Delegado que atirou em ambulante em Fernando de Noronha é indiciado por lesão corporal gravíssima; vítima teve perna amputada


Luiz Alberto Braga atirou em Emmanuel Apory durante festa de samba na ilha no dia 5 de maio. Inquérito foi concluído pela Polícia Civil e remetido ao Ministério Público de PE. Delegado Luiz Alberto Braga em imagem de arquivo
Ana Clara Marinho/TV Globo
O delegado Luiz Alberto Braga foi indiciado por lesão corporal gravíssima por ter atirado no ambulante Emmanuel Apory, de 26 anos, em Fernando de Noronha, no dia 5 de maio. O jovem teve a perna direita amputada após ser atingido por dois tiros em uma briga com o policial em uma festa de samba na ilha.
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A conclusão do inquérito pela Polícia Civil foi confirmada ao g1, nesta quinta-feira (29), pelo delegado Marcos de Castro, que comandou a investigação em conjunto com o delegado Sérgio Ricardo Vasconcelos.
“O delegado Luiz Alberto Braga foi indiciado por lesão corporal gravíssima. Nós remetemos o inquérito ao promotor de Fernando de Noronha, Fernando Matos”, declarou Marcos de Castro, que preferiu não dar detalhes sobre o relatório final da investigação.
Luiz Alberto Braga brigou com Emmanuel Apory no Forte dos Remédios (veja vídeo abaixo). O motivo do desentendimento seria ciúmes por causa de uma mulher. O morador da ilha passou por quatro cirurgias, no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central do Recife, para onde foi transferido após ser levado ao Hospital São Lucas, em Noronha.
Delegado discute e atira em morador de Fernando de Noronha
O que dizem as defesas dos envolvidos
O advogado do delegado Luiz Braga, José Augusto Branco, enviou ao g1 uma nota sobre o indiciamento. “É absurda a postura dos delegados, que não se atêm aos fatos nem às provas cabais — especialmente o vídeo do momento do fato — os quais comprovam que Luiz Alberto agiu em legítima defesa sucessiva”, disse.
Ainda no texto, José Augusto Branco acrescentou que os delegados que investigaram o caso, para “dar uma satisfação à opinião pública, promovem esse indiciamento absurdo, o que demonstra que os delegados de Pernambuco estão totalmente desamparados no exercício de suas funções no combate ao crime”.
O advogado Anderson Flexa, que defende Emmanuel Apory, também comentou a conclusão do inquérito. “Um grande passo já foi dado: reconhecer que a ação do delegado foi ilegítima, que não houve assédio ou importunação por parte do Emmanuel, e que não é causa de legítima defesa do delegado Luiz Alberto”, declarou.
Anderson Flexa também repassou informações sobre o andamento do processo. “Ainda é preciso convencer os promotores de que se trata de uma tentativa de homicídio, essa é a nossa tese e com certeza é aquela que vamos lutar até o fim. Vencemos um luta, mas ainda tem uma grande batalha pela frente”, afirmou.
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Promotoria
O relatório da Polícia Civil com a conclusão do inquérito foi encaminhado ao promotor Fernando Matos, que está de férias, mas falou com o g1 sobre o encaminhamento do caso.
“Por conta das minhas férias, eu ainda não recebi a conclusão do inquérito. Devo retornar a Noronha no dia 6 de junho. Vou averiguar se será necessária alguma diligência complementar ou não. Se estiver tudo certo, o próximo passo será elaborar a denúncia, se é lesão corporal grave, ou gravíssima ou tentativa de homicídio”, disse o promotor Fernando Matos.
Entenda o caso
Emmanuel perdeu a perna
Anderson Flexa/Acervo pessoal
O caso aconteceu no dia 5 de maio, após uma briga que teria sido motivada por ciúmes;
Luiz Alberto Braga, que estava em Fernando de Noronha a serviço tirando férias do delegado titular da ilha, estava acompanhado de uma mulher e acusou Apory de tê-la assediado;
Uma câmera de segurança mostrou o momento em que Emmanuel foi abordado por Luiz Alberto Braga;
Apory levou um tapa e, em seguida, partiu para cima do policial, que atirou;
O rapaz tentou fugir, mas não teve forças numa das pernas, que estava ferida pelos disparos;
Emmanuel recebeu atendimento no Hospital São Lucas, na ilha, e foi transferido de avião para o Hospital da Restauração, no Recife, de onde teve alta no dia 22 de junho;
O delegado está respondendo processo administrativo disciplinar especial, aberto na Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS);
A SDS afastou Braga por 120 dias e determinou o recolhimento das armas e da identificação funcional dele.
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