Veja quem são milicianos que tomaram áreas que eram de Tandera

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Danilo Dias Lima é investigado desde 2016 por organização criminosa, homicídios e lavagem de dinheiro. Criminoso é o mais procurado do Estado, só foi preso duas vezes, e em uma delas fugiu. Tandera e seus disfarces: peruca, boina óculos e rosto coberto para matar inimigos. Criminoso está foragido
Reprodução
O miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera, é um dos criminosos mais procurados pelas delegacias especializadas e distritais que tentam combater as milícias na Baixada Fluminense. Fontes no Ministério Público e na Polícia Civil, no entanto, não sabem dizer qual é o paradeiro atual do miliciano, que está isolado. Enquanto isso, já surgem lideranças que tomam áreas que antes eram dominadas por Tandera (veja abaixo).
Em agosto de 2022, a morte de Delson Lima Neto, o Delsinho, durante uma operação da Polícia Civil em Nova Iguaçu, foi um duro golpe para a milícia de Tandera.
Desde então, não há sinais do paradeiro do miliciano, que não está mais no controle da organização criminosa em bairros de Nova Iguaçu.
Segundo o MP, a milícia foi assumida por Gilson Ingrácio de Souza Júnior, o “Juninho Varão”, que até então era um dos homens fortes de Danilo.
Em Seropédica, o domínio passou a ser do miliciano Tauã de Oliveira Francisco, conhecido como Tubarão. Segundo investigações da Polícia Civil, a quadrilha de Tubarão absorveu parte criminosos que estavam com a milícia de Tandera.
Varão e Tubarão, em suas respectivas áreas, enfrentam os ataques da quadrilha de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia do Rio.
Cartaz de procurado de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia do Rio de Janeiro
Reprodução/Portal dos Procurados
Saiba mais sobre os criminosos que assumiram áreas que eram dominadas por Tandera:
Juninho Varão
Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão
Reprodução/Arquivo Pessoal
Gilson Ingrácio de Souza Junior, conhecido como Juninho Varão, segundo o Ministério Público, deu um golpe em Danilo e assumiu o comando da milícia em bairros como Cabuçu, Palhada, Valverde e Grão Pará, em Nova Iguaçu.
Varão tem diversas passagens por homicídio, tortura e organização criminosa, e era responsável pelo controle financeiro da quadrilha, além de participar diretamente da compra de armas e munições.
Em 2021, o nome de Varão já era citado em denúncias feitas ao G1 como um dos integrantes da milícia que explorava e ameaçava moradores de condomínios em Nova Iguaçu.
Condomínio do Minha Casa Minha Vida em Nova Iguaçu, em foto de 2021.
Arquivo Pessoal
Entre 2019 e 2020, de acordo com investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, ele comandava a organização criminosa nos bairros Danon, Conjunto da Marinha, Dom Bosco e Grão Pará.
Varão também estava presente em uma reunião feita entre Tandera e pré-candidatos nas eleições de 2020 na Baixada Fluminense. Danilo, à época, queria expandir sua atuação também para a política.
Tubarão
Tauã de Oliveira Francisco, o Tubarão
Reprodução/Arquivo Pessoal
Tauã de Oliveira Francisco, de 25 anos, é conhecido como Tubarão e considerado o atual chefe de uma milícia que atua em Seropédica e parte de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Era integrante da milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, até dezembro de 2022. Foi autuado dentro de um carro roubado no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste. Na casa de Tauã, foi encontrado fardamento militar.
A ação foi efetuada por policiais da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar Especializada na Investigação de Narcomilícia e Crimes Complexos , ligada à Corregedoria da Polícia Militar. Os agentes levaram Tauã para a 42ª DP (Recreio) e, posteriormente, para a 16ª DP (Barra da Tijuca).
No entanto, os policiais não fizeram o auto de prisão em flagrante, porque não conseguiram determinar se o veículo, um Hyundai Creta branca, era de fato roubado.
O veículo foi levado para ser periciado na Delegacia de Repressão a Furtos de Automóveis (DRFA) e Tauã foi liberado.
Semanas depois, Tauã foi até o KM 32 da antiga Estrada Rio-São Paulo, dominada pela milícia de Zinho, e tomou parte do território em Nova Iguaçu. Milicianos rivais foram mortos pela quadrilha de Tubarão.
A partir daí, segundo a polícia, aumentaram os confrontos na região entre as milícias de Zinho e Tubarão, que contou com a ajuda de traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) em alguns embates contra o antigo chefe.
” É uma das regiões mais instáveis da Baixada Fluminense, onde há essa disputa territorial”, afirmou o delegado André Neves, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
Tauã também é investigado por envolvimento em ataques a motoristas de van em Campo Grande. As autoridades também investigam a informação de que ele exige que todos os carros andem com vidros abaixados na região sob pena de “levar bala” se a ordem não for cumprida.
Histórico de crimes de Tandera
Danilo foi preso duas vezes, em 2013 e 2015 por porte ilegal de arma de fogo e munições quando ainda era mais conhecido como “Danilo do Jesuítas”, sub bairro onde foi criado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
Entre 2012 e 2016, Tandera já aparecia em inquéritos e processos judiciais como integrante da milícia “Liga da Justiça”, que foi criada no seu bairro de origem e também em Campo Grande, bairro vizinho.
A partir de 2018, Danilo Dias Lima passou a ser alvo da Polícia Civil em operações contra a lavagem de dinheiro da milícia em Seropédica e Nova Iguaçu.
Uma casa, avaliada em R$ 2 milhões, foi apreendida. Em 2019, um sítio de Danilo em Seropédica, com valor estimado em R$ 1,3 milhão, teve o mesmo destino.
O “Rancho Taboa”, localizado na rua Prados Verdes, em Nova Iguaçu, estava, segundo a polícia, em nome de um “laranja” de Danilo.
Cavalos foram apreendidos em sítio em Nova Iguaçu
Divulgação
O estabelecimento tinha pelo menos 12 cavalos da raça Mangalarga Marchador avaliados em, no mínimo, R$20 mil cada um.
Em 2020, agentes do Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro prenderam responsáveis por movimentar R$ 191 milhões para lavar dinheiro da milícia entre 2016 e 2020.
Parceria e rompimento com Ecko
Wellington da Silva Braga, o Ecko: de aliado a inimigo até sua morte em 2021
Reprodução
Depois que o miliciano Carlinhos Três Pontes morreu e seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, assumiu a milícia de Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste, Tandera se tornou fundamental para a expansão territorial do grupo.
“O Tandera é o grande articulador do projeto de expansão da milícia da Zona Oeste para a Baixada Fluminense”, afirmou, em 2020, o promotor Fábio Corrêa, atualmente lotado no Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Tandera foi, durante anos, um dos principais nomes da “franquia” da milícia da Zona Oeste em Seropédica e em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Tandera posa com corpos ao fundo e uma cabeça
Reprodução
A atuação do grupo sempre foi marcada pela crueldade e pelo deboche.
Durante as investigações que resultaram na operação Epilogue, o MP reuniu fotos e vídeos em que Tandera aparece decapitando inimigos, atirando em jovens que seriam suspeitos de roubos em áreas dominadas por ele, e debochando ao fazer pose ao lado dos corpo.
Em uma das fotos, Tandera aparece fazendo uma selfie diante de seis corpos decapitados.
No entanto, em 2020 Ecko e Danilo romperam a parceria ,devido à falta de apoio de Ecko em guerras na Zona Oeste e discordâncias em relação a alianças com traficantes.
Quando Ecko morreu em junho de 2021, Tandera virou o criminoso mais procurado do Rio.
Recompensa por informações que possam levar à prisão de Tandera aumentou de R$ 1 mil para R$ 5 mil
Portal dos Procurados/Divulgação
Especialista aponta necessidade de desarticular quadrilhas
No especial “Franquia do Crime”, feito pelo g1 em 2018, o sociólogo Ignacio Cano chamava atenção para a política empregada para combater grupos paramilitares. Segundo ele, não basta apenas prender uma ou outra liderança, mas desarticular a quadrilha para que novos elementos não venham a assumi-la.
“A estratégia de militarização e ocupação temporária de espaços, até consegue prender algumas pessoas, às vezes até a cabeça da organização, mas não consegue desestruturá-la, e não consegue, em geral, impedir que ela mantenha o controle desse território”, disse Cano.

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