
O Brasil registrou um déficit de US$ 8,8 bilhões nas transações correntes em fevereiro de 2025, informou o Banco Central nesta terça-feira (26). O número representa uma deterioração significativa em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o déficit foi de US$ 3,9 bilhões. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo chegou a US$ 70,2 bilhões, ou 3,28% do PIB, o maior nível desde 2015.
Déficit: o principal fator
O principal fator para o aumento do déficit foi a reversão do superávit comercial, que registrou um saldo negativo de US$ 979 milhões em fevereiro. O resultado foi impactado pela importação pontual de uma plataforma de petróleo, no valor de US$ 2,7 bilhões. No comparativo anual, as exportações caíram 1,8%, totalizando US$ 23,2 bilhões, enquanto as importações cresceram 25,7%, alcançando US$ 24,1 bilhões.
Conta de serviços e renda primária
A conta de serviços apresentou déficit de US$ 3,9 bilhões, semelhante ao observado no mesmo período de 2024. Houve aumento expressivo nas despesas líquidas com transportes, telecomunicações, tecnologia e aluguel de equipamentos. As despesas com viagens internacionais também avançaram, refletindo maior gasto dos brasileiros no exterior.
Na renda primária, o déficit recuou para US$ 4,1 bilhões, com destaque para a queda nas remessas líquidas de lucros e dividendos, que somaram US$ 2,2 bilhões. Os pagamentos de juros, porém, aumentaram 35,3%, totalizando US$ 1,9 bilhão.
Na conta financeira, o destaque positivo veio dos investimentos diretos no país (IDP), com ingressos líquidos de US$ 9,3 bilhões — o maior volume desde 2022. Já os investimentos em carteira registraram entrada líquida de US$ 3,1 bilhões, após saídas em janeiro, impulsionados pela emissão de títulos soberanos no mercado externo.
As reservas internacionais aumentaram em US$ 4,2 bilhões, alcançando US$ 332,5 bilhões no final de fevereiro. Já o câmbio contratado até o dia 24 de março indicou saldo negativo de US$ 7,5 bilhões, com uma posição de câmbio vendida de US$ 27 bilhões, sinalizando pressão no mercado à vista.
Opinião
Para Leonardo Costa, economista do ASA, a rápida deterioração das contas externas está diretamente associada à fragilidade da balança comercial, especialmente pela queda nas exportações nos últimos meses. “Devemos observar alguma melhora nos próximos meses, com recuperação parcial puxada por commodities como soja e carnes. Ainda assim, o cenário aponta para um déficit em transações correntes estruturalmente mais elevado ao longo de 2025”, avaliou.
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O post Déficit em conta corrente vai a US$ 8,8 bi em fevereiro: “deve seguir elevado” diz economista apareceu primeiro em BM&C NEWS.