O CDI é sempre a melhor referência para seus investimentos?

O CDI é sempre a melhor referência para seus investimentos?

No mundo dos investimentos, ter um ponto de referência é essencial para avaliar o desempenho dos ativos e verificar se eles estão de acordo com os objetivos traçados. Esse ponto de referência é o chamado benchmark. Pense no benchmark como uma métrica a ser atingida ou superada, um indicador que nos diz se estamos no caminho certo ou se precisamos ajustar a rota. Assim como um corredor compara seu tempo de corrida a um recorde anterior ou a um tempo-alvo, um investidor utiliza benchmarks para saber se seu portfólio está performando conforme o esperado.

Utilizar um benchmark é importante porque ele serve como base para comparar o desempenho dos investimentos. Se um fundo de ações teve um retorno de 10% em um ano, isso pode parecer bom à primeira vista, mas sem uma referência para comparação — como o índice Bovespa ou simplesmente Ibovespa —, não é possível determinar se o desempenho foi realmente satisfatório. O benchmark ajuda a medir o retorno ajustado ao risco, mostrando se o investimento está trazendo o retorno adequado para o nível de risco assumido.

No Brasil, um dos benchmarks mais utilizados, independentemente do horizonte de tempo, é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Mas por que o CDI é tão prevalente? O CDI reflete o custo médio dos empréstimos interbancários e é altamente correlacionado à Selic, sendo o indicador de rentabilidade mais comumente utilizado para avaliar a performance de ativos de renda fixa e fundos de investimento no país.

No entanto, a utilização do CDI como benchmark universal pode ser uma simplificação excessiva. Se dividirmos a carteira de investimentos de acordo com os objetivos, torna-se mais viável usar benchmarks específicos como métricas de eficiência para cada tipo de meta.

Para investimentos de curto prazo, que tipicamente compõem a reserva financeira e exigem alta liquidez e segurança, o CDI é o benchmark mais adequado. Ele é apropriado para ativos de renda fixa de curto prazo como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI. Esses investimentos buscam, acima de tudo, preservar o capital e oferecer liquidez, acompanhando as variações de juros de curto prazo.

Quando falamos de investimentos de médio prazo, a escolha do benchmark depende mais do perfil da carteira. Se a carteira for majoritariamente composta por ativos de renda fixa, o CDI continua a ser um bom indicador. Contudo, se a carteira tiver uma maior exposição a ativos de renda variável como ações, o Ibovespa, que representa o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), pode ser um benchmark mais adequado. Fundos multimercado, por exemplo, misturam renda fixa e variável, e o benchmark deve ser escolhido de acordo com a maior exposição.

Para investimentos de longo prazo, o IPCA se torna a referência mais apropriada. O IPCA mede a inflação no Brasil e, ao ser utilizado como benchmark, garante que o retorno dos investimentos esteja acima da inflação, preservando o poder de compra ao longo dos anos. Este é o objetivo de títulos como o Tesouro IPCA+, que oferecem retorno real (acima da inflação), fundamental para quem planeja a aposentadoria ou outros objetivos de longo prazo.

A forma ideal de avaliar uma carteira diversificada, independentemente do horizonte de tempo dos investimentos, seria usar um benchmark composto, que combinasse diferentes indicadores para refletir a alocação total da carteira. Por exemplo, uma carteira com 60% em renda fixa e 40% em ações poderia adotar um benchmark que misturasse o CDI e o Ibovespa na mesma proporção. Esse método permitiria uma avaliação mais precisa do desempenho da carteira, considerando o risco e o retorno de cada classe de ativo. No entanto, o uso de um benchmark composto, embora matematicamente ideal, enfrenta desafios práticos. As plataformas e ferramentas de análise de investimentos disponíveis raramente suportam cálculos tão detalhados, e a necessidade de constantes ajustes conforme a alocação de ativos torna esse método pouco eficiente. Além disso, a falta de padronização na composição desses benchmarks pode gerar confusão e inconsistências.

Já adotar benchmarks específicos para cada objetivo pode ser uma forma melhor de medir a eficiência dos investimentos, garantindo que cada meta seja medida de forma adequada. No planejamento financeiro, essa abordagem permite que o investidor mantenha a estratégia alinhada aos seus objetivos de curto, médio e longo prazo, oferecendo uma métrica mais clara de desempenho para cada cenário.

A escolha do benchmark é uma forma de medir o progresso em direção aos nossos objetivos financeiros. Embora o CDI seja amplamente usado no Brasil por sua simplicidade e representatividade, adotar benchmarks específicos para cada objetivo pode proporcionar uma visão mais realista dos resultados de acordo com a rota traçada.

E ainda, é importante lembrar que os objetivos são alvos móveis. O uso de benchmarks adequados ajuda a acertar esses alvos, ajustando a trajetória dos investimentos conforme as condições de mercado mudam.

*Artigo escrito por Carlos Castro, planejador financeiro pessoal, CEO e sócio fundador da plataforma de saúde financeira SuperRico


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