Cenário macro derruba ações de 66% das varejistas em 2024

Se por um lado o varejo deve fechar o ano passado com o melhor desempenho dos últimos 12 anos (IBGE), por outro, na bolsa de valores, o cenário é outro – não é bom, porque 66,6% das empresas listadas como comércio varejista tiveram seus papéis desvalorizados (2024). A explicação dos especialistas é que o risco subiu, com alta da Selic e do dólar, portanto, o cenário macroeconômico seria uma das causas. A Agência DC NEWS levantou dados das companhias com ações dessa categoria (são 15 – *gráfico 1) e o resultado é que apenas cinco companhias apresentaram resultado positivo. São elas Grazziotin – vestuário (+5,48%), Guararapes – Riachuello (+6,17%), C&A Modas (+7,03%), Petz (+15,30%) e Allied – eletrônicos (+16,70%).

As empresas com retorno negativo: Grupo SBF – Centauro (-0,65%), Lojas Renner (-19,52%), Espaçolaser (-35,65%), Azzas – Reserva, Schutz, Farm, Maria Filó, Hering, Anacapri e Animale (-51,32%), Lojas Quero Quero (-60,80%), Veste – Le Lis, Dudalina, Jhon Jhon, BO.BÔ e Individual (-60,84%), Lojas Marisa (-70,98%) e Casas Bahia (-73,96%).

(*GRÁFICO 1) Levantamento com preço das ações entre 2 de janeiro e 30 de dezembro de 2024

CASOS – Os papéis da Magazine Luiza, a terceira maior varejista do país (segundo os últimos dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC – de 2024), por exemplo, tiveram depreciação de 68,14% (de R$ 20,4 para R$ 6,5). Conforme Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, os resultados da companhia se explicam, além do cenário macro, por investimentos da empresa que ainda não deram os retornos esperados. Em julho de 2021, a varejista comprou a Kabum!, por cerca de R$ 3,5 bilhões. “Ainda não deslanchou dentro do modelo de negócio da Magalu.” Ele ainda disse que muitas empresas fizeram investimentos como esses quando os juros estavam mais baixos e que a alta da Selic trouxe pressão financeira, especialmente àquelas que tiveram queda nas margens ou um crescimento na receita pior que nos últimos anos. “Isso reflete na bolsa.”

A Americanas lidera as empresas com retorno negativo. Viu seu papel cair de R$ 90 para R$ 6,20 entre 2 de janeiro e 30 de dezembro de 2024. Uma depreciação de 93,11% proveniente do caso de fraude financeira que foi a público em janeiro de 2023 – este é um caso à parte – mas para Gustavo Akamine, sócio e gestor de portfólio de renda variável da Constância Investimentos, é um exemplo clássico de que quando a gestão financeira vai mal, o investidor foge do papel. Ele cita outros casos como Casas Bahia e Marisa. A matemática é simples: juros e endividamento – resultado: dúvida do mercado sobre o desempenho operacional. “Observamos que companhias como a Americanas e Marisa e Casas Bahia, que têm grandes montantes em dívidas, tiveram desempenhos piores”, afirmou.

CENÁRIO – Gustavo Akamine, da Constância, explicou que empresas que conseguem antever cenário macro desfavorável, que fazem planejamento financeiro, conseguem ofertar crédito ao cliente, administrar suas dívidas e contornar a situação cambial, têm uma tendência a obter melhores resultados operacionais e, por consequência, geram mais confiança ao investidor da bolsa. “O investidor avaliou muito baseado no macro. Então, quem passou confiança se saiu melhor.”

A perspectiva para as varejistas em 2025 não é melhor que o cenário no ano passado. A taxa básica de juros encerrou 2024 a 12,25%, mas a previsão do mercado, segundo o mais recente relatório Focus, divulgado segunda-feira (20), é que ela encerre 2025 a 15% e o dólar feche em R$ 6. Como disse Akamine, para não repetir o cenário ruim do varejo na bolsa de valores, é importante que as empresas se planejem também para um cenário econômico não favorável.

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