A maternidade traz consigo lembranças que não tem preço e momentos inesquecíveis. Contudo, em uma sociedade patriarcal e machista, não se pode ignorar a cobrança que passa a existir em cima da mãe – principalmente da mãe solo. Quando o assunto é sexo, então, trata-se de um direito que é praticamente tirado da mulher aos olhos de grande parte das pessoas.
Tanto no que diz respeito a ser vista como um ser sexual pela sociedade de uma forma geral quanto no que tange a não ser vista de forma diferente por possíveis parceiros (o que não chega a ser uma questão para pais solo, vale lembrar), as mães precisam lidar com uma mudança brusca em seu modus operandi sexual.
Foi o caso de Patrícia*, de 25 anos. A primeira ressignificação que a brasiliense precisou fazer após saber que seria mãe foi do autoprazer, uma vez que durante e depois da gestação, o corpo feminino passa por diversas mudanças.
“Meu corpo mudou muito. Meu toque mudou, e em um primeiro momento eu não encontrava ali o que eu já conhecia. Foram muitas fases, mas principalmente depois do parto precisei treinar o me reconhecer como mãe, com outras demandas e preocupações”, explica.
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Em uma sociedade machista, as mães costumam ser julgadas por suas escolhas sexuais
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Em aplicativos de paquera, muitas mulheres sofrem ghosting após dizerem que são mães
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Muita gente não vê as mães como seres sexuais, principalmente mães solo
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Vida sexual e julgamento
Para além da masturbação, partindo para as relações sexuais com parcerias e para o olhar da sociedade sobre a mãe solo, Patrícia afirma que foi – e continua sendo – um desafio. Afinal, nas palavras da própria entrevistada, não é raro se deparar com quem não enxerga mulheres como seres capazes de sentirem desejos e necessidades.
“O sexo foi a parte mais afetada no meu maternar. Não transei do momento que soube da gravidez até os 4 meses da minha bebê. A falta de acolhimento e julgamento dos parceiros foi o maior entrave”, conta. O problema se estendeu até mesmo para os primeiros encontros, nos quais a brasiliense também era constantemente julgada por ter sido mãe muito nova ou mesmo por ter saído sem a filha.
“Os primeiros dates como mãe foram insuportáveis. Ouvi até coisas como ‘você não tem vergonha de estar aqui beijando na boca e sua filha sozinha?’, como se eu tivesse a abandonado. Transar tinha se tornado um crime digno de pena de morte aos olhos de muitos, e eu me sentia sempre a pior mãe do mundo e não digna de afeto de outras pessoas”, desabafa.
Apesar desse cenário, Patrícia ressalta que o problema não está na maternidade, mas sim na sociedade e nas crenças limitantes que são ensinadas dentro dela. Para ela, a solução para lidar com a problemática é, sem dúvidas, não se deixar abater e nem deixar de viver.
“Sempre fui muito aberta em relação à sexualidade, e acho que a gente precisa falar. Quanto mais a gente fala, mais rápido deixa de ser um tabu”, finaliza.
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