EUA X China: Como guerra comercial pode afetar o Brasil?

EUA X China: Como guerra comercial pode afetar o Brasil?

As relações comerciais entre EUA e China atravessam um momento de tensão que pode redefinir o equilíbrio do mercado global. No centro desse conflito, o Brasil se encontra diante de desafios significativos, mas também de oportunidades valiosas.

Como um dos maiores exportadores de commodities do mundo, o país está diretamente ligado à demanda chinesa por minério de ferro, proteínas e grãos. Por outro lado, a guerra comercial abre espaço para novas parcerias e mercados. “Uma possível intensificação das tensões comerciais entre EUA e China pode criar instabilidade nos mercados globais, gerando reflexos adversos na economia brasileira, que é fortemente dependente do comércio exterior para sustentar seu crescimento”, afirmou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

A disputa comercial, intensificada por tarifas impostas por Donald Trump a produtos chineses, traz desafios e oportunidades. O setor do agronegócio brasileiro é um dos mais impactados, tanto negativamente quanto positivamente.

“As sanções impostas por Trump à China, incluindo a ameça de tarifas de até 60% sobre produtos chineses, podem desacelerar significativamente o crescimento econômico chinês. Essa desaceleração pode impactar as exportações brasileiras de minério de ferro, proteína animal e grãos para a Ásia. Por outro lado, o Brasil também pode se beneficiar, já que a China pode buscar fornecedores alternativos para produtos como soja, milho e proteínas animais, setores nos quais o Brasil é competitivo”, explicou Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

Diversificação comercial: um caminho para o Brasil

“Existe uma relação de codependência entre Estados Unidos e China, que é bem difícil de ser superada. Por um lado, a China tem tentado fomentar o seu mercado interno para consumir mais os produtos que ela produz, mas essa iniciativa não tem tido muito sucesso. Por outro lado, os Estados Unidos têm fomentado e investido bastante para depender menos das importações chinesas, o que também não está dando muito certo”, analisou Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

Ele destacou a importância de o Brasil aumentar sua quantidade de parceiros comerciais. Segundo Vasconcellos, “o acordo entre a União Europeia e o Mercosul é um primeiro passo importante nesse sentido, mas o trabalho não pode parar. Com uma boa diplomacia e relações comerciais bem construídas, temos tudo para, se não mitigar, até mesmo aproveitar algumas oportunidades dessa guerra comercial”.

Impactos no preço de commodities brasileiras e no agronegócio

A dependência da China para a exportação de minério de ferro, grãos e proteína animal torna o Brasil vulnerável às oscilações do mercado chinês. “Uma desaceleração no crescimento econômico chinês pode reduzir a demanda por essas commodities, pressionando os preços globais e afetando nossa balança comercial. Por outro lado, esse cenário também pode abrir oportunidades, caso a China busque diversificar seus fornecedores”, afirmou André Matos, CEO da MA7 Negócios.

João Kepler, CEO da Equity Fund Group, destacou que o Brasil tem potencial para ampliar sua participação no mercado asiático. “Com o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA e a ameça de tarifas de 10% sobre produtos chineses, a soja brasileira pode ganhar destaque no mercado asiático. Durante o primeiro mandato de Trump, medidas protecionistas contra a China levaram o país asiático a intensificar suas importações do grão brasileiro, consolidando o Brasil como principal fornecedor”, afirmou.

Kepler alertou que é essencial o Brasil estar preparado para atender à demanda e fortalecer sua posição global no agronegócio. “Desde que esteja preparado para agir com rapidez e estratégia, o país pode se beneficiar do aumento das tensões comerciais”.


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