Julgamento de caminhoneiro e empresário por engavetamento entre 19 veículos que matou professora e filho na BR-376 inicia nesta sexta


MP afirma que motorista estava em velocidade incompatível com a via e que caminhão estava sem manutenção. Defesa do caminhoneiro optou por se manifestar apenas no processo. Defesa do empresário afirma que outros elementos podem ter contribuído para acidente. Vanessa Kubaski Maciel tinha 37 anos e o filho dela, Pedro Henrique Maciel Jorge, 7
Cedida pela família/PRF
Rubens J. de Souza Jr., advogado que representa o empresário Edelar Julio Posser, ressalta que a empresa Rodoposser se solidariza com o sofrimento da família e defende que x
Inicia nesta sexta-feira (28) o julgamento do caminhoneiro Tiago Arthur Bueno e do empresário Edelar Julio Posser, réus pela morte da professora Vanessa Kubaski Maciel, de 37 anos, e do filho dela, Pedro Henrique Maciel Jorge, de 7 anos, em um engavetamento envolvendo 19 veículos na BR-376.
O acidente aconteceu na noite de 6 de abril de 2023, no km 505 da rodovia, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, e também deixou duas pessoas feridas. Relembre detalhes mais abaixo.
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O motorista, de 38 anos, e o dono de transportadora, de 66, respondem por homicídio simples e qualificado contra menor de 14 anos e lesões corporais simples e de natureza grave.
Na denúncia, o Ministério Público (MP) alega que o caminhoneiro estava em velocidade incompatível com a via e sabia que o caminhão estava sem manutenção – serviço, esse, que era de responsabilidade da transportadora, que, para o MP, “assentiu que o veículo rodasse nas condições em que estava”.
A audiência de instrução e julgamento dos réus está agendada para iniciar às 14h. Nove pessoas devem depor, entre peritos, informantes e testemunhas. Os réus serão ouvidos na sequência.
Ao final, o juiz decidirá se o caso será avaliado pelo Tribunal do Júri; caso contrário, deve decidir por uma sentença.
Engavetamento envolveu 19 veículos
RPC
Fernando Madureira, advogado que representa os familiares de Vanessa, afirma que eles esperam com ansiedade o julgamento para que os réus “sejam finalmente responsabilizados pelos seus crimes”.
“Eles causaram, pelo completo descaso com a vida das desditosas vítimas, dor e sofrimento aos seus amigos e parentes”, ressalta.
A Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), que atua na defesa do caminhoneiro Tiago Artur Bueno, optou por se manifestar somente nos autos.
“A instituição informa que atuará para garantir ao réu o direito ao contraditório e ampla defesa, para que se assegure o devido processo legal, conforme determina a Constituição Federal”, disse, ao g1.
Rubens J. de Souza Jr., advogado que representa o empresário Edelar Julio Posser, ressalta que a empresa Rodoposser se solidariza com o sofrimento da família.
“E como a empresa vem afirmando desde o início, o laudo oficial veio comprovar que não é possível demonstrar que possíveis avarias no veículo foram o que ocasionou o acidente. Outros elementos podem ter contribuído, como condições da pista e má sinalização da rodovia”, diz.
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Relembre o acidente
De acordo com a PRF, houve um primeiro acidente na rodovia entre um carro e um caminhão. Ninguém ficou ferido.
Porém, por conta do atendimento à ocorrência, um congestionamento se formou. No fim da fila, o caminhão dirigido por Tiago, sem freios, não conseguiu parar a tempo. Segundo a polícia, ele estava carregado com 38 toneladas de soja.
Para não acertar outra carreta após um trecho de descida, ele mudou para a faixa ao lado e atingiu o carro onde estavam Vanessa e o filho dela. O veículo das vítimas foi lançado contra outros e também bateu em caminhões.
Ao todo, 19 veículos se envolveram no engavetamento.
Engavetamento envolveu 19 veículos
RPC
Na mesma noite, o motorista fez teste do bafômetro, com resultado negativo para ingestão de álcool. Porém, ele foi preso em flagrante por homicídio e lesão corporal culposos após a polícia identificar problemas de manutenção no caminhão.
No dia seguinte, na audiência de custódia, foi arbitrada fiança e desde então o homem aguarda o julgamento em liberdade.
O que diz a investigação
O laudo pericial do acidente que indica que o caminhão que atingiu o veículo das vítimas estava com problemas de manutenção foi finalizado em julho de 2023.
Ele também cita que a reação ineficaz do motorista do caminhão foi fator determinante do acidente e que não foram encontradas, no local do engavetamento, marcas de frenagem compatíveis com o caminhão e com os reboques.
Para o MP, o motorista e o empresário assumiram o risco do acidente.
“O denunciado Tiago conduzia o caminhão em velocidade incompatível com as condições apresentadas na via, pois era de noite e chovia. Além disso, os sistemas de freios do trator e dos semirreboques estavam ineficientes para frenagem, os pneus estavam desgastados e o cronotacógrafo estava inoperante, circunstâncias que foram determinantes para a ocorrência do resultado morte e que eram de conhecimento de ambos os denunciados “, diz a denúncia.
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