Frequentadores do Campo de Santana relatam rotina de assaltos a faca e reclamam de abandono

‘Isso aqui era o parque do lazer, hoje em dia é o parque dos ladrões’, conta uma antiga frequentadora do parque. Capivaras, animal silvestre, vivem no Campo de Santana
Maria Eduarda Barbosa
Frequentadores do Campo de Santana, no Centro do Rio, relatam assaltos frequentes com armas brancas. Também há queixas de má estrutura e abandono do lugar, uma das poucas áreas verdes da região e lar de gatos e capivaras.
Um visitante assíduo conta que já foi roubado duas vezes. “Eu estava com R$ 100 na mão. O assaltante vinha me acompanhando. Quando chegou aqui, ele falou: ‘Me dá esse dinheiro, eu tô com uma faca aqui’”, disse.
“Dia de sábado aqui é um cemitério. Passa aquele Centro Presente uma vez ou outra também, mas aqui quase todo dia tem assalto”, emendou.
Uma outra visitante do Campo de Santana, que já morou na vizinhança e tinha um comércio próximo à Central do Brasil, afirma que anda pelo parque com medo.
“Um casal me abordou, eles puxaram a mochila e o boné, me sacudiram. O telefone estava enrolado em uma toalhinha aqui dentro da calça, mas puxaram também. E eu comecei a gritar: pega ladrão! Aí o policial chegou, e a mulher quis agredi-lo também”, explicou.
Segundo seu relato, seu filho aprendeu a andar de bicicleta no Campo de Santana, mas, hoje, ela não tem como levar seus netos para brincar no local. “Isso aqui era o parque do lazer, hoje em dia é o parque dos ladrões”, desabafou.
Agentes de patrulha pedem identificação aos visitantes
De acordo com o primeiro visitante, agentes de segurança do local pedem identificação (como identidade ou CPF) a quem passa.
“Eles vêm em cima da gente e eles dizem que têm uma meta. A gente dá o documento e eles batem ali, entregam o documento, mas o policiamento mesmo… Dizem que tem que provar que está trabalhando”, explicou.
Bancos quebrados no Campo de Santana
Maria Eduarda Barbosa
Abandono do parque
Outros frequentadores dizem que por ali havia dois banheiros, mas fecharam e as pessoas passaram a urinar atrás das árvores. Essa situação acontece há dois anos.
Ainda há comentários sobre a ausência de manutenção dos bancos e das guaritas.
“Um dos portões que dão acesso ao parque, na Avenida Presidente Vargas, está fechado desde o final do ano passado com a desculpa de obras, porém, esses meses já se passaram e está do mesmo jeito… trancado”, relata um.
Informe da Prefeitura do Rio sobre interdição de um dos acessos do Campo de Santana
Maria Eduarda Barbosa
O que dizem as autoridades
A Polícia Militar informou que o comando do 5º BPM (Praça da Harmonia) emprega equipes direcionadas à realização de abordagens sistematicamente na região do Centro da Cidade, inclusive no perímetro do Campo de Santana. Desde março deste ano, foi implementado o Programa Bairro Presente Central do Brasil, que também contempla aquela área de atuação.
A PM disse ainda que muitos dos cidadãos envolvidos nos crimes naquele perímetro “estão em situação de vulnerabilidade nas ruas, tornando seu contexto de instabilidade e reincidência muito mais amplo do que as ações conduzidas pelas forças policiais”.
A polícia ressalta a importância de que a população colabore realizando denúncias sobre tais práticas — o telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177 — ou, para casos urgentes, realize o acionamento através da Central ou App 190.
O governo do estado informou que a Operação Segurança Presente não possui policiamento ostensivo no Campo de Santana e que esse serviço é realizado pela Guarda Municipal.
A Guarda Municipal do Rio respondeu que atua diariamente no patrulhamento preventivo no entorno e na área interna do Campo de Santana, por meio de rondas em horários alternados. “Quando há flagrantes de delitos, as equipes atuam e encaminham os acusados para as delegacias da região”.
A Fundação Parques e Jardins disse que frequentemente realiza ações de manutenção no Campo de Santana, mas que grande parte dos desgastes encontrados no local se deve à ação do tempo e à prática de atos de vandalismo.
Segundo a fundação, o portão do parque está interditado devido ao risco de queda do brasão, mas afirma que será liberado assim que possível, sem data prevista. “A restauração de mobiliários, guaritas, grades, portões, lagos, fachadas e monumentos está prevista no escopo do projeto de revitalização do Campo de Santana, que está em processo de definição”, detalhou.
*Estagiária sob supervisão de Eduardo Pierre
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