Pajé, professora e irmã de cacique: conheça indígena morta durante disputa de terras na Bahia

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Nega Pataxó era liderança espiritual e professora com importante atuação junto à juventude e às mulheres indígenas. Também era doutora em Educação por Notório Saber pela UFMG. Nega Pataxó foi morta durante disputa de terras na Bahia
Reprodução/TV Bahia
Conhecida como Nega Pataxó, a indígena Maria de Fátima Muniz, morta a tiros durante um ataque de fazendeiros na Fazenda Inhuma, na região de Potiraguá, no sul da Bahia, era pajé e irmã do cacique Nailton Muniz, do povo Pataxó Hã Hã Hãe, baleado na ação.
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A área foi ocupada por indígenas no sábado (20), por ser considerada pelos Pataxó Hã Hã Hãi como de ocupação tradicional. O ataque ocorreu no domingo (21), quando os fazendeiros e comerciantes cercaram a área com dezenas de caminhonetes e tentaram recuperar a propriedade, sem decisão judicial.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, Nega Pataxó era liderança espiritual e professora com importante atuação junto à juventude e às mulheres indígenas.
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Ministra Sônia Guajajara durante visita ao cacique Nailton Muniz, na Bahia
Leo Otero / MPI
Com o irmão, integrava redes de saberes tradicionais de universidades brasileiras, sendo doutora em Educação por Notório Saber pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já o cacique Nailton Muniz é doutor por Notório Saber em Comunicação Social pela mesma universidade.
O corpo de Maria de Fátima Muniz foi velado com a presença de dezenas de indígenas, da ministra Sônia Guajajara e de sua comitiva formada por lideranças, entre elas a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL).
Sepultamento da indígena Nega Pataxó
Leo Otero / MPI
Ataque a tiros
Fazendeiros foram presos suspeitos de matar indígena da etnia pataxó na Bahia
Reprodução/Redes Sociais
O filho de um fazendeiro, de 20 anos, e um policial militar reformado foram presos em flagrante. A Polícia Civil de Itapetinga, que investiga o caso, disse que um laudo de microcomparação balística confirmou que o tiro que matou Nega Pataxó partiu de um revólver calibre 38, disparado pelo jovem.
Além da morte da indígena, a dupla presa é suspeita de tentar matar o cacique Nailton Muniz Pataxó. Ele foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Depois do procedimento, ele foi transferido para outra unidade de saúde, cujo nome não foi divulgado por questão de segurança.
Outros indígenas ficaram feridos na ação, entre eles uma mulher que teve o braço quebrado. Eles foram hospitalizados, mas não correm risco de morte.
Ministra na Bahia após episódio de violência
A ministra Sonia Guajajara e outras autoridades na Bahia
JN
Por causa da violência na região, comunidades tradicionais pediram reforço de segurança à Força Nacional. Até a manhã desta quarta, ainda não receberam resposta.
Na segunda-feira (22), uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, visitou a Bahia para acompanhar a investigação do ataque. Na terça (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou à disposição para encontrar uma solução “pacífica” sobre disputa de terras que terminou com a morte da indígena.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), a situação aconteceu durante a ação de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero. Já o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que o ataque aconteceu por causa de disputa de terras entre indígenas e fazendeiros.
Ainda de acordo com o MPI, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens e convocaram os fazendeiros e comerciantes para recuperar a área por meios próprios. Eles cercaram o local com dezenas de veículos.
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Além dos fazendeiros que foram detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso. Segundo a Polícia Militar, um ruralista foi ferido com uma flechada no braço.
Quatro armas de fogo encontradas com os fazendeiros foram apreendidas e encaminhadas para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A Secretaria da Segurança Pública determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região.
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