De Elis à Bethânia: como acervo da Unicamp com 10 mil CDs e discos mantém viva memória da MPB

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Itens foram doados por jornalista que morreu em julho deste ano. Com materiais raros e difíceis de encontrar, centro poderá ser usado por pesquisadores dentro e fora da universidade, diz coordenadora. Música popular brasileira ganha espaço de memória na Unicamp
Com itens de artistas que vão de Elis Regina à Maria Bethânia, o Centro de Memória da Música Popular Maria Luiza Kfouri (CEMUPOP), criado pela Unicamp, reúne cerca de 10 mil CDs e discos de vinil com o objetivo de manter viva a história da MPB.
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Riqueza e diversidade do acervo
A doação
Importância do CEMUPOP
Música Popular Brasileira ganha espaço de memória na Unicamp
Regina Machado/Arquivo pessoal
🎼 Riqueza e diversidade do acervo
O acervo adquirido pela universidade foi doado pela jornalista e ex-diretora da Rádio Cultura, Maria Luiza Kfouri, que morreu em julho de 2023. Segundo Regina Machado, coordenadora do CEMUPOP, a jornalista deu início à coleção aos 11 anos, em 1965.
Apesar de inicialmente não reunir partituras ou documentação textual, a intenção é futuramente ampliar o acervo. Machado destaca que a principal riqueza encontrada nas peças está em áudios dos anos 1920 a 1940, que foram coletados pelo selo curitibano “Revivendo” e lançados ao longo das últimas quatro décadas.
Além da Revivendo, outra coleção numerosa são os discos da gravadora Marcus Pereira, um selo independente que funcionou na década de 1970 e foi responsável pelo registro da música tradicional e regional do Brasil. Há também LPs lançados a partir de 1950.
“Há muitos discos de compositores, por exemplo como João Donato, Francis Hime, Radamés Inhatali, a obra toda da Elis, Maria Bethânia é outra intérprete cuja obra toda está presente”, pontua a professora.
O acervo é composto de 7 mil CDs e cerca de 2 mil LPs.
Regina Machado/Arquivo pessoal
Machado dá uma atenção especial à coleção lançada pelo Sesc que reúne os programas Ensaio e MPB Especial, produzidos e apresentados por Fernando Faro. São cerca de 80 CDs com entrevistas com artistas da música brasileira, desde o samba, passando por grandes estrelas da MPB e até grupos como Quinteto Violado e MPB4.
“A música popular do Brasil é muito mais do que Caetano Veloso e Elis Regina, eles são importantíssimos, mas é muito maior do que foi produzido no eixo Sudeste e o acervo compreende isso também, com uma coleção inteira do Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, por exemplo”, explica.
🎵 A doação
A ideia do centro teve início no fim de 2022, quando a professora recebeu um convite da amiga de longa data Maria Kfouri para conhecer as raridades de sua coleção. Neste dia, a jornalista ofereceu todo o acervo à Unicamp.
“Eu fiquei felicíssima com a possibilidade, com a ideia de receber esse acervo, também me senti bastante honrada de ter sido escolhida por ela para tomar conta disso, porque sei da importância que teve na vida dela”, lembra Machado.
Com ajuda do Centro de Documentação da Unicamp e o diretor Ângelo Fernandes, colega da professora no departamento de Música, Regina Machado propôs a criação de um centro de memória da música popular brasileira a partir do acervo.
O acervo foi reunido por Maria Luiza Kfouri, uma jornalista e ex-diretora da Rádio Cultura.
Regina Machado/Arquivo pessoal
📁 Importância do CEMUPOP
Embora o acervo tenha coleções de diferentes épocas, a professora diz que grande parte das músicas continuam sob a Lei de Direitos Autorais. Por isso, o site Discos do Brasil disponibiliza apenas 30 segundos das canções, enquanto a consulta do acervo físico garante acesso de maneira integral.
Além disso, a professora ressalta que a pesquisa no local possibilita o acesso aos encartes e fichas técnicas que acompanhavam os discos e CDs, que contêm informações que não são facilmente encontradas.
“A pesquisa no acervo físico permite o acesso ao disco e garante a eficiência da informação e a possibilidade da escuta do fonograma na sua plataforma, se não original, alguns originais, porque a plataforma inicial foi o LP, nas regravações que foram lançadas através de CDs”, esclarece.
A professora comenta que a principal riqueza do acervo está nas gravações dos anos 1920 a 1940, “O princípio da canção popular do Brasil”.
Regina Machado/Arquivo pessoal
Segundo a professora, um centro físico também possibilita uma garantia maior para a manutenção da memória, pois apesar de muitas músicas serem encontradas em plataformas digitais de áudio e vídeo, não há garantia que elas permaneçam nesses locais.
“O acervo físico é uma garantia importante da manutenção e da qualidade da história que vai poder ser revista e recontada. Principalmente num país como nosso, me parece uma questão de ordem, inclusive política”, conclui Regina Machado.
O centro deve ser aberto para pesquisadores dentro e fora da universidade a partir do segundo semestre de 2024.
*Sob a supervisão de Gabriella Ramos.
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