Incêndios na Califórnia estão mais intensos que há 20 anos: por que a área é tão afetada?

Um carro e uma casa queimam durante o incêndio de Eaton na área de Altadena, no Condado de Los Angeles, Califórnia, em 8 de janeiro de 2025Josh Edelson/AFP

A tempestade de fogo que assolou a Califórnia não surpreende mais, isso porque faz parte de uma série de incêndios florestais que se tornam cada vez mais devastadores no estado. O fogo está mais intenso e se espalha mais rapidamente agora do que no início do século, com os 10 incêndios mais destrutivos da história da Califórnia ocorrendo desde 1991. Dados recentes mostram que os incêndios se espalham quase quatro vezes mais rápido do que há 20 anos. Esta semana, os ventos chegaram a 160 km/h, os mais fortes na região em dez anos.

Estudo liderado por cientistas das universidades do Colorado e da Califórnia revelou que os incêndios estão se intensificando 250% mais rápido em toda a região Oeste dos EUA em comparação com 2001. Além disso, o Departamento Florestal e de Proteção Contra Incêndios da Califórnia (Cal Fire) informou que a área queimada nos últimos dez anos é 1,6 vez maior que a média de área queimada por década desde 1979.

Esse fenômeno está alinhado com as previsões sobre as mudanças climáticas, que aumentam a seca, a temperatura e a intensidade dos ventos, enquanto a ocupação humana de áreas de risco também contribui para agravar o problema.

A maioria dos incêndios florestais é provocada por atividades humanas, seja de forma intencional ou não. Estimativas da Administração de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa) indicam que 84% dos incêndios no país são causados por seres humanos, com os raios responsáveis pelos 16% restantes. Dados do Cal Fire confirmam que 95% dos incêndios na Califórnia são provocados por pessoas.

As encostas das montanhas da Califórnia, cobertas por florestas naturalmente inflamáveis, são propensas ao fogo. Pinheiros e outras árvores coníferas, com grande quantidade de resinas, queimam rapidamente. Além disso, o solo acumula folhas secas, que alimentam as chamas.

A escassez de chuvas nos últimos anos tem deixado a vegetação ainda mais seca, tornando-a mais vulnerável ao fogo. Este ano, a situação é ainda pior, com o inverno marcado pela falta de precipitações.

O grande impulsionador da propagação rápida do fogo são os ventos catabáticos, que podem alcançar até 160 km/h. Esses ventos, mais intensos entre setembro e dezembro, são formados pela diferença de temperatura e densidade do ar nas diferentes altitudes.

Quando o ar frio desce pelas montanhas, ele aquece e se torna mais seco, criando as condições ideais para espalhar o fogo. No sul da Califórnia, esses ventos são conhecidos como Ventos de Santa Ana, e no norte, como Ventos do Diabo.

A Era do Fogo

Embora os ventos catabáticos sejam mais comuns no outono e inverno, eles agora ocorrem em qualquer época do ano devido às mudanças climáticas. O termo “piroceno”, ou era do fogo, foi popularizado em 2020, após um grande incêndio na Costa Oeste dos EUA. Este conceito descreve um período em que incêndios florestais se tornam maiores e mais devastadores globalmente.

Especialistas apontam que as mudanças climáticas e as práticas humanas são as principais causas dessa intensificação dos incêndios. O aumento da ocupação em áreas de risco, especialmente por pessoas em busca de uma melhor qualidade de vida, agrava o problema.

Na Califórnia, as encostas florestadas, propensas a incêndios, são altamente disputadas por celebridades e ricos, que buscam viver em locais com belas vistas, mas essas áreas precisam ser melhor gerenciadas para enfrentar o aumento do perigo provocado pelas mudanças climáticas.

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