Após anunciar tarifas para China, México e Canadá, Trump diz que vai impor taxas na Europa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta-feira (31) que iria “certamente” impor tarifas à União Europeia no futuro.

“Vou impor tarifas à União Europeia? Vocês querem uma resposta verdadeira ou devo dar-lhes uma resposta política? Com ​​certeza. A União Europeia nos tratou de forma tão terrível”, disse Trump a repórteres no Salão Oval, na Casa Branca, em Washington D.C.

A declaração de Trump veio em meio a um contexto de taxação de produtos dos principais parceiros comerciais americanos. Mais cedo, a Casa Branca confirmou que o governo vai impor tarifas de de 25% ao México e ao Canadá e 10% à China a partir do próximo sábado (1º).

O governo dos EUA afirmou que no sábado o presidente Trump vai impor tarifas aos três principais parceiros comerciais do país: China, Canadá e México.

Ele repetiu que tem planos para implementar uma taxa de 25% nos produtos que os americanos importam do Canadá e do México com a justificativa de que os dois países não resolvem o problema dos imigrantes que cruzam a fronteira com os EUA de forma ilegal e não impedem o tráfico de fentanil.

Além disso, disse que vai impor 10% de taxa aos bens chineses –a justificativa também é a droga.

O prazo de 1º de fevereiro estabelecido pelo presidente Trump em uma declaração feita há várias semanas continua em vigor”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, a jornalistas na sexta-feira. 

“Tanto o Canadá quanto o México permitiram uma invasão sem precedentes de fentanil ilegal, que está matando cidadãos americanos e também imigrantes em nosso país”, afirmou. 

Ela não falou se haverá isenções para setores específicos e discordou da ideia de que essas tarifas podem desencadear uma guerra comercial. 

Reações dos países

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, prometeu uma “resposta imediata” caso Trump tome medidas, e a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu governo está em contato próximo com o governo Trump. 

Embora Trump não tenha especificado quais ferramentas usaria, analistas sugerem que ele poderia recorrer a poderes econômicos emergenciais, que permitem ao presidente regular importações durante uma emergência nacional. No entanto, isso poderia ser dificultado por processos judiciais. 

O fentanil tem sido responsável por dezenas de milhares de mortes por overdose a  cada ano. 

O governo da China rejeitou as acusações de cumplicidade no comércio da droga, enquanto o Canadá, aliado próximo dos EUA, argumenta que menos de um por cento dos migrantes indocumentados e do fentanil que entram nos Estados Unidos passam por sua fronteira norte. 

Alguns analistas acreditam que as ameaças tarifárias são uma estratégia para acelerar a renegociação do atual acordo comercial conhecido como USMCA, entre Estados Unidos, México e Canadá. 

“No entanto, o possível desmonte de uma zona de livre comércio consolidada há décadas poderia representar um grande choque”, afirmou uma recente nota do JPMorgan. 

As tarifas são pagas por empresas americanas ao governo sobre compras do exterior, e o peso econômico pode recair sobre importadores, fornecedores estrangeiros ou consumidores. 

Riscos de recessão 

O professor assistente Wendong Zhang, da Universidade Cornell, disse que Canadá e México seriam os mais prejudicados por tarifas de 25% impostas pelos EUA e eventuais retaliações. 

“Canadá e México podem perder 3,6% e 2% do PIB real, respectivamente, enquanto os EUA sofreriam uma perda de 0,3% do PIB real”, afirmou. 

Analistas da Oxford Economics alertaram que tarifas generalizadas e eventuais represálias podem levar Canadá e México a uma recessão, além de aumentar o risco de uma leve contração econômica nos Estados Unidos. 

Os principais setores exportadores do México — alimentos e bebidas, equipamentos de transporte e eletrônicos — representam a maior parte de sua atividade industrial, disse Joan Domene, economista-chefe para a América Latina na Oxford Economics. 

O Canadá exportou quase 80% de seus produtos para os Estados Unidos em 2023 e responde por cerca de 60% das importações americanas de petróleo bruto, segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA (CRS). 

Ainda não está claro se as importações de petróleo serão isentas. 

O petróleo pesado canadense é refinado nos Estados Unidos, e as regiões dependentes dele podem não ter um substituto imediato. 

Produtores canadenses arcariam com o maior impacto das tarifas, mas as refinarias americanas também sofreriam com custos mais altos, afirmou Tom Kloza, do Oil Price Information Service. Isso poderia levar a aumentos no preço da gasolina. 

As importações americanas de produtos dos dois países entram, em grande parte, isentas de tarifas ou com taxas muito baixas, segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional. 

Um aumento tarifário afetaria tanto os compradores industriais quanto os consumidores. 

‘Grande acordo’ 

Trump também está considerando impor mais tarifas sobre produtos chineses. 

Pequim prometeu defender seus “interesses nacionais”, e uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores já alertou que “não há vencedores em uma guerra comercial”. 

Durante a campanha eleitoral, Trump mencionou a possibilidade de tarifas de 60% ou mais sobre importações chinesas. 

Isaac Boltansky, da empresa de serviços financeiros BTIG, prevê “aumentos tarifários graduais” sobre produtos chineses, com bens de consumo provavelmente enfrentando taxas menores. 

“Nosso entendimento é que Trump oscilará entre incentivos e punições em relação à China, com o objetivo final de alcançar algum tipo de grande acordo antes do fim de seu mandato”, disse ele em uma nota.

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