Além da Rússia, vários países contratam grupos privados para atuar em guerras ou zonas de conflito

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Os Estados Unidos – maior poderio militar do planeta – é o país que mais recorre a serviços de guerra privados. Eles não chamam esses combatentes de mercenários e, sim, de ‘funcionários’. Além da Rússia, vários países contratam grupos privados para atuar em guerras ou zonas de conflito
Jornal Nacional/ Reprodução
Vários países, além da Rússia, contratam grupos privados para atuar em guerras ou zonas de conflito. A ONU condena essa prática por causa da falta de controle sobre essas organizações.
Não são só os militares das Forças Armadas convencionais que lutam nas guerras, e a Rússia não é a única nação do mundo que terceiriza seus conflitos – como fazia com o Grupo Wagner. Os Estados Unidos – maior poderio militar do planeta – é o país que mais recorre a serviços de guerra privados. Nos conflitos recentes no Iraque e Afeganistão, os terceirizados chegaram a representar 50% ou mais do efetivo americano nesses países, segundo dados de uma agência federal americana.
No campo de batalha, eles podem desempenhar várias funções, desde cozinhar para soldados, prestar auxílio de logística, até lutar na linha de frente. Para as empresas que prestam este tipo de serviço, a guerra é lucrativa. Entre 2011 e 2019, o governo americano pagou US$ 187 bilhões para grupos militares terceirizados. Os Estados Unidos não chamam esses combatentes de mercenários e, sim, de “funcionários”.
Vera Mironova, especialista em conflitos armados na Universidade Harvard, explica o por quê. Ela diz que, nos Estados Unidos, grupos privados têm o respaldo da legislação. Já na Rússia, a atividade não é regulamentada, e os mercenários agem livremente, sem responder às autoridades.
No caso do Grupo Wagner, há acusações de torturas, estupros coletivos e execuções extrajudiciais – que são crimes de guerra. O chefe da milícia, Yevgeny Prigozhin, foi amigo pessoal do presidente russo Vladimir Putin, que o contratava para outros serviços, principalmente de cozinha.
Outros países como o Reino Unido, também já usaram empresas privadas em operações militares. Argumentavam que as empresas tinham que seguir uma série de regulamentações. Mas as Nações Unidas já colocaram no mesmo patamar empresas privadas e mercenários. Em 2018, a ONU fez um alerta: disse que esses combatentes poderiam desestabilizar violentamente um país, pediu mais regulamentação e expressou preocupação com a impunidade.
Em 2007, funcionários de uma empresa militar contratada pelos Estados Unidos abriram fogo em uma praça de Bagdá, no Iraque. Dezessete civis morreram. Quatro dos guardas terceirizados que participaram do massacre foram condenados e presos pela Justiça americana. Mas, em 2020, o então presidente Donald Trump deu a eles o perdão presidencial.
Alexander Gogun, especialista militar pela Universidade Livre de Berlim, diz que, embora dentro da lei no país, nem todas as empresas americanas são transparentes.
”Os contratados não podem, por exemplo, ter antecedentes criminais. Mas, na realidade, como o histórico de funcionários do setor privado é ‘privado’, acaba sendo um mercado completamente secreto”, afirma.
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