China emite sinal de alerta: mundo está em desaceleração; será que o Brasil escapa?

China emite sinal de alerta de que a economia global está em desaceleração, mas Brasil pode ser não a ruim, mas a boa história do mundo  (Imagem: Canva / Montagem: Isabelle Santos)

Vem da China o sinal de alerta de que a economia global está em desaceleração. Os indicadores econômicos chineses sobre a balança comercial mostraram perda de tração das exportações em abril, lançando luz sobre um cenário sombrio no restante do mundo. 

Mas não foi só a demanda externa por produtos chineses que desacelerou. As importações do país asiático frustraram as expectativas de recuperação e caíram ao nível mais baixo em 12 meses. Ou seja, o consumo doméstico também está fraco.

Aliás, essa percepção foi reforçada pelos dados de inflação. Enquanto o índice de preços ao consumidor chinês (CPI) subiu ao ritmo mais lento em mais de dois anos no mês passado, a deflação na porta das fábricas (PPI) se aprofundou.  

Essa sequência de dados ruins mostrou sinais crescentes de desaceleração econômica – e não apenas na China. De um lado, o fraco aumento dos preços ao consumidor reforça os sinais vindos dos dados comerciais, sugerindo que o consumo dos chineses segue baixo. 

De outro, a queda do índice de preços ao produtor destaca a perda de tração nas fábricas – e, portanto, da demanda no mundo. “Dadas as perspectivas negativas para o exterior, as exportações vão cair ainda mais até chegar ao fundo do poço”, prevê a Capital Economics.

Ainda que tendências divergentes entre os setores industrial e de serviços na China tenham surgido desde o fim da Covid Zero, a queda nos preços das commodities, em especial do minério de ferro, aumenta a incerteza sobre a força da recuperação econômica interna.

E o Brasil?

Aliás, esse desempenho dos preços das commodities envia uma mensagem subliminar interessante sobre o sentimento no mercado de ações. “Como se sabe, o Ibovespa (IBOV) é um péssimo indicativo da economia brasileira – e do humor sobre o Brasil – devido ao peso das commodities no índice”, lembra o diretor-executivo de um banco estrangeiro.

Porém, os mesmos motivos que assustam os mercados lá fora, animam os investidores por aqui. Isso porque a inflação mais fraca – inclusive nos Estados Unidos – não afasta o temor de uma recessão, em meio à crise dos bancos regionais e ao impasse do teto da dívida. Já por aqui, a desaceleração do IPCA deixa a taxa Selic em 13,75% com os dias contados.

“E isso é extremamente importante entender”, emenda o profissional citado acima, em anonimato. Para ele, o Brasil está se desvinculando da deterioração econômica global. “Então, na minha opinião, ao contrário dos EUA (e dos países desenvolvidos em geral), a situação do país é bastante sólida”, emenda.

Até por isso, o desempenho da bolsa brasileira descolou-se do exterior nos últimos dias, chegando na última sexta-feira (12) com uma valorização próxima a 6% em cinco pregões. O movimento foi acompanhado da “virada de mão” dos investidores estrangeiros.

Depois de iniciarem maio sacando mais de R$ 2 bilhões da B3, os gringos injetaram recursos por quatro dias seguidos, reduzindo o déficit de capital externo no mês para menos de R$ 1 bilhão. “Isso vem confirmando a teoria otimista de que o Brasil é a boa história do mundo”, conclui o profissional.

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