A prevenção do câncer do intestino começa pelo prato: obesidade e álcool aumentam o risco

Nos últimos anos, uma das questões que tem chamado a atenção dos profissionais da saúde é o aumento da incidência de câncer em jovens. Embora a genética desempenhe um papel importante, fatores ligados ao estilo de vida, como obesidade e consumo de álcool, estão impactando cada vez mais a origem desses tumores.

A obesidade é um fator de risco não somente para o câncer de intestino, mas também para diversos tipos de neoplasias. Segundo Benjamin D. (2016), a obesidade induz uma variedade de alterações sistêmicas, incluindo níveis alterados de insulina, fator de crescimento semelhante à insulina-1, leptina, adiponectina, hormônios esteroides e citocinas.

O tecido adiposo, especialmente o visceral, é uma fonte de inflamação crônica que tem o poder de alterar o microbioma intestinal, favorecendo o desenvolvimento de substâncias pró-cancerígenas. Ainda segundo Benjamin D. (2016), cada um desses fatores altera o meio nutricional e tem o potencial de criar um ambiente que favorece o início e a progressão do tumor.

Além disso, de acordo com Neil M. (2016), os efeitos promotores de tumores da obesidade ocorrem no nível local, por meio da inflamação adiposa e alterações associadas no microambiente, bem como sistemicamente, por meio de mediadores metabólicos e inflamatórios circulantes associados à inflamação adiposa.

Consumo de álcool

O consumo excessivo de álcool também impacta negativamente a saúde intestinal. Além de causar danos diretos à mucosa desse órgão, o álcool altera o equilíbrio do microbioma, aumentando a produção de compostos tóxicos no intestino e prejudicando a absorção de nutrientes – efeitos que podem desencadear mutações nas células do epitélio intestinal, aumentando o risco de desenvolver câncer.

Nesse contexto, artigos recentes sugerem que desequilíbrios no microbioma, conhecidos como disbiose, podem ser um dos fatores de risco para o câncer.

Isso é especialmente preocupante em quem, devido a dietas pobres em fibras e ricas em açúcares e gorduras, frequentemente apresentam microbiomas menos diversificados e mais vulneráveis à disbiose.

Como se prevenir?

Há medidas que podem reduzir o risco de desenvolver câncer de intestino:

  • Adotar hábitos alimentares saudáveis, ricos em fibras, vegetais, frutas e grãos integrais, que auxiliam na proteção do microbioma e na redução da inflamação;
  • Controlar o índice de massa corporal: manter um peso corporal saudável reduz a inflamação e protege o intestino;
  • Moderar o consumo de álcool: não existe uma quantidade específica “segura” de consumo de álcool para as neoplasias, portanto, quanto menos, melhor;
  • Adotar a prática de exercícios físicos regulares: a atividade física promove o equilíbrio do microbioma e reduz a obesidade.

Portanto, evidencia-se que o intestino desempenha um papel vital na saúde em geral e, como mostram as evidências das práticas médicas e dos estudos publicados, também na origem do câncer.

Ao adotar hábitos alimentares saudáveis desde cedo, os jovens podem proteger não só o intestino, mas todo o organismo, reduzindo o risco de neoplasias intestinais e outras doenças graves. Sua saúde começa pelo que você coloca no prato e pelas escolhas que faz todos os dias. Que tal começar agora?

Dr. Luis Eduardo Werneck – CRM 9638 PA RQE 73414
Dr. Luis Eduardo Werneck é uma referência em oncologia e atua como Diretor Clínico do Grupo Oncológica do Brasil. Especialista em Cancerologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), da qual também é membro, integra o corpo médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e compõe a equipe da Oncológica do Brasil – Centro Avançado de Ensino, Pesquisa e Tratamento do Câncer, localizado no Pará.

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