Shein pode investir mais de R$750 milhões no Brasil, diz diretor regional

Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta sexta-feira, 2, o presidente da Shein para a América Latina, Marcelo Claure, disse que, se for preciso, a empresa investirá mais do que os R$ 750 milhões inicialmente prometidos no Brasil. Ele destaca que a ideia é fabricar “todos os produtos possíveis” no país e explica: “Nossa meta é que, em menos de 5 anos, 85% do que se vende no Brasil seja ou fabricado aqui, ou vendido na plataforma por um vendedor local”, declarou

Ele conta que parte dos R$ 750 milhões que a Shein disse que deve investir no Brasil vai para financiar a digitalização de fábricas e para o treinamento de mão de obra: “Nosso plano é acelerar a digitalização dessas fábricas o máximo possível. Foi um passo gigante para o Brasil ser escolhido como o 1º país a produzir para a Shein fora da China”, afirmou. “Agora, ele tem de ser o melhor. Falamos em 3 anos de investimento, mas esse é um limite, o plano é que seja mais rápido. Quanto aos valores, se for necessário, vamos investir mais.”

Taxação

Claure revela que a Shein sempre quis expandir a produção para além da China, mas os planos foram adiantados devido à discussão sobre a taxação de produtos importados pelo governo brasileiro: “A ideia da Shein sempre foi estar perto do consumidor final, por isso o Brasil sempre esteve nos planos. Mas, sendo muito honesto, eu admito que a crise que vivemos fez com que a gente acelerasse os planos de expansão, fazendo com que o Brasil se tornasse o 1º país fora da China onde produzimos”, afirmou.

Claure disse ter ficado impressionado com o fato de o ministro Fernando Haddad (Fazenda) ter se dedicado a entender o modelo de negócios da Shein e afirma que defendeu a isenção para compras de pequenos valores: “O Brasil tem de manter a isenção de impostos para importação de pequenos valores por uma simples razão: quem viaja pode trazer até US$ 1.500 em compras, contando o ‘free shop’, sem pagar imposto. Não é justo que uma pessoa de menos recursos não possa usufruir disso. Essa é uma posição pessoal minha”, afirmou.

“Meu conselho para o ministro é que o ideal é que não importa se o vendedor é pessoa física ou não. Porque quem deve pagar a taxa é a gente, não o consumidor. Seria um erro muito grande eliminar o ‘de minimis’ (a isenção).”

Em 18 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu à pressão de parte de seus eleitores e desautorizou o ministro da Fazenda na decisão de cobrar impostos sobre importações de até US$ 50 por pessoas físicas. Assim, as compras de produtos com valor declarado de até US$ 50 vindos do exterior continuarão sem serem taxadas. O governo arrecadaria R$ 8 bilhões por ano se tivesse mantido a taxação.

Manutenção de competitividade

Claure negou que o fato de as peças serem produzidas no Brasil vai fazer com que a empresa deixe de ser competitiva. “Nossa competitividade não é apenas uma questão de preço. É preço e seleção de produtos, é a habilidade de entender o que o consumidor brasileiro quer. Ter o estoque permite que nosso custo seja bem menor. É uma lógica totalmente diferente do varejo tradicional”, afirmou.

“A Shein é uma empresa tecnológica. Quando identificamos uma tendência de moda no TikTok, em menos de sete dias a gente já está vendendo a peça.”

Claure declarou que os itens produzidos localmente não serão mais caros do que os feitos na China. “O custo laboral é um pouco maior, é mais caro fazer negócio aqui, mas isso é compensado pelas economias que ganhamos com a logística”, disse.

“É muito caro mandar um pacote da China para a Bahia, por exemplo. Além disso, hoje o algodão brasileiro precisa ir para China para depois voltar como roupa. A economia logística é suficientemente grande para compensar o custo maior no Brasil.”

Planos para o futuro

Segundo ele, um dos planos da Shein é estreitar relações com estilistas brasileiros, que “entendem o consumidor” do Brasil. “Vamos lançar em 10 dias uma super coleção de estilistas brasileiros, por exemplo”, afirmou: “Eu quero 1º satisfazer a necessidade do mercado local. Depois, distribuir o que é produzido no Brasil para a América Latina e, posteriormente, para o resto do mundo.”

Com informações de O Globo

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