Campinas inicia trabalhos para extrair 75 árvores no Bosque dos Jequitibás

Processo teve início na manhã desta quinta (20), após aval de conselho estadual, e deve durar duas semanas. Prefeitura previa manejo de 111 espécies, mas número diminuiu; entenda. A Prefeitura de Campinas (SP) iniciou na manhã desta quinta-feira (20) os trabalhos de extração de árvores e exemplares arbóreos no Bosque dos Jequitibás. A EPTV, afiliada da TV Globo, acompanhou a chegada das equipes ao local. Assista acima.
O processo teve início após a administração municipal receber avais do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) e, por último, do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat). Os trabalhos devem durar ao menos duas semanas.
Inicialmente, o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) previa a extração de 111 espécies (108 árvores e mais três exemplares arbóreos), mas o número diminuiu para 75 após o contralaudo elaborado a pedido da Comissão de Arborização da Câmara de Vereadores.
“A gente vai trabalhar na remoção das árvores condenadas, correção de copas, limpeza de folhas, um trabalho de manejo geral para que a população use com segurança”, destacou o diretor do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), Luiz Cláudio Mollo.
De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos, a situação das outras 33 árvores será “reavaliada, do ponto de vista técnico, durante este período de manejo”.
“As que a gente achar que estão mais dentro do maciço e que não têm risco, tudo bem. O que a gente não pode deixar são árvores próximas às edificações, comércio, locais de caminhada. Por isso esse cuidado, para não ter mais polêmica”, complementou.
Ao todo, 1.875 árvores devem ser replantadas para cumprir a legislação e distribuídas entre o Bosque e praças na área do Ribeirão Anhumas.
Extração de árvores do Bosque dos Jequitibás, em Campinas, teve início nesta quinta (20)
Wesley Justino/EPTV
Portões fechados
O espaço está fechado desde 24 de janeiro, data em que um eucalipto caiu na Lagoa do Taquaral e provocou a morte de uma menina de 7 anos. Na ocasião, uma jovem de 27 também ficou gravemente ferida e precisou ficar dez dias internada para procedimentos cirúrgicos, antes de ser liberada.
Após a tragédia, a prefeitura fechou todos os parques e bosques para ações de vistoria, podas e extrações de plantas com objetivo de evitar novos acidentes. Desde aquela data, 23 das 25 estruturas já voltaram a receber público. Além do Bosque dos Jequitibás, o Bosque dos Artistas também segue fechado.
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Outras medidas
No início de julho, a Secretaria de Serviços Públicos informou, ainda, que as outras medidas apontadas no contralaudo serão reavaliadas durante o período de manejo das plantas. São elas:
Fechamento da denominada “trilha da figueira”, que liga a Grande Figueira na entrada do Bosque ao Museu de História Natural, e restauração da área com plantio de mudas de árvores nativas;
Eliminação das espécies exóticas na área interna do parque, dentre elas, Melia azedarach, Caryota urens, Hovenia dulcis, Ligustrum lucidum, Leucaena leucocephala, Mangifera indica, Eryobotria japonica, Syngonium podophyllum;
Realizar o manejo programado de lianas e demais trepadeiras que afetem a estrutura e o funcionamento do dossel;
Planejamento, implantação e manutenção da arborização urbana no entorno do parque, priorizando as espécies nativas de ocorrência local, de modo a minimizar os impactos do isolamento do fragmento na matriz urbana;
Desenvolver e aplicar atividades educativas permanentes, como estratégia na orientação de visitantes tanto de escolas, como do público em geral;
Desenvolver um programa de identificação e coleta da flora arbórea em Trilhas Ecológicas nos parques de Campinas visando a conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção, bem como as com potencial de uso na arborização urbana e recuperação de áreas degradadas;
Instalação de deck elevado nas proximidades de árvores como o jequitibá (sustentado por cabeamentos) e figueira, de maneira a destacar a importância desses exemplares aproximando-os da população e impedindo vandalismo e degradação/compactação do sítio, no entorno das raízes desses exemplares, criando locais de contemplação, estar e confraternização;
Instalação de dispositivos artístico de suporte nas árvores a serem preservadas, em conjunto com placas de educação ambiental destacando a importância desses exemplares na dinâmica florestal, na disponibilidade de recursos para abelhas nativas e fauna, classe sucessional e patrimônio do conforto térmico e sombreamento exercido pelo dossel florestal.
Morte de morador em 2022
O laudo usado pela Secretaria de Serviços Públicos foi produzido após a morte de um técnico em eletrônica atingido por uma figueira branca de 35 metros que caiu durante um temporal em 28 de dezembro de 2022. Documentos obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação mostram que, nos últimos cinco anos, a prefeitura só realizou laudo técnico sobre árvores do Bosque após o acidente.
Imagem mostra carro atingido por figueira gigante em Campinas
Lucílio Ferreira Junior
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