Moradores formam filas de madrugada em ao menos quatro postos de saúde, mas Prefeitura nega necessidade

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Pacientes registrados nesta terça-feira (9) relatam que precisam chegar horas antes das unidades abrirem para conseguir atendimento. Pacientes reclamam de restrição em atendimentos em postos de saúde de Campinas
Nesta terça-feira (9), a produção da EPTV, afiliada da TV Globo, flagrou moradores de diversos bairros de Campinas (SP) formando filas em postos de saúde horas antes da abertura das unidades, ainda pela madrugada. De acordo com os pacientes, essa é uma rotina necessária, pois os atendimentos são feitos por meio da distribuição de senhas, que são insuficientes.
Com a alta demanda das unidades, quem precisa de uma consulta se vê obrigado a chegar antes do amanhecer para ser atendido. O cenário contraria a Secretaria Municipal de Saúde, que na segunda-feira (8) negou a necessidade de senhas ou formação de filas para o atendimento. No entanto, os registros feitos pela reportagem mostram o contrário (assista à reportagem acima).
A administração municipal negou que os pacientes precisem retirar senha para serem atendidos e reforçou que não há necessidade deles chegarem pela madrugada para garantir vaga (confira abaixo).
Problema em várias regiões
A situação foi mostrada no Jornal da EPTV 1ª Edição de segunda, que flagrou pacientes formando filas às 4h no Centro de Saúde Carvalho de Moura, no Jardim Icaraí, que só abre às 7h. Telespectadores de outros bairros entraram em contato relatando que o problema também é recorrente em outras regiões da cidade. Segundo os pacientes:
Para conseguir atendimento, é preciso chegar antes da abertura da unidade;
O posto abre às 7h e alguns vão para a fila ainda durante a madrugada, às 4h;
Eles relatam que isso é necessário porque a quantidade de fichas é limitada.
Nesta manhã, às 5h, já havia fila no posto de saúde do Parque Osiel. Entre os pacientes que esperavam por atendimento está o desempregado Jair Xavier, de 61 anos. “Tem que vir umas 4h, 5h, para conseguir uma vaga para marcar uma consulta para outro dia você vir. É assim que funciona”, comentou em entrevista.
A empregada doméstica Rosimeire Anita relatou que essa é a única forma de conseguir agendar uma consulta médica para o filho. “Tem uma quantidade de vagas estabelecida, então, se eu chegar depois, não vou conseguir. Então eu venho esse horário que é pra eu conseguir uma vaga para o meu filho passar no dentista”.
“Se pudesse marcar durante o dia normal, a hora que chegasse aqui no postinho conseguisse marcar, eu viria outro horário”.
Já a dona de casa Maria Helena Guidi, que tentava uma consulta odontológica, chegou cedo, mas foi embora porque sabia que a quantidade de senhas disponíveis não seria suficiente para que ela fosse assistida. “[Voltei hoje] para ir no dentista novamente, mas não vai ter porque são apenas três senhas. Não adianta ficar aqui que é perda de tempo”.
Reclamações que se repetem nos Centros de Saúde Perseu Leite de Barros e no posto do Jardim Conceição. “São só 30 senhas. Tem que chegar de madrugada. Sexta-feira eu vim, o sistema estava estragado”, comenta a auxiliar de limpeza Quitéria Barbosa. “Sem a senha a gente não é atendido. Às 7h30, se você chegar aqui, não tem mais”, diz outra paciente.
O que diz a Prefeitura
Pacientes formam fila em unidade de saúde de Campinas horas antes da abertura
Reprodução/EPTV
O g1 pediu um posicionamento à Prefeitura de Campinas sobre as reclamações. Em resposta, a administração disse que não há necessidade dos pacientes chegarem ainda pela madrugada.
Questionada se há demanda represada na saúde que explique o movimento nesse horário, informou apenas que “qualquer unidade de saúde tem movimento pela manhã, pois há coleta de sangue. Em muitos casos há pessoas que querem resolver as questões antes de ir para o trabalho, o que aumenta o movimento pela manhã”.
A Secretaria Municipal de Saúde também reforçou que não há distribuição de senhas que limitem o atendimento diário para agendamento de consultas e que as senhas, na verdade, são para organizar a chamada das pessoas. Além disso, pontua que os pacientes passam por acolhimento nas unidades e que as consultas são agendadas de acordo com a necessidade.
Quem precisar de atendimento deve procurar uma unidade, pois “todos os centros de saúde contam com algumas vagas para demanda espontânea. No entanto, em casos graves é preciso procurar as unidades de urgência e emergência”. Questionada se há algum projeto para digitalizar os atendimentos, como citou a diretora de saúde Mônica Nunes, respondeu que “está em fase de construção”.
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