Violência no trânsito: Estudiosos recomendam calma, ensino e uso da direção defensiva para evitar brigas

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Em dois casos de brigas com vítimas em São Paulo, ciclista foi agredido por um motorista após ser fechado por ele; em outro, policial militar atirou e matou um caminhoneiro que manobrava para guardar veículo na transportadora. Estudiosos recomendam calma e direção defensiva para evitar brigas no trânsito
A violência no trânsito é causada, muitas vezes, por demonstrações de intolerância de uma das partes, ou ambas. Discussões que começam por pouca coisa acabam virando brigas sérias, que terminam em agressões e até em morte. Investir na educação no trânsito desde cedo, dentro e fora do carro, é apontado como a saída para evitar esse tipo de problema entre pessoas.
Os estudiosos em mobilidade urbana reforçam que para evitar se envolver em uma briga de trânsito é preciso não levar o estresse do dia a dia para dentro do carro. E na posição de motorista, praticar a direção defensiva. Os conceitos, que se aprendem durante o curso para tirar a carteira de habilitação, têm como objetivo justamente evitar esse tipo de situação.
“Um grande cuidado que a gente precisa tomar enquanto cidadão, enquanto gestor público, enquanto operador do sistema de mobilidade, mitigar esse tipo de situação. Ou seja, reduzir esse tipo de situação, para que uma pessoa não seja transportada de uma situação de infrator de trânsito para uma situação de criminoso, né?”, disse Paulo Guimarães, diretor do Observatório Nacional de Segurança Viária.
Em mais um retrato de intolerância no trânsito no Brasil, o motorista de um carro cinza estacionou em uma esquina no centro de São Paulo. Ele correu para alcançar uma bicicleta que estava do outro lado da rua. A partir daí, o motorista começou a chutar a bicicleta, que era do gestor de projetos João Guilherme Lacerda, que voltava do trabalho.
Imagens de câmeras de segurança mostraram João Lacerda sendo agredido pelo motorista de um carro
Reprodução/Jornal Hoje
João recordou parte da ocasião em que foi atacado pelo motorista. Os dois, de carro e de bicicleta, seguiam pela mesma rua e, após uma curva, ele quase foi derrubado pelo carro. Quando o ciclista reclamou da manobra, o motorista não gostou e, ao continuar o caminho dele, jogou o carro para cima da bicicleta. João respondeu, batendo no carro. E pensou que a discussão havia acabado.
“E aí, para mim passou. Fui embora, aí ele estacionou o carro, e aí que ele veio com esse ímpeto, completamente fora de si, violento para tal para cima de mim. Eu lembro que ele se afastou e, no que ele se afastou, ele voltou e voltou com muita raiva. E ali minha memória apagou”, relatou.
O que João não se lembra é que o motorista lhe deu um soco e ainda chutou o rosto dele. Depois, voltou para o carro e foi embora.
“Aí eu lembro de acordar depois. E aí que foi constatado que eu tive dupla fratura no meu queixo. E no dia seguinte já fiz uma cirurgia para pôr uma placa e vários pinos”.
Em outro caso, ocorrido no último dia 5, o pai de Gustavo Neves Batista, Roberto Carlos, manobrava o caminhão para estacionar na transportadora onde ele trabalhava, na Zona Leste de São Paulo. Um motorista não conseguiu passar e desceu do carro.
O caminhoneiro parou o caminhão em frente ao carro do motorista, desceu e quando se aproximou do veículo, levou um tiro.
Roberto Carlos manobrava o caminhão quando desceu para falar com o motorista de um carro que queria passar pela rua, e levou um tiro
Reprodução/Jornal Hoje
O motorista é um policial militar.
“Eu fico decepcionado, né. Policial é uma pessoa que era para estar ajudando. Arrumou uma briga com meu pai, por pouca coisa deu um tiro nele”, lamentou.
O delegado Glaucius Vinicius Silva recomenda que as pessoas sempre registrem o boletim de ocorrência em caso de brigas de trânsito para que o agressor responda, criminalmente, pela violência que praticar.
“Esses fatos têm que ser levados à Justiça. A Justiça tem que processar essas pessoas para que isso não fique impune. Porque a polícia, o Estado tem que intervir. Por isso que a polícia apura e encaminha tudo para o Poder Judiciário”, explicou.
Outro lado
A defesa de Edmilson Cristiano Miranda, o policial militar que atirou e matou o caminhoneiro Roberto Carlos Batista, não foi encontrada pela reportagem. Na delegacia, no entanto, o PM disse que o caminhoneiro fechou o carro dele, o ofendeu, levou à mão a cintura e disse que ele ia morrer. Edmilson responde, em liberdade provisória, pelo crime de homicídio doloso.
Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que a Polícia Civil está investigando a agressão sofrida pelo ciclista João Guilherme Lacerda e ainda não identificou o agressor. E que está aguardando o resultado do laudo pericial sobre as lesões sofridas pela vítima.
Assista às reportagens do Jornal Hoje:

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