Câncer de pele atinge cinco pessoas da mesma família em Santa Catarina

Com histórico de exposição ao sol e agrotóxicos, mãe e quatro filhos lutam contra a doença que já deixou marcas permanentes na vida de cada um deles. Cinco pessoas da mesma família lutam contram o câncer de pele em Santa Catarina
Em Blumenau (SC), a equipe do Profissão Repórter conheceu o garçom aposentado e ex-trabalhador rural João Leonito, que faz acompanhamento médico de um câncer de pele, que afetou seu olho esquerdo. Foram nove meses de batalha, em cinco cidades, até conseguir fazer a cirurgia da retirada do câncer. A irmã dele, Francisca Vieira, diz que também teve a doença, assim como os demais membros da família: ao todo, são cinco casos.
Intrigados com essa revelação, Caco Barcellos, Danielle Zampollo e o repórter cinematográfico Alex Gomes foram até a cidade da família de Leonito e Francisca para conhecer o resto da família. Foram três horas de estrada até Rio Negrinho, onde a mãe dos dois, Tereza Vieira, recebeu a nossa reportagem.
Em comum, a família tem uma história de exposição ao sol e a agrotóxico nas lavouras, principalmente de fumo.
“Plantei fumo até 2004 e isso era terrível. Pode ter sol, pode ter chuva, pode ter o que tiver, a gente tem que enfrentar, porque, se não, perde”, diz Tereza Vieira.
Ela explica que fez uma biópsia e o médico tirou uma parte do seu nariz. “Aí começou a correr, foi pra Joinville, para um canto, para outro. Desisti”, completa.
A matriarca da família acabou desistindo do tratamento e não sabe dizer qual o estado do câncer. Ela mostra mancha preta no dedo e diz que perdeu a sensibilidade da mão e do braço.
Tereza Vieira exibe mancha preta no dedo da mão esquerda e relata falta de sensibilidade.
TV Globo/Reprodução
Marcas da doença
A equipe visitou a casa de outra filha de dona Tereza, Luciane Vieira. Ela detalha os procedimentos que passou no combate contra o câncer de pele.
“Eu fiz [cirurgia] no nariz há 10 anos. Começou onde eu tenho essa bolinha aqui, estourou uma veinha. Cada banho que eu ia tomar eu só podia colocar assim a toalha [apalpando com leveza], não podia passar”, relembra.
Depois do diagnóstico do câncer de pele, Luciane esperou um longo tempo na fila do SUS, foram dois anos. “Era uma enrolação, disseram que tinha muita gente na frente”, explica.
Luciane Vieira teve parte do nariz retirado por causa do câncer.
TV Globo/Reprodução
Informada pela equipe do Profissão Repórter sobre uma lei que garante que o tempo entre diagnóstico e tratamento não passe de 60 dias, Luciana disse não conhecer essa legislação.
Os médicos retiram as partes afetadas pelo câncer, mas as tentativas de reconstruir o nariz de Luciana não deram certo.
“Três vezes eles tiraram a carne daqui. O resto da carne da minha testa que eles injetaram aqui não pegou nada”, diz.
A quinta pessoa com câncer na família, Maria Zinita Vieira, irmã de Leonito, já teve um câncer de pele há 12 anos e demorou muito tempo para conseguir uma cirurgia pelo SUS.
‘Limpeza de pele me fez descobrir um câncer’
Estudo alerta para risco de câncer de pele
Maria Zinita teve o primeiro câncer há 12 anos e relata demora no SUS.
TV Globo/Reprodução
“Trabalho de auxiliar de cozinha, não posso trabalhar no calor, meu câncer está voltando”, conta. “Eu ia, voltava, eles nunca me chamavam. Mais ou menos umas cinco ou seis vezes [foi ao médico do SUS]”, completa.
Assim como toda a família, Maria Zinita trabalhou por muitos anos debaixo de sol, em contato com os agrotóxicos.
“Tinha que molhar no veneno [a muda na hora do plantio]. (…) Às vezes respingava, porque a gente tinha que segurar com a bacia e ir colocando muda, quando escorria a água”, relembra.
Uma biópsia confirmou que Maria está com outro câncer de pele.
Veja o programa na íntegra abaixo:

Adicionar aos favoritos o Link permanente.