Como o plano de Trump para IA está fazendo uma gigante “estrangeira” disparar na bolsa

As ações das gigantes americanas do mercado de tecnologia saltaram após Donald Trump anunciar na última terça-feira (21) os planos de investimento de até US$ 500 bilhões para o fortalecimento da indústria de inteligência artificial nos Estados Unidos. 

O novo chefe da Casa Branca anunciou que serão investidos até US$ 500 bilhões em IA nos Estados Unidos ao longo dos próximos anos. Esse montante vem da Stargate, uma joint venture criada entre Oracle, OpenAI e o conglomerado japonês SoftBank (que já investiu em empresas como Uber, WeWork e Nubank).

Os ganhos na bolsa se estenderam no pregão de quarta-feira, quando os ativos de empresas como Microsoft, Apple, Alphabet e Nvidia guiaram para cima. A fabricante de chips, inclusive, vale mais de US$ 3,6 trilhões e é a empresa mais valiosa do mercado e mais do que dobrou seu valor de mercado no último ano.

O que chama a atenção, contudo, é a valorização agressiva nos papéis da britânica ARM Holdings, concorrente direta da Nvidia, e que está listada na Nasdaq desde setembro de 2023. Os papéis da empresa chegaram a subir mais 15% no pregão desta quarta.

Protecionista, Trump prometeu durante a campanha favorecer as companhias americanas. As vantagens combinam a cessão de benefícios fiscais para as companhias locais (que fabricam e geram empregos em solo americano) com o aumento de impostos para empresas estrangeiras que exportam para os EUA.

Saiba quem é a ARM, concorrente da Nvidia 

Com sede em Cambridge, no Reino Unido, a ARM poderia ser duramente afetada por essa política fiscal de Trump. A empresa compete diretamente contra a Nvidia pelo mercado de chips semicondutores. Principalmente aqueles voltados para data centers e que permitem o desenvolvimento de softwares de inteligência artificial.

Só que mais importante do que a localização de sua sede é a sua composição acionária. Isso porque em 2023 o SoftBank (que está na joint venture de IA que investirá nos EUA com Oracle e OpenAI) é o maior acionista da companhia. O conglomerado de Masayoshi Son detém 90% das ações da ARM.

O SoftBank começou a montar sua posição em 2016, quando adquiriu o controle da fabricante de chips em uma transação de US$ 32 bilhões. Em 2023, comprou uma fatia de 25% do negócio por US$ 16 bilhões, elevando o valor de mercado do negócio para US$ 64 bilhões. No IPO, em setembro daquele ano, a ARM foi avaliada em US$ 54 bilhões.

Desde então os papéis mais do que triplicaram de valor e a ARM já vale mais de US$ 189 bilhões.

Com a guinada de sua investida britânica com o boom da inteligência artificial, o SoftBank viu seus resultados escalarem em conjunto. Na bolsa de valores de Tóquio, as ações do grupo japonês saltaram mais de 50% nos últimos 12 meses. No ano passado, as ações chegaram a bater o primeiro recorde de alta em mais de duas décadas.

Os investidores enxergam que dois pontos, então, podem beneficiar a ARM. O primeiro é a relação da empresa com o SoftBank, que está inserido no acordo de IA anunciado por Trump. O segundo é a própria proximidade de Son com o novo presidente americano, o que pode abrir portas para a empresa no país.

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