Câncer de intestino tem atingido mais jovens

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fernando zamprogno frisa que o câncer de cólon não é hereditário

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Arquivo/AT

 O câncer de intestino, também conhecido como câncer de cólon e reto, tradicionalmente associado a faixas etárias mais avançadas, tem acometido  pessoas mais jovens, segundo os médicos. 
Antes era mais comum em pessoas com  mais de 50 anos, agora, de acordo com os especialistas, já é possível ver em pessoas com 40 e 45 anos.
Os especialistas apontam para uma combinação de fatores, incluindo estilo de vida, hábitos alimentares menos saudáveis, aumento da obesidade e exposição a fatores ambientais e genéticos.
“Até pouco tempo, costumávamos dizer que o câncer de cólon reto era uma doença da pessoa idosa. E isso está mudando. Infelizmente, a faixa etária em que o aumento é mais pronunciado na última década é justamente a faixa etária abaixo dos 50 anos”, afirma o médico Paulo Hoff,  referência na oncologia, em especial na área de câncer gastrointestinal, em entrevista ao Globo.
Entre os tumores com maiores taxas de complicações e mortalidade, o câncer cólon perde apenas para o câncer de mama entre as mulheres e o de próstata entre os homens, de acordo com o médico.
As cantoras Preta Gil e Simony foram diagnosticadas com a doença e estão passando por tratamento. Já o ator Chadwick Boseman, que interpretava  o Pantera, super-herói da Marvel, morreu aos 44 anos,  no auge de sua carreira.
 O oncologista  Fernando Zamprogno, coordenador da oncologia da Rede Meridional, destaca que há cinco anos já é recomendado que a colonoscopia (exame utilizado para analisar a saúde do interior do cólon e do reto) comece a ser feito a partir dos 45 anos, como meio de busca para o câncer de intestino.
 “Esse tipo de câncer está intimamente relacionado a hábitos de vida. De 85% a 90% dos casos é adquirido ao longo da vida, não é hereditário. Muita gente acha que é de família, mas não é”, ressalta.
“Comida industrializada, alta  concentração de gordura saturada na comida industrializada. Alimentos processados e ultraprocessados, baixo consumo de fibras, alto consumo de bebidas açúcaradas, como refrigerantes, suco natural açucarado,  são causadores de câncer de intestino, tem estudos sobre isso”, alerta Fernando.
Constipação crônica, sedentarismo e obesidade também são fatores de risco. “Em 2011, um estudo do Reino  Unido mostrou que os obesos tiveram risco de vários  tipos de câncer 11 vezes maior que os não obesos”.
ENTENDA
Câncer de intestino
> O câncer de intestino é um dos que mais atingem homens e mulheres no Brasil e no mundo, mas  pode ser prevenido.
> É um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso, também chamado de cólon e reto. Quase sempre se desenvolve a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede do intestino.
O que causa essa doença?
> A doença ocorre mais em pessoas que  têm excesso de gordura corporal, consomem carnes vermelhas,  como vaca, porco, carneiro acima da quantidade recomendada; e carnes processadas, como bacon,  presunto, mortadela,  peito de peru defumado, salsicha e linguiça;  têm uma alimentação pobre em fibras, como grãos e verduras; são fumantes e consomem bebida alcoólica.
Sinais de alerta
> Sangue nas fezes, mudança do hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, alteração na forma das fezes, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente e massa (tumoração) abdominal.
Exame
> A colonoscopia, procedimento capaz de diagnosticar e mesmo tratar algumas lesões, evitando que elas se transformem em câncer.
Prevenção
> Atividade física, evitar alimentos processados, bebidas alcoólicas  e excesso de carne vermelha e  não fumar.
Fonte: Instituto Nacional de Câncer.
Tumor de estômago é mais raro
A morte da jogadora de vôlei Paula Borgo, de 29 anos, na última quinta-feira, vítima de um câncer de estômago acendeu uma dúvida: esse tipo de tumor é comum em mais jovens?
Especialistas afirmam que esse tipo de câncer é mais raro nos mais jovens. 
“O câncer gástrico não é comum nos jovens. Ele acomete mais homens, por volta dos 65 e 68 anos. O acometimento de pacientes jovens, não é a regra. Choca o fato da jogadora ter 29 anos”, afirma a gastroenterologista Renata Lugão.
Segundo a médica, dados do Instituto Nacional de Câncer  (Inca), apontam que o câncer de estômago é o  quarto tipo mais frequente entre homens e o sexto entre as mulheres.
“A mortalidade dele é muito alta. Geralmente, quando é feito o diagnóstico do câncer de estômago, ele está em um estágio mais avançado, porque não existem  programas de rastreamento para o câncer de estômago, como para o câncer de intestino, em que é feita a colonoscopia a partir dos 45 anos”, ressalta Renata.
A principal relação do câncer de estômago é com uma bactéria chamada H. pylori. 
“É uma bactéria comum na população brasileira, mais de 60% tem a infecção pelo H. pylori, mas o índice de câncer é baixo. Existem outras relações como o tabagismo, dieta rica em sal e compostos com nitrosaminas, como embutidos e enlatados, que são causadores do câncer de estômago. Também é um fator de risco o histórico familiar”, explica a médica.
“Dor (boca do estômago), náuseas, vômitos, sensação de saciedade precoce, anemia e sangramento, seja em vômitos ou pelas fezes, são sintomas. Perda de peso inexplicável, maior que 10% do peso, sem dieta e atividade física é um fator de alarme”, alerta.

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