Justiça de SP julga 2 acusados por morte de advogado que cobrava empréstimo de R$ 2,5 milhões; vídeo gravou execução em posto

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Wilson Decaria Júnior é acusado de entregar R$ 500 mil para Anderson da Silva matar Francisco Assis Henrique Neto Rocha em 2019. Vítima cobrada dívida de outros 2 homens. Réus estão presos, mas negam crime. Júri começou nesta segunda. Mais 4 foram acusados. 6 homens são indiciados por morte de advogados
A Justiça de São Paulo começou a julgar a partir da manhã desta segunda-feira (23) dois dos seis acusados de participarem do assassinato do advogado Francisco Assis Henrique Rocha, em 2019, num posto de combustíveis na Zona Sul. Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos armados atiram na vítima e fogem (veja vídeo acima).
Wilson Decaria Júnior e Anderson Silva são dois dos seis acusados pelo homicídio de Francisco. O julgamento deles teve início às 10h30 no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. A expectativa do Tribunal de Justiça (TJ) é de que o júri popular termine na terça (24).
Serão ouvidas as testemunhas de defesa e acusação. Depois ocorrerão os interrogatórios dos réus, os debates entre o Ministério Público (MP) e os advogados dos réus. E por último a decisão dos sete jurados, que votarão se condenam ou absolvem Wilson e Anderson.
Os dois réus estão presos preventivamente. Ambos negam o crime. O assassinato de Francisco ocorreu na noite de 19 de junho de 2019 num posto de combustíveis na Avenida Washington Luís.
Anderson da Silva (à esquerda) é acusado de matar o advogado Francisco Assis Henrique Neto Rocha (no centro) após receber R$ 500 mil de Wilson Decaria Júnior
Reprodução/Arquivo
Segundo o Ministério Público (MP) e a Polícia Cívil, o advogado tinha ido ao local receber uma dívida de R$ 2,5 milhões que estava cobrando de Willian Gonçalves do Amaral e de Danilo Afonso Pechin. Os dois eram negociavam Bitcoin, e tinham pedido empréstimo financeiro ao advogado para investirem em criptomoedas. No entanto, nunca devolveram o dinheiro.
Mas Willian e Danilo não foram ao local. Francisco então aparece na filmagem saindo do restaurante japonês onde tinha ido jantar dentro do posto. Em seguida, ele caminha entre o seu carro, uma Mercedes Benz preta, e um Citroën cinza. Os veículos estavam estacionados em frente.
Nesse momento é possível ver o momento que alguém que estava no banco do carona do Citroën atira pela fresta do vidro da janela em direção a Francisco. O advogado cai no chão. O motorista do automóvel cinza dá ré e há novos disparos contra a vítima. Depois o veículo foge.
De acordo com a investigação, os dois homens que estavam dentro do Citroën eram Carlos Eduardo Soares Fontes e Anderson da Silva. Eles receberam R$ 500 mil para assassinar Francisco, segundo a acusação. A Promotoria sustenta que o dinheiro foi entregue por Edgar Acioli Amador e Wilson Decaria Júnior. Os dois eram sócios numa empresa que negociava criptomoedas.
Sequência acima de fotos a partir de vídeo de câmera de segurança mostra momento em que advogado Francisco Assis é baleado por atiradores dentro de carro (no detalhe em vermelho) e cai morto no chão
Reprodução/Arquivo
O carro usado pelos assassinos foi abandonado e encontrado incendiado a quase 2 quilômetros de distância do posto. Foi partir desse veículo que a polícia encontrou a arma do crime e os celulares da vítima. Depois a investigação analisou as ligações telefônicas e identificou os dois mandantes, os dois intermediários e os dois executores do crime.
O MP alega que Edgar e Wilson receberam meio milhão de reais de Willian e Danilo para contratarem Carlos e Anderson para matar Francisco. O motivo? Willian e Danilo não queriam pagar a dívida milionária que tinham com o advogado e decidiram encomendar a morte dele para não serem mais cobrados.
Willian e Danilo foram acusados de serem os mandantes da morte de Francisco. Edgar e Wilson foram apontados como os intermediários do crime por terem contrato os assassinos. E Carlos e Anderson foram os executores do crime.
Os seis homens são réus no processo no qual foram acusados pelo homicídio do advogado. Todos tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça. Desde então, cinco deles estão presos (sendo um deles no exterior por outro crime). Um outro continua foragido.
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Veja abaixo como está o caso:
Advogado Francisco Assis Henrique Neto Rocha
Reprodução/Arquivo pessoal
Francisco Assis Henrique Neto Rocha – advogado, 57 anos, casado, foi assassinado com pelo menos três tiros: um na cabeça e outros no corpo.
*a reportagem não conseguiu localizar os advogados que defendem os interesses da família da vítima para comentarem o assunto.
Willian Gonçalves do Amaral
Reprodução/Arquivo
Willian Gonçalves do Amaral – apontado como mandante do crime. Mas fugiu do país e passou a ser procurado pela polícia de São Paulo. Foi preso em 2023, mas na Espanha, acusado de outro crime: envolvimento com tráfico de drogas para lavagem de dinheiro da máfia europeia que é ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), no Brasil. O júri dele na Justiça paulista foi marcado para 22 de agosto de 2024 às 10h. Se não comparecer será julgado à revelia.
*a reportagem não conseguiu localizar sua defesa para comentar o assunto. Em outras oportunidades, ele alegou inocência.
Danilo Afonso Pechin
Reprodução/Arquivo
Danilo Afonso Pechin – também considerado mandante do homicídio do advogado. Em 2021 foi julgado pela Justiça de São Paulo pelo assassinato e acabou condenado a 14 anos de prisão em regime fechado. Atualmente segue preso no estado.
*a reportagem não conseguiu localizar sua defesa para comentar o assunto.
Edgar Acioli Amador
Reprodução/Arquivo
Edgar Acioli Amador – acusado de ser o intermediário do crime por contratar os pistoleiros. Julgado pela Justiça em 2023 foi condenado a 14 anos de prisão. Cumpre a pena em regime fechado em São Paulo.
*a reportagem não conseguiu localizar sua defesa para comentar o assunto.
Wilson Decara Júnior
Reprodução/Arquivo
Wilson Decaria Junior – apontado também como contratante dos assassinos. Está preso e irá ao julgamento marcado nesta segunda.
*o g1 procurou um de seus advogados, Mauro Otávio Nacif, mas ele não quis comentar o assunto. Em outras oportunidades, ele alegou inocência.
Carlos Eduardo Soares Fontes
Reprodução/Arquivo
Carlos Eduardo Soares Fontes – considerado executor do crime, está foragido. Mesmo assim foi julgado à revelia em 2022, quando foi condenado a 26 anos e 8 meses de prisão pela Justiça paulista.
*ele é defendido por Vinícius Alvarenga Freire Junior, mas a reportagem não conseguiu encontrá-lo.
Anderson da Silva Soares
Reprodução/Arquivo
Anderson da Silva – apontado também como executor do assassinato de Francisco. Está preso e comparecerá ao julgamento.
* procurada pelo g1, a defesa do Anderson, que é representada pelos advogados Luís Travassos, Alberto Germano e Mozart Tiago, informou que o “cliente nega sua participação no homicídio” e que vão “demonstrar a inocência” dele.
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