Pesquisadores da UFMG simulam em laboratório os efeitos das mudanças climáticas na agricultura

A federação que representa 700 mil produtores rurais em Minas Gerais diz que o setor agropecuário tem estratégias para reduzir impactos que possam vir com as mudanças climáticas. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais simularam em laboratório os efeitos das mudanças climáticas na agricultura.
São 15 anos de pesquisa. O professor Geraldo Fernandes e sua equipe da UFMG estudam o que pode acontecer nas lavouras daqui a uns 70 anos se o aquecimento global mantiver o ritmo de hoje.
Foi isto que reproduziram em cápsulas do tempo: um ambiente mais quente e com mais gás carbônico. Primeiro, nas estufas, cultivaram soja, milho, alecrim do campo e alguns tipos de capim. Todos tiveram dificuldade para gerar novos frutos.
“Produzir menos significa que nós teremos problemas no fornecimento de alimento para a fauna e para os seres humanos”, afirma Geraldo Fernandes, professor de Ecologia da UFMG.
Pesquisadores simularam em laboratório os efeitos das mudanças climáticas na agricultura
JN
O último experimento foi com girassol. Os resultados, de tão impactantes, foram publicados em uma revista científica internacional. Para simular o que pode acontecer no ano de 2100 nas lavouras, a partir de previsões da ONU para o clima, os pesquisadores aumentaram a temperatura em 3ºC e dobraram a quantidade de dióxido de carbono. Depois de três meses, período natural de crescimento do girassol, o caule ficou mais grosso; a muda, 30 cm mais baixa; a folha quase dobrou de tamanho; e a cor mudou bastante.
“O polinizador – no caso, por exemplo, abelha -, ele vem atraído pela cor da flor. Então, mudando a cor do girassol, vai mudar então esse grupo de polinizadores que iria visitar o girassol e não vai mais visitar”, explica Yumi Oki, pesquisadora da UFMG.
A pesquisa mostra também que pode haver uma redução preocupante na quantidade de sementes de girassol. Hoje, de cada dez sementinhas, seis já costumam ser ocas. Se a previsão climática se confirmar, em 2100, em vez de seis, nove não devem germinar, e isso pode provocar um grande desequilíbrio. Fazer faltar, por exemplo, comida para pássaros, óleo de girassol para cozinhar e para fazer biocombustível.
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A federação que representa 700 mil produtores rurais em Minas Gerais diz que o setor agropecuário tem estratégias para reduzir impactos que possam vir com as mudanças climáticas.
“A Embrapa já desenvolveu e continua desenvolvendo tecnologias no sentido de produzir tipos de plantas de interesse da agricultura que sejam resistentes, por exemplo, a veranicos, resistentes a temperaturas mais elevadas. Os nossos sistemas agropecuários têm pensado muito, tanto do ponto de vista de mitigação, redução das emissões de gases de efeito estufa, como também na pauta da adaptação”, afirma Ana Paula Mello, assessora de sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais.
O pesquisador da UFMG, faz o alerta:
“A questão de mudanças climáticas precisa ser olhada com muito mais carinho e tomar medidas agora, porque o futuro vai ser muito complicado”.

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