Maternidade atrás das grades: a vida de mães que deram à luz em uma cadeia no ES

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Mães detentas do Centro Prisional Feminino de Cariacica, na Grande Vitória, relatam sobre como é ter um filho dentro da prisão e sobre o período que elas ficam com os bebês. Mães detentas contam como é ter um filho dentro da prisão
O que o sorriso de um bebê é capaz de despertar? No coração de uma mãe, pode significar tantas coisas, e recomeço é uma delas. As internas do presídio feminino em Cariacica, na Grande Vitória, acreditam que ser mãe, durante o período em que estão presas, é uma nova esperança.
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“É uma mistura de sentimentos. Cada sorriso é uma esperança. É uma renovação que nos dá, mediante a tanta atribulação que a gente passa no nosso dia a dia. É mais um gancho pra gente saber que a gente tem que seguir”, contou a Jéssica Raiany, detenta e mãe da pequena Helena.
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No caso da Jéssica e das outras mamães, os bebês trazem um novo sentido à maternidade. Todas as mães detentas já têm outros filhos, mas esses são diferentes. Nasceram dentro da penitenciária onde elas cumprem pena.
“A Helena chegou pra mudar o meu eu e o meu ego. No mundo lá fora, a gente acaba sendo mais fria, mais calculista com as cosias, e deixa o sentimento um pouco de lado. Então, ela me trouxe de volta o renovo amoroso, a lágrima que rola. É bem diferente”, disse Jéssica.
Jéssica com a filha Helena que ela teve dentro do presídio
Reprodução/TV Gazeta
Isabela dos Santos veio parar na penitenciária sem saber que estava grávida. Durante um exame preventivo, soube que lá estava o Davi, mostrando uma oportunidade para recomeçar na vida.
“É uma rocha pra poder me manter de pé. Porque eu acho que eu não conseguiria. No começo, achei que seria um pouco mais fácil. Mas vai passando o tempo, vai ficando difícil. E aí, com o nascimento dele, melhorou 100%. Me deu uma força de continuar, de não desistir”, relatou Isabela dos Santos Bonfim, mãe do Davi.
No Espírito Santo, os bebês permanecem com as mães dentro do presídio apenas até os seis meses de vida.
Durante esse tempo, tanto os bebês como as mães ficam em um alojamento materno-infantil, que é bem diferente do resto do presídio.
O objetivo é dar às crianças os direitos que elas têm e dar às mães a oportunidade de que elas sejam mães, mesmo enquanto estão cumprindo pena.
Virgínia cuida da filha dentro do alojamento infantil no presídio feminino
Reprodução/TV Gazeta
O alojamento tem berço, roupa de cama decorada, pinturas na parede e brinquedos.
Virgínia Costa Rodrigues aproveita todos os momentos com a Lara, de quatro meses. Sabe que daqui a pouco, provavelmente, vai ter que despedir.
“A gente tem que se preparar. A gente vai conversando e se preparando, uma a outra. Querendo ou não a gente tem que ter desde o começo.”
“Não adianta, eu tenho a ciência de que ela vai pra casa. Não adianta se preparar em cima da hora não. Porque eu já vi crianças indo embora e é brabeza e dureza”, comentou Virgínia.
Pequena Lara pronta para ensaio fotográfico newborn
Reprodução/TV Gazeta
Para Virgínia, esse tempo dentro do presídio escancarou o que é a maternidade.
“Aqui a gente aprende a ser mãe de verdade, na verdade. Lá fora a gente é mãe, mas tem avó, tem mãe, tem tia pra ajudar, tem irmão. Aqui não. Aqui é eu por ela e ela por mim”, acrescentou Virgínia.
E assim as mães detentas vão criando uma nova perspectiva, mesmo que ainda dentro da prisão.
“A gente pensa tudo que a gente perdeu lá fora e agora quer reconstruir do zero, pelos filhos. É um incentivo a mais”, afirmou Jéssica.
Mãe detenta cuida de filha
Reprodução/TV Gazeta
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