IA preocupa mundo dos audiolivros

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A Inteligência Artificial (IA) já começou a transformar o mundo dos audiolivros, com sua capacidade de gerar locuções fluidas sem utilizar um narrador humano, uma novidade que preocupa os profissionais da voz.

Não há um selo para identificar a IA, porém segundo vários profissionais do setor, já circulam no mercado milhares de audiolivros concebidos a partir do banco de dados vocais.

Entre os programas mais avançados, Deepzen oferece um preço básico que pode reduzir a um quarto o custo de criação de um audiolivro em comparação com um projeto clássico.

Esta pequena empresa sediada em Londres trabalha com um banco de dados que eles mesmos criaram gravando as vozes de vários atores que foram solicitados a expressar uma variedade de diferentes emoções.

Todas as empresas contatadas pela AFP se defendem dessas práticas.

A startup texana Speechki propõe, além de utilizar suas próprias gravações, utiliza vozes extraídas de bancos de dados existentes, afirma seu diretor geral, Dima Abramov.

Essa segunda opção requer a assinatura de um contrato que inclui os direitos de uso, explica ele.

– “Conexão emocional” –

Consultadas sobre o assunto, as cinco principais editoras do mercado americano não responderam.

Mas, de acordo com profissionais entrevistados pela AFP, vários nomes do setor editorial tradicional já usam a chamada IA generativa, ou seja, capaz de criar, sem intervenção humana, textos, imagens, vídeos ou vozes a partir de conteúdos existentes.

“A narração profissional sempre foi essencial para ouvir na Audible e continuará sendo”, declarou uma porta-voz da gigante americana de audiolivros, subsidiária da Amazon.

“Dito isso, à medida que a tecnologia melhora, visualizamos um futuro em que a interpretação humana e o conteúdo gerado (com IA) podem coexistir.”

Muito focados em inteligência artificial, os gigantes tecnológicos estão envolvidos na florescente economia de audiolivros gerados por software.

No início do ano, a Apple lançou uma oferta de “narrativa digital”, destinada, segundo a empresa, a “tornar a criação de audiolivros mais acessível a todos”, em particular “a autores independentes e pequenas editoras”.

O Google oferece um serviço semelhante, descrito como “autonarração”.

“Precisamos democratizar a indústria editorial, porque neste momento apenas os nomes mais conhecidos se tornam audiolivros”, afirma Kamis Taylan.

“A narração sintética acaba de abrir a porta para todos os livros existentes que não foram gravados e para todos os livros futuros que nunca seriam gravados devido a limitações econômicas”, diz Dima Abramov, que estima que atualmente 5% dos livros são convertidos em audiolivros.

Esse crescimento do mercado também beneficiará os atores de voz, acrescenta. “Eles farão mais gravações e ganharão mais dinheiro.”

“Contar histórias, essencialmente, é permitir que os seres humanos se reconectem com sua humanidade”, defende Emily Ellet, diretora da Associação de Narradores Profissionais de Audiolivros. “A narração deve continuar sendo completamente humana.”

Para Tanya Eby, a narração de IA ainda “carece de conexão emocional. Há uma diferença real (em relação às gravações clássicas). Mas com o tempo, os ouvintes podem se acostumar”.

“Gostaria que as empresas deixassem claro para os ouvintes que estão ouvindo uma peça gerada por IA”, diz. “Que sejam honestos sobre isso.”

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