Dia das Mães: Após adotar criança com autismo, mulher cria instituto para apoiar pessoas com TEA no litoral de SP

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A partir da adoção do pequeno Noah, Danúbia Fernanda passou lutar pela causa do autismo e criou um instituto para atender gratuitamente crianças autistas em São Sebastião, no Litoral Norte de SP. Dia das Mães: Após adotar criança com autismo, mulher cria instituto para apoiar pessoas com TEA no litoral de SP.
Arquivo pessoal
A fisioterapeuta Danúbia Fernanda, de 39 anos, se tornou engajada na causa do autismo após se tornar mãe. Ela adotou o Noah quando ele ainda era bebê e foi surpreendida com o filho sendo diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diante das dificuldades que enfrentou, resolveu criar um instituto para apoiar e atender crianças com autismo.
Danúbia conta que sempre sonhou em ser mãe e que processo de adoção foi tranquilo, mas que logo nas primeiras visitas para conhecer o Noah, percebeu que o menino não tinha alguns reflexos e apresentava atrasos. Após investigações, descobriu que ele estava dentro do espectro.
O diagnóstico não desanimou, pelo contrário, foi a motivação para Danúbia criar a Integra – Associação de Apoio à Criança Autista, em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, onde ela e o filho, que hoje tem seis anos, residem.
Danúbia ao lado do filho Noah.
Arquivo pessoal
Sonho de ser mãe
Em 2017, Danúbia realizou o cadastro para adoção e conta que o processo foi rápido. O Noah chegou em 2018, após nove meses habilitada. “Sempre sonhei em ser mãe e no meu coração eu sabia que um dia eu iria adotar”, disse.
No começo, aconteceram as visitas de aproximação até sair a adoção provisória. Em um ano, Danúbia já estava com a guarda definitiva.
“Quando nos conhecemos, os primeiros minutos uma pergunta ecoou na minha cabeça: ‘o que você vai fazer na vida dessa criança?’”. Ela conta que a sensação que deu foi de medo. E ao fazer uma perguntar para aquele pequeno bebê, recebeu apenas um olhar, mas ali soube que ele era seu filho. “O sentimento que me tomou foi outro”, relembra.
Noah foi diagnosticado com autismo.
Arquivo pessoal
Descoberta do autismo
Por ser fisioterapeuta, logo nas primeiras visitas percebeu que Noah não tinha alguns reflexos e apresentava atrasos. No começo surgiu a dúvida do que poderia ser, já que as técnicas do abrigo também não sabiam dizer se era falta de estímulo, algum atraso ou alguma questão mais delicada.
“Nesse momento eu não me importava, estava disposta a fazer o que fosse necessário para que ele se desenvolvesse. Transtornos do desenvolvimento só ficam evidentes com o passar dos anos, com o desenvolvimento da criança”, explica a fisioterapeuta.
As estimulações começaram já na segunda visita, em consultório médico. Quando o processo de adoção chegou no final e o Noah foi para a casa, uma corrida contra o tempo iniciou, a nova mamãe partiu para uma bateria de exames. O resultado veio com um ano e seis de meses de idade, Noah foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“Receber o laudo é um alívio por um lado, mas pelo outro vem o medo, do que as pessoas vão pensar, como será o desenvolvimento, meu filho um dia vai levar uma vida ‘normal’? São perguntas que todas as mães de atípicos enfrentam”, disse
“Graças a Deus Ele me deu capacitação e discernimento para optar pela terapia correta e por ter sido de maneira precoce, os resultados foram excelentes. Essa evolução que me mantém firme no propósito da Integra”, relata Danúbia.
Danúbia criou associação para atender autistas em São Sebastião, SP.
Arquivo pessoal
Associação
A Integra Associação de Apoio à Criança Autista surgiu no final de 2019 depois de um ano que o Noah estava fazendo a terapia “Applied Behavior Analysis”, mais conhecida como ABA. Ao g1, Danúbia contou que apenas mais três crianças autistas no município faziam esse método.
“Eu por muitas vezes ia para São José duas ou três vezes na semana, fazia bate e volta para ele fazer integração social e isso estava me consumindo. Então me veio a ideia de buscar outras mães na mesma situação para tentarmos algo público e de mais fácil acesso no município”, disse.
Ao todo, são 79 associados de idade entre 3 e 22 anos, divididos entre colaborador, que ajudam financeiramente e não tem filhos ou parentes dentro do espectro e, os usuários, que são famílias de autistas. Para ser associado basta preencher uma ficha e entregar alguns documentos.
Hoje, está sendo construído um espaço fixo para os atendimentos, as obras estão acontecendo desde 2021 e já está 70% concluída, mas não é possível falar quando será entregue, já que associação é sem fins lucrativos, depende de doações e ações para arrecadação de dinheiro.
Desafios
“Desafios são muitos, mas graças a Deus eu tenho total apoio da minha da minha família. Foi uma adoção em família. Brincamos que ele é a minha encomenda e meu pacotinho”, conta.
O maior desafio que eles enfrentam é o acesso, uma região que, segundo a mãe, falta profissionais capacitados em autismo tanto na rede pública como na privada.
“Mães como eu, que para algumas são guerreiras, para outros somos barraqueiras, encrenqueiras em vários lugares, tudo pela busca pelos direitos dos nossos filhos na educação, saúde e lazer”, relata.
Outros papéis além de mãe
Além de ser mamãe do Noah e fisioterapeuta, Danúbia é palestrante, ativista, aplicadora do método ABA, Analista do Comportamento, Coordenadora ABA, Presidente da Associação Integra e “Não posso deixar de ser a Danúbia, com suas vontade e gostos, filha e mulher”, conta.
A causa autista faz parte da vida dela, que vive o espectro diariamente, como ela mesma diz. “O autismo transforma de várias maneiras. Eu precisei me capacitar profissionalmente em autismo, para poder colaborar com o desenvolvimento do Noah”, afirmou.
“Quando optamos pela maternidade através da adoção, precisamos olhar para a realidade com o coração aberto e os pés no chão”, completou.
*Sob supervisão de Alice Aires
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