Chocolate envenenado: mensagens e telefonemas mostram passo a passo de um crime premeditado; veja

Lindaci Viegas Batista de Carvalho morreu após comer chocolate que recebeu no dia do aniversário, mas rastros digitais ajudam a polícia a investigar autoria do crime. Chocolate envenenado: mensagens e telefonemas mostram passo a passo de um crime
Uma sequência de mensagens e o conteúdo de ligações telefônicas ajudaram familiares e a polícia a montar o passo a passo de um crime premeditado e a apontar a suspeita de envenenamento de Lindaci Viegas Batista de Carvalho, de 54 anos:
Um dos filhos dela provou o bombom e avisou a tia que o chocolate estava com gosto estranho. A tia avisou os médicos e acionou a polícia.
A suposta autora do crime ainda tentou recuperar o celular que a incriminaria, mas o motoboy contratado para entregar o bombom alertou a polícia.
Uma caixa com chocolates e um bouquet de flores enviados sem nenhum cartão.
Como se fossem de um admirador secreto. Os presentes eram para Lindaci, que acordou naquele dia e logo escreveu em seu diário: “Hoje é meu aniversário, 54 anos. Bonita. Feliz.”
Quando recebeu as flores e o chocolate, ligou para uma amiga: “Você não sabe o que aconteceu. Ligou um cara falando que tinha uma encomenda pra mim. E queria o meu endereço. Aí, dei o endereço da loja do meu ex.”
Lindaci não deu o endereço de casa porque ficou desconfiada. Ela vinha sofrendo ameaças.
“Falo pouco, mas faço muito…. “, escreveu Susane Martins da Silva, em uma mensagem enviada para Lindaci pelas redes sociais. As duas namoraram, em épocas diferentes, o mesmo homem, e Susane não aceitava que ele ainda mantivesse contato com Lindaci.
No final do dia do seu aniversário, Lindaci estava na rua, já arrumada para sair. Ela queria comemorar. E falou pela última vez com uma amiga pelo telefone.
“Eu vou te falar, eu tô falando contigo, eu tô tontinha. Tô muito tonta. Vou sentar aqui porque eu tô um pouco tonta. Tô sentindo aqui, forte.”
Lindaci parou de responder porque desmaiou. Ela tinha sido envenenada.
A irmã de Lindaci , Lenice Viegas Batista, conta como recebeu a notícia: “Recebi a ligação do filho dela. ‘Tia, tem um policial me ligando falando que minha mãe está no hospital do Andaraí. A médica falou que ela veio a óbito.”
Enquanto a irmã conversava com os médicos, um dos filhos de Lindaci ficou segurando as flores e o chocolate encontrados com a mãe. E percebeu que tinha algo muito errado.
“Falou, tia, esse bombom está com veneno. Porque ele comeu, sentiu um gosto estranho e cuspiu. Ele mostrou imediatamente para o segurança do hospital, né? Aí o segurança viu e falou, olha isso, parece chumbinho.”
Chumbinho é um tipo de veneno bastante utilizado pra matar rato. Um produto clandestino e muito perigoso.
Lenice correu até os médicos e disse que a irmã podia ter sido envenenada.
“Disseram, então vai ter que ir para o IML. Eu falei, então pode mandar. Aí no domingo à noite, ligaram para o celular do meu filho falando que o corpo dela já estava no IML. O policial civil me chamou. Aí foi numa sala, falou com o médico, e ele retornou e me deu a informação de que o estômago da minha irmã realmente estava com chumbinho.”
A polícia também enviou o chocolate para análise da perícia.
“Tinha uma quantidade razoável nos confeitos e como ele tem uma alta toxicidade, uma pequena quantidade do material já pode levar a óbito a pessoa que ingerir o alimento contaminado”, diz o perito criminal Daniel Busquet.
Segundo a polícia todos os indícios apontam Susane, que já está presa, como autora do crime. Por nota, a defesa de Susane Martins da Silva disse que não teve acesso à íntegra do inquérito policial e que só vai se pronunciar depois que tiver acesso aos autos.
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