Em Beltrão, baianos mantêm jeito de ser e citam diferenças culturais

A qualidade de vida e a geração de empregos atraem pessoas de todo o Brasil e até de fora do País. Os baianos também se rendem, sem, no entanto, perder a cultura de origem. 

Anaildes Nascimento, a Neia, é natural de Salvador e lá conheceu o esposo, de Salgado Filho. Em 1985 eles vieram para o Paraná. Aqui, se formou professora. Atualmente, está aposentada do Estado e atua na educação especial do Colégio Industrial. “Amo Francisco Beltrão e o Sul”, diz Neia. 

A professora Anaildes Nascimento, a “Neia”, está há quase 40 anos no Paraná. Foto: Juliam Nazaré

Satisfeita com a vida no Sudoeste, ela influenciou outros parentes, como a sobrinha Marize, que por sua vez trouxe a mãe. “Mude suas folhas, mas não esqueça de suas raízes. Vim com 15 anos, estou há 30. Tenho uma ligação forte com a Bahia e há cinco anos fui buscar minha mãe, com quatro sobrinhos. Estão prosperando, trabalham, estão felizes”, conta. 

Hábitos alimentares

Além do frio, a mudança para o Paraná impacta nos hábitos culturais e alimentares. Azeite de dendê, camarão seco, acarajé, moqueca, vatapá, caruru, licor de jenipapo e mungunzá, são algumas das iguarias do dia a dia na Boa-terra, incomuns ao paranaense. 

“Principalmente no café da manhã gostamos de uma banana da terra, raízes. No São João buscamos o amendoim cozido, já foi difícil encontrar”, diz o goleiro Rafael Freitas. Por conta da carreira, ele já morou em Brasília (DF) e Blumenau (SC). Nascido em Salvador e criado em Lauro de Freitas, na região metropolitana da capital, chegou ao Marreco no início de 2023. 

Por conta da carreira no futsal, o soteropolitano Rafa Freitas já viveu em Brasília (DF) e Blumenau (SC). Desde o início do ano, por conta do Marreco, está em Beltrão. Foto: Neto Cajaíba

“Baiano leva a vida mais tranquilamente”

Para Neto Cajaíba, o processo pode ser semelhante à mudança de país. “Por mais que a gente esteja no Brasil, a diferença é grande.”Ele veio a Beltrão em 2021, para estudar informática na UTFPR. Entretanto, abandonou o curso para se dedicar à fotografia, hoje trabalha nos jogos de ABF e Marreco, além de colaborar no Jornal de Beltrão. Menos de um ano depois, trouxe o primo Henrique. Eles são naturais de Itagi, interior baiano. “Acho que somos mais tranquilos ao lidar com algumas coisas. Ainda sou 99% baiano”, avalia o fotógrafo. 

O fotografo Neto Cajaíba, há dois anos em Beltrão, gostou da terra e já trouxe o primo, Henrique, para morar. Foto: Arquivo pessoal

Anaildes e Marize citam o enfrentamento ao preconceito – com ênfase para a cor e ao jeito de viver. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, de 2012, 79,5% da população baiana é negra, enquanto no Paraná o percentual é de 34%. 

“Temos um gás a mais, em busca das coisas. Não é verdade que baiano só dorme na rede. A gente trabalha muito, sempre com sorriso no rosto”, arremata Marize. 

O post Em Beltrão, baianos mantêm jeito de ser e citam diferenças culturais apareceu primeiro em Jornal de Beltrão.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.