O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) ajuizou uma ação civil pública contra a prefeitura de Florianópolis nesta quarta-feira (17) após o município decidir fechar um abrigo municipal infantojuvenil.
Abrigo municipal acolhe crianças e adolescentes de 0 a 18 anos de idade – Foto: Pixabay/Divulgação/ND
O abrigo é o único de Florianópolis mantido exclusivamente com verba da prefeitura e tem, ao todo, 20 vagas. Conforme o MPSC, atualmente o abrigo tem oito acolhidos, seis adolescentes e duas crianças.
Nesta semana, a prefeitura de Florianópolis determinou o fechamento do abrigo municipal. Em nota (íntegra abaixo), a administração informou que as crianças e adolescentes acolhidos serão transferidos para outros abrigos e que o fechamento seria “temporário e necessário para melhorias”.
MPSC pede à Justiça que município mantenha abrigo aberto até mudar para novo local
Após ser informada de que o município pretende fechar o abrigo, a 9ª Promotoria de Justiça de Santa Catarina ajuizou uma ação civil em que pede para que a Justiça catarinense determine:
O não fechamento do abrigo;
Prazo de 30 dias para a prefeitura encontrar novo local para ser utilizado como abrigo municipal;
Prazo de mais 30 dias depois de encontrar o local para que o abrigo municipal passe a funcionar em novo endereço.
Ainda segundo o pedido do MPSC, o município deve pagar, caso não cumpra as determinações, uma multa de R$ 5 mil por dia.
“Em um município com cerca de 100 crianças e adolescentes acolhidos, como abrir mão de 20 vagas próprias? Mesmo que o Município encaminhe eventualmente edital para chamamento de entidades, não há garantia de que essas vagas serão efetivamente preenchidas, o que demonstra o gerenciamento temerário dos gestores no trato da alta complexidade da Assistência Social”, disse o promotor Aurélio Giacomelli da Silva.
Abrigo precário e excesso de medicamentos estão entre denúncias
O local foi alvo de denúncias de órgãos de proteção e de um inquérito do MPSC, que apontou as seguintes irregularidades:
Uso excessivo de medicamentos controlados de uso contínuo pelos adolescentes;
Demora nos atendimentos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPSi) e da Apae aos acolhidos;
Excesso de brigas e evasões;
Não cumprimento do Projeto Político Pedagógico do Abrigo;
Estrutura considerada indevida e precária;
Dificuldades relacionadas aos cuidados com os adolescentes pela equipe e educadores;
Dificuldades relacionadas às marmitas oferecidas aos acolhidos;
Falta de atividades de cultura e lazer.
No entanto, conforme o promotor, as irregularidades não são razão para o fechamento do acolhimento.
“Este não é motivo para fechar suas portas. Ao contrário: diante do vencimento e não intenção de renovar o contrato por parte do locador do atual imóvel, este é o momento oportuno para que o Município de Florianópolis reabra o abrigo em local adequado, já devidamente renovado e reordenado de acordo com a legislação vigente”.
Nota da prefeitura de Florianópolis na íntegra
“A Secretaria de Assistência Social de Florianópolis informa que as vagas da casa de acolhimento não vão deixar de existir. O local terá seu funcionamento pausado momentaneamente para requalificação do serviço próprio e planejamento das melhorias do atendimento. As crianças e adolescentes do espaço serão transferidas para outros espaços da rede, além de 16 novas vagas que surgem nos próximos meses. O município reforça que os programas família acolhedora e família guardiã são de grande importância e que estes podem gerar mais benefícios aos jovens. Os conselhos municipais de assistência social e do direito da criança e adolescente serão ouvidos para contribuição“.
Procurada novamente pela reportagem do ND Mais para comentar as irregularidades apontadas e a ação civil pública, a Prefeitura de Florianópolis ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.