
Novo relatório da organização aponta que ritmo acelerado do degelo pode levar a uma reação em cadeia de impactos ao ecossistema e também a comunidades de todo o mundo. Geleira Mendenhall, no Alasca, em 21 de abril de 2024.
Becky Bohrer/AP Photo
O derretimento das geleiras pode desencadear uma série de impactos em cadeia, alerta uma nova publicação da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgada nesta sexta-feira (21).
Entre as principais consequências com o esgotamento das geleiras estão:
Risco de desabastecimento
Aumento de riscos naturais, como inundações
Elevação do nível do mar (veja mais abaixo)
“A preservação das geleiras não é apenas uma necessidade ambiental, econômica e social. É uma questão de sobrevivência”, alerta a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
Como forma de alerta, a organização celebra nesta sexta o primeiro Dia Mundial das Geleiras, estruturas responsáveis por armazenar cerca de 70% dos recursos de água doce do planeta.
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Derretimento acelerado
O ritmo de derretimento acelerado das geleiras já preocupa os especialistas. Em muitas regiões, o que antes era considerado “gelo eterno” não deve sobreviver até o fim do século XXI, segundo previsões mais recentes.
Um compilado de observações globais realizado pelo Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS, na sigla em inglês) estima que as geleiras – excluindo as calotas de gelo da Groenlândia e da Antártida – perderam mais de nove trilhões de toneladas de gelo desde o início dos registros, em 1975.
“Isso equivale a um imenso bloco de gelo do tamanho da Alemanha, com uma espessura de 25 metros”, afirma Michael Zemp, diretor do WGMS.
Outro marco preocupante é que o ano de 2024 foi o tercei consecutivo em que todas as 19 regiões glaciares sofreram perda líquida de massa. A perda total de massa glacial no ano passado foi de 450 bilhões de tonelada, o quarto pior ano já registrado.
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Aumento do nível do mar
Umas das princiapais consquências do degelo – e que já vem sendo observada a cada ano – é a elevação do nível do mar.
Dados de um estudo publicado na revista científica “Nature” no início de 2025 mostram que, entre 2000 e 2023, as geleiras perderam cerca de 5% do volume total de gelo, o que contribuiu para um aumento de 18 milímetros no nível do mar.
“Isso pode não parecer muito, mas tem um impacto enorme: cada milímetro de elevação do nível do mar expõe entre 200.000 e 300.000 pessoas a inundações anuais”, alerta Zemp.
Recentemente, um relatório da Nasa, a agência espacial norte-americana, também revelou uma elevação do mar superior à esperada em 2024.
Atualmente, o deterretimento das geleiras é o segundo principal fator que leva ao aumento do nível do mar, ficando atrás apenas do aquecimento dos oceanos, consequência direta do aquecimento global.
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