Ciclone Mocha, de categoria 5, atinge Mianmar e Bangladesh

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O ciclone Mocha, de categoria 5, a máxima, chegou neste domingo (14) à costa de Mianmar e de Bangladesh, no Golfo de Bengala, onde centenas de milhares de pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas e transferidas para abrigos.

Mocha atingiu o solo entre as cidades de Cox’s Bazar (Bangladesh), onde quase um milhão de refugiados rohingya vive em precários acampamentos, e Sittwe (Mianmar).

O ciclone registra ventos de até 259 quilômetros por hora, o que o inclui na categoria mais alta da escala Saffir-Simpson, de acordo com o Centro Conjunto de Advertência de Tufões dos Estados Unidos.

Mocha ameaça os acampamentos onde centenas de milhares de refugiados muçulmanos rohingya estão confinados, provocando uma corrida contra o relógio para sua retirada a tempo.

“Nossas casas do acampamento, feitas de bambu e lona, podem ser levadas com ventos leves (…) Estamos com medo”, disse Mohammad Sayed, de 28 anos, no campo de refugiados de Nayapara, em Cox’s Bazar.

“O vento está ficando mais forte”, disse à AFP Kyaw Kyaw Khaing, um socorrista em Pauktaw, onde cerca de 3.000 pessoas buscaram abrigo após deixarem Sittwe, na costa oeste do estado de Rakhine, em Mianmar.

“Entregamos comida suficiente para uma ou duas refeições aos que foram levados para abrigos temporários. Acho que não conseguiremos enviar comida hoje por causa das condições meteorológicas”, acrescentou.

– ‘Grande resposta de emergência’ –

No sábado (13), os moradores de Sittwe colocaram seus pertences e animais de estimação em carros, caminhões e outros veículos, em busca de terrenos mais altos, observaram jornalistas da AFP no local.

Mocha pode causar ondas de até quatro metros.

As autoridades puseram 190.000 a salvo em Cox’s Bazar, e quase 100.000, em Chittagong, a segunda maior cidade de Bangladesh, disse o comissário de divisão, Aminur Rahman, no sábado, à AFP.

Moradores de Yangoon, capital econômica de Mianmar, a 500 km de distância, disseram neste domingo que podiam sentir a chuva e o vento. A Cruz Vermelha birmanesa disse estar se preparando “para uma grande resposta de emergência”.

Refugiados rohingya foram retirados de “zonas de risco” e levados para centros comunitários, enquanto milhares de pessoas fugiram da ilha turística de Saint Martin, localizada na trajetória prevista do ciclone.

“Este ciclone é a tempestade mais forte desde o ciclone Sidr”, afirmou o diretor do Departamento Meteorológico de Bangladesh, Azizur Rahman, em entrevista à AFP.

Em novembro de 2007, Sidr devastado o sudoeste de Bangladesh, deixando mais de 3.000 mortos e bilhões de dólares em danos.

As autoridades de Bangladesh proibiram esses refugiados de construírem casas, temendo que se instalassem de forma permanente, em vez de voltar para sue país, de onde fugiram em 2017.

– Pânico –

Os meteorologistas preveem que o ciclone cause chuvas que podem inundar vilarejos na costa e às margens de rios.

A maioria dos acampamentos rohingya é construída na encosta de uma colina, e os deslizamentos de terra são frequentes na área.

As autoridades locais informaram que milhares de voluntários retiraram os rohingyas das “áreas de risco”, levando-os para estruturas mais sólidas, como escolas.

O vice-comissário de refugiados de Bangladesh, Shamsud Douza, advertiu, por sua vez, que “todos os rohingyas em acampamentos estão em perigo”.

Em Mianmar, esses refugiados também estão se preparando.

“Estamos muito preocupados. Podemos ficar em perigo, se o nível da água subir”, declarou o responsável por um acampamento perto de Kyaukpyu, no estado de Rakhine.

As operações no maior porto marítimo do país, o Chittagong, foram suspensas, e as atividades de navegação e pesca, interrompidas.

Os ciclones, chamados furacões no Atlântico, e tufões, no Pacífico, são uma ameaça frequente e mortal nos litorais do norte do Oceano Índico, onde vivem dezenas de milhões de pessoas. Em 2008, o ciclone Nargis arrasou o delta do Irrawaddy, em Mianmar, deixando pelo menos 138.000 mortos.

burs-rma/hgs/pc/tt

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