Negócio de família: parente de acusado de chefiar manipulação de jogos disse em depoimento que foi convencido a participar de esquema durante churrasco

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Zildo Peixoto contou que começou a apostar com Bruno Lopez no início deste ano, com a proposta de R$ 10% de comissão. Ele é acusado de integrar o núcleo de apostadores. Bruno Lopez de Moura e Zildo Peixoto Neto, acusados de integrarem esquema de manipulação de jogos
Reprodução/Redes Sociais
Em depoimento, o empresário Zildo Peixoto Neto, acusado em esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol, disse que foi convencido a entrar no grupo por Bruno Lopez em um churrasco de família. Zildo, que é primo de Camila Silva, esposa de Bruno, falou que o chefe do esquema ofereceu comissão de 10% em apostas.
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O g1 pediu um posicionamento à defesa de Zildo às 15h desta terça-feira (16), mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Em nota, a defesa de Bruno Lopez disse que, como na primeira fase da operação, o crime pelo qual Bruno é acusado “é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes”. O advogado Ralph Fraga ainda afirmou que respeita o trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, mas que vai se posicionar sobre as acusações formal e processualmente no momento oportuno (veja nota completa ao final da reportagem).
Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), Zildo é acusado de integrar o núcleo de apostadores, responsável por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema, além de realizar pagamentos indevidos e promover apostas nos sites esportivos em contas próprias e principalmente de terceiros.
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Zildo Peixoto Neto, acusado em esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol; Operação é feita pelo Ministério Público de Goiás
Reprodução/Redes Sociais
Em família
Zildo falou que, antes mesmo do esquema, costumava fazer apostas esportivas em um site, mas Bruno indicou também outra plataforma. No churrasco, Zildo perguntou se precisava de outra conta no site que o apostador falou e Bruno disse para abrir contas “do pessoal mais próximo”, de acordo com o depoimento.
“[Zildo] falou com a noiva, com os sogros, dois melhores amigos, com quem pediu para abrir conta [nas plataformas]. [Ele disse] que só pediu para eles abrirem as contas e que apostaria, e avisaria para não mexerem nas contas e que chegou a apostar em praticamente todas as contas criadas”, descreve o depoimento.
Empresário Bruno Lopez de Moura acusado de chefiar esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol; Operação é feita pelo Ministério Público de Goiás
Reprodução/Instagram
Apesar de já ter encontrado Bruno em outros eventos de família, o churrasco em questão aconteceu em 2023, conforme o relato de Zildo. Segundo ele, depois do churrasco, abriu as contas e foi adicionado em um grupo para receber dicas de apostas com Bruno, Ícaro Fernando [também entre os acusados] e outros participantes.
Alguns dias depois, Zildo disse que deu R$ 30 mil para Bruno apostar, mas não sabia que era manipulação e imaginou que fosse uma espécie de “jogo do bicho”. Posteriormente, ele teria enviado mais valores.
“[Zildo disse que] não via como manipulação do resultado pois associava o envio do valor como se fosse um ‘bicho’, mas não tinha informação do que seria utilizado e não procurou saber e que antes desse jogo não tinha enviado valores com a mesma finalidade”, narra o depoimento.
“Surpresa”
Conversas de grupo com Bruno Lopez, Ícaro Fernando e Zildo Peixoto, acusados em esquema de manipulação de jogos
Reprodução/MPGO e Redes Sociais
Zildo falou que sua função era apenas mandar o dinheiro para Bruno, mas não sabia quanto daria de lucro e chegou a ter um prejuízo. O acusado contou que, ao saber da prisão do chefe do esquema, ficou com medo.
“[Zildo] acreditava que estava fazendo um investimento mas, por tudo que foi esclarecido e exposto, já enxerga diferente; que só teve prejuízo com as apostas em torno de R$ 74 mil com as apostas de 2023”, falou.
Zildo alegou que não imaginava que fosse algum tipo de manipulação. Em certo momento do depoimento, questionado sobre como Bruno saberia que teriam escanteios em uma partida, Zildo narrou que imaginava que o primo tinha muito conhecimento no ramo. No entanto, prints de conversas mostram que, em um grupo, todas as transações eram explicadas.
Conversas de grupo com Bruno Lopez, Ícaro Fernando e Zildo Peixoto, acusados em esquema de manipulação de jogos
Reprodução/MPGO e Redes Sociais
Quem é Zildo?
Em depoimento, Zildo contou que tem uma empresa de produtos de limpeza e de vigilância, em Navegantes, Santa Catarina. O acusado disse que é primo de Camila, que mora em São Bernardo do Campo, São Paulo. Zildo disse que saiu de São Paulo há quinze anos, nunca jogou futebol profissionalmente e não tem amigos, empresários ou agentes neste ramo.
Grupo “Operações”
O Ministério Público de Goiás encontrou um grupo no WhatsApp, criado em 2 de fevereiro deste ano, em que Zildo estava com Bruno e Ícaro. Zildo contou que Bruno sugeriu que fizessem uma aposta no jogo do Paraibano, ocasião em que ele passou os R$ 30 mil ao primo.
Zildo descreveu que Bruno não falava o que fazia com o dinheiro, nem dava muitos detalhes sobre os jogadores e os times, apenas surgia com as propostas e pedia o “investimento”.
Grupo com Bruno Lopez, Ícaro Fernando e Zildo Peixoto, acusados em esquema de manipulação de jogos
Reprodução/MPGO
Atuação em núcleos
Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.
Segundo o Ministério Público, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo.
“Núcleo Apostadores”: formado por responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo. Eles também faziam pagamentos aos jogadores e promoviam apostas nos sites esportivos.
“Núcleo Financiadores”: responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas.
“Núcleo Intermediadores”: responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos eventos esportivos.
“Núcleo Administrativo”: responsável por fazer transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados.
Nota da defesa de Bruno Lopez na íntegra:
“De igual forma à primeira fase da operação, entendemos que, por se tratar de uma denúncia extensa, com diversos anexos oriundos dos elementos extraídos na investigação, é necessário muita cautela em qualquer comentário. Apesar de se tratarem de fatos novos, jogos diferentes daqueles que foram objeto de denúncia na primeira ação penal, o crime pelo qual Bruno se encontra acusado é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes. Como de praxe, sempre com muito respeito ao trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, as acusações serão formal e processualmente respondidas no momento oportuno.”
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