Taxas de juros nos EUA podem não cair tão rápido quanto o esperado, diz CEO do UBS

Uma esperada redução nas taxas de juros nos Estados Unidos pode ser adiada caso as potenciais tarifas do segundo mandato de Donald Trump impactem os mercados e aumentem a inflação, alertou o CEO do UBS, Sergio Ermotti, nesta terça-feira (21).

“Algo que venho dizendo há algum tempo é que a inflação é muito mais persistente do que temos afirmado”, disse ele em entrevista à CNBC, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. “A verdade é que precisamos observar também como as tarifas irão influenciar na inflação.”

“As tarifas provavelmente não vão ajudar a reduzir a inflação. Portanto, não vejo as taxas caindo tão rapidamente quanto as pessoas acreditam”, afirmou.

Os mercados estão atentos aos próximos passos comerciais de Trump, que ameaçou impor tarifas de 25% sobre o México e o Canadá, além de sugerir um conjunto de medidas retaliatórias contra a China para pressionar Pequim a forçar a venda do TikTok pela ByteDance.

Aliada histórica, a Europa também está em alerta para possíveis medidas protecionistas dos EUA, enquanto Trump avança com sua agenda “América em Primeiro Lugar”.

A inflação tem desacelerado nas principais economias globais, após um período de alta impulsionado pela pandemia de Covid-19 e pela crise energética causada pela guerra na Ucrânia. Europa, Reino Unido e Estados Unidos finalmente começaram seus ciclos de corte de juros no ano passado.

Nos EUA, a inflação registrou alta em dezembro, subindo para 2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, ante 2,7% em novembro.

A ata mais recente da reunião de dezembro do Federal Reserve apontou uma previsão de apenas dois cortes nas taxas de juros em 2025, uma redução em relação à estimativa anterior de quatro cortes prevista na reunião de setembro, considerando ajustes de 0,25 ponto percentual.

Um ambiente de altas taxas de juros frequentemente beneficia o setor bancário comercial. Os bancos dos EUA também podem ganhar vantagem competitiva em relação aos europeus caso Trump cumpra sua promessa de flexibilizar regulamentações.

“Não acredito que veremos uma grande desregulamentação”, disse Ermotti na terça-feira. “Provavelmente não veremos mais regulamentação, nem novas regras que entrem em conflito com as existentes.”

Ele acrescentou que não acredita que os bancos devam ser “massivamente desregulados”, mas destacou que “é muito importante evitar a criação de regulamentações desnecessárias”.

Um grande peixe em um lago pequeno

O UBS enfrentou atritos com reguladores em sua base na Suíça após sair de uma fusão tumultuada, apoiada pelo governo, com a rival Credit Suisse em 2023. O banco tem lidado com preocupações de que se tornou um “grande peixe” em um mercado vulnerável, enquanto a economia suíça já enfrenta o franco valorizado e queda na inflação.

“Se você olhar apenas os números e comparar o UBS com a economia suíça, ele é grande demais”, disse o ex-ministro das Finanças suíço, Ueli Maurer, em uma entrevista ao jornal suíço Tages-Anzeiger em 10 de janeiro. “Portanto, o risco precisa ser reduzido. Isso depende principalmente dos acionistas, que elegem os órgãos e são responsáveis com seu capital. Eles devem assumir a responsabilidade, não os contribuintes. Medidas legislativas também precisam ser examinadas.”

Com um balanço de mais de US$ 1,7 trilhão em 2023, o UBS apresenta um tamanho cerca de duas vezes maior que o produto econômico estimado da Suíça para o ano passado. Isso significa que uma eventual falência do banco privaria o país de concorrentes locais capazes de absorvê-lo, poderia causar impactos na economia suíça e deixaria o governo de Berna com um grande custo no caso de uma nacionalização.

Ermotti já defendeu anteriormente que seu banco não é “grande demais para quebrar”. Contudo, em abril passado, o governo recomendou que o UBS e outros três bancos sistemicamente relevantes enfrentem exigências de capital mais rigorosas para proteger a economia nacional.

Desde então, o banco registrou um desempenho muito acima das expectativas no terceiro trimestre, com um lucro líquido atribuído aos acionistas de US$ 1,43 bilhão, comparado à média prevista de US$ 667,5 milhões em uma pesquisa da LSEG com analistas.

A receita do banco no período alcançou US$ 12,33 bilhões, também acima das expectativas de cerca de US$ 11,78 bilhões. O grupo deve divulgar os resultados do quarto trimestre em 4 de fevereiro.

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