‘Energia de mini bomba atômica’, diz cientista planetário sobre meteoro visto na China


Considerado um superbólido, fenômeno luminoso de magnitude similar foi visto no Rio de Janeiro em 2015. Moradores registraram o momento em que o meteoro atravessa o céu na China
A noite de ontem (28) em uma província chinesa virou dia por alguns instantes, quando uma bola de fogo riscou o céu, dispersando animais e pessoas.
O evento, classificado como um meteoro superbólido, foi tão intenso que sua energia foi comparada à de uma “mini bomba atômica” explodindo na atmosfera. É assim que o cientista planetário e coordenador do projeto brasileiro de pesquisas de meteoro EXOSS, Marcelo De Cicco, descreve o fenômeno.
Do meteoro comum ao superbólido
De acordo com o cientista, a palavra meteoro se refere a qualquer fenômeno luminoso observado na atmosfera, de estrelas-cadentes a bolas de fogo, como a presenciada pelos chineses.
Eles são, em sua maioria, pequenos pedaços de rocha ou gelo –detritos deixados pela passagem de cometas que, ao se aproximarem do Sistema Solar, aquecem, vaporizam e liberam esses pedaços, cujos tamanhos podem variar entre grãos e rochas.
“A Terra, por uma questão de geometria, atravessa algumas dessas passagens antigas de cometas que vão deixando detritos. Quando isso acontece, esses detritos entram em altíssima velocidade – de 20 mil km/h até 70 mil km/h–, uma vez que junta a velocidade do detrito com a velocidade da Terra”, explica De Cicco.
Quando esses meteoros têm o tamanho de um feijão (no máximo 1 cm), são chamados de estrela-cadente. Eles se iluminam intensamente ao entrar na atmosfera devido à energia cinética liberada.
No entanto, o que clareou o céu chinês não foi uma simples estrela cadente. Marcello detalha que existem categorias maiores.
Bolas de fogo, como a vista na China, são meteoros deixados por cometas ou asteroides. Eles são mais duros e densos que as estrelas-cadentes, o que os permite sobreviver por mais tempo à penetração atmosférica.
Devido ao ângulo de entrada, eles podem se locomover mais lentamente. Além disso, nesse processo, se iluminam muito, se transformando em meteoros extremamente brilhantes.
Entre as categorias de bolas de fogo, existem os chamados bólidos, que nada mais são que bolas de fogo de magnitude inferior à de Vênus. Isso faz com que o brilho delas seja maior e mais visível.
“Vênus tem magnitude -4, então chamamos de bólidos aqueles de magnitude entre -5 e -7”, explica o astrônomo.
Quando essa magnitude é ainda mais inferior e chega a índices como -15, o brilho se intensifica absurdamente, e os bólidos passam a ser chamados de superbólidos.
Foi o caso do meteoro visto na China.
“Os superbólidos têm brilho quase lunar, eles clareiam o céu”, explica.
Meteoro faz noite virar dia na China
Reprodução/X
Energia de uma “mini bomba atômica”
Ainda segundo o cientista planetário, o superbólido visto ontem por chineses era uma rocha grande, de tamanho médio de 1 metro –e com centenas de quilos.
“A energia liberada por um fenômeno dessa magnitude é colossal. Esse tem energia similar a de uma mini bomba-atômica.”
Rio de Janeiro presenciou superbólido similar em 2015
Em 2015, uma bola de fogo um pouco maior que a presenciada pelos chineses foi vista cruzando o céu da região oceânica do Rio de Janeiro.
O meteoro durou cerca de 5 segundos até se desintegrar sobre a atmosfera terrestre. Seus detritos caíram a cerca de 200 quilômetros da costa.
“O céu virou dia”, conta De Cicco, que presenciou ao vivo o fenômeno.
Quais as chances de ser atingido por um?
Apesar da grandiosidade do fenômeno e da energia liberada, a chance de um meteorito atingir uma pessoa é extremamente baixa, “menor do que um raio cair na cabeça”, diz Marcello, citando um caso no Uruguai onde uma rocha caiu e apenas quebrou a televisão de um morador.
“Pode acontecer, é claro, mas é uma situação rara.”
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