”, indicando que era melhor não usar o jogador para não “arrumar mais um custo.
Ele também reclama que “o mercado voltou sem liquidez” e que “adicionar ele [Mendes] não tá mudando a liquidez”.
“Ele tira fora hoje, já está escasso. Vamos tentar buscar lucro em cima desses”, afirma Lopez ao cortar o atleta do esquema e seguir com os que já estavam confirmados.
Em nota enviada ao g1 na quarta-feira (10), o advogado Ralph Fraga, que representa Bruno Lopez, afirmou que vai se posicionar sobre as acusações formal e processualmente no momento oportuno.
O g1 tenta contato com o jogador Vitor Mendes.
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Como a operação começou
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
Nota da defesa de Bruno Lopez na íntegra:
“De igual forma à primeira fase da operação, entendemos que, por se tratar de uma denúncia extensa, com diversos anexos oriundos dos elementos extraídos na investigação, é necessário muita cautela em qualquer comentário. Apesar de se tratarem de fatos novos, jogos diferentes daqueles que foram objeto de denúncia na primeira ação penal, o crime pelo qual Bruno se encontra acusado é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes. Como de praxe, sempre com muito respeito ao trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, as acusações serão formal e processualmente respondidas no momento oportuno.”

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