Streptococcus: entenda o que são as bactérias investigadas em mortes de crianças em São João del Rei

O infectologista Marcos Moura explicou sobre as bactérias investigadas pela Vigilância e Funed: a Streptococcus pyogenes e a Streptococcus sp. alfa-hemolítico. Estão em investigação os óbitos de três crianças, de 3, 9 e 10 anos, que ocorreram nos últimos dois meses. Ilustração em 3D mostra a bactéria Streptococcus pyogenes
Jennifer Oosthuizen/CDC
A morte de três crianças e a internação de outras quatro com sintomas de infecção bacteriana em São João del Rei tem causado apreensão em muitos pais não apenas da cidade. O infectologista Marcos Moura explicou sobre as bactérias investigadas pela Vigilância e Funed: a Streptococcus pyogenes e a Streptococcus sp. alfa-hemolítico. (entenda mais abaixo).
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Streptococcus sp. alfa-hemolítico
Marcou Moura explica que o grupo alfa é composto por várias bactérias, desde infecção urinária até endocardite, que apesar de não ser o mais comum, sem o tratamento adequado pode gerar aspecto sistêmico grave.
“Nesse grupo tem desde bactérias relacionadas a animais, como o enterococcus, que é uma bactéria animal, temos também bactérias do leite e claro, as humanas”, disse.
Sobre o tratamento, o médico disse que é feito a base de penicilina, com exceção das formas mais graves, em que só o antibiótico não resolva.
Streptococcus pyogenes
De acordo com o infectologista, trata-se de uma bactéria comum, de fácil contágio e que, se diagnosticada rapidamente, pode ser tratada e dificilmente será letal. A transmissão acontece por inalação de gotículas de secreções do nariz ou da garganta que são dispersas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.
Outra forma de contágio é o contato com feridas ou úlceras infectadas na pele. Entre os principais sintomas estão:
amidalite;
febre;
dor no corpo;
náuseas e vômitos;
infecções de pele;
O médico explicou ainda que há uma variação no período entre o contato da pessoa com a bactéria e o início dos sintomas, sendo que em alguns casos pode nem mesmo haver infecção, pois ela depende da condição de saúde do indivíduo.
“É uma incubação. A princípio, a infecção é uma permissividade do hospedeiro, porque ela coloniza e pode não infectar, mas aí é uma infecção, se for ativa, entre 24 e 72 horas os sintomas se manifestam, leves e que depois vão piorando.”
Em relação ao tratamento, o infectologista afirmou que ele pode ser feito, dependendo do caso, com dose única de penicilina, no entanto, devido à semelhança dos sintomas com outras doenças, é importante que não seja feita a automedicação.
Fechamento de escolas
A Prefeitura de São João del Rei decidiu na tarde de terça-feira (24) pelo fechamento das escolas municipais, após morte de três crianças e internação de outras quatro serem investigadas. Anteriormente, mães de estudantes se reuniram para pedir o fechamento.
De acordo com a Prefeitura, as instituições passarão por uma desinfecção e limpeza generalizada a partir desta quarta-feira (25). A previsão é de que as aulas retornem no dia 6 de novembro.
Ao g1, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou que após nota técnica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) decidiu manter o funcionamento das escolas estaduais, por avaliar que não há risco de surto.
Mortes em investigação
De acordo com a Prefeitura, as mortes foram registradas nos últimos dois meses. Os óbitos estão em investigação e os exames coletados foram encaminhados para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.
As vítimas são três crianças, de 3, 9 e 10 anos de idade. A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o “município não está enfrentando um surto” e que ainda não existe comprovação do que pode ter provocado os óbitos.
Disse, ainda, que não há vínculo epidemiológico entre as crianças. Não foi informado se as crianças que morreram estudavam na mesma escola.
Sintomas em comum
Há crianças apresentando sintomas de amigdalite, febre, vômito, manchas ou erupções na pele, que passaram, em sua maioria, por avaliação médica na rede pública ou privada, e que se encontram estáveis.
Medidas de higiene e desinfecção
Diante da situação, a Prefeitura recomendou medidas protetivas como:
higienização das mãos;
uso do álcool 70%;
não compartilhar objetos pessoais (copos, garrafinhas, talheres, etc.);
manter o esquema vacinal de acordo com o calendário nacional de imunização.
Orientou também que pais e responsáveis não devem encaminhar as crianças com sintomas para as atividades escolares e buscar atendimento médico.
Em caso de dúvidas, procurar a unidade de saúde de referência mais próxima, a Secretaria Municipal de Saúde ou o CIEVS através do telefone (31) 99744-6983.
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