VÍDEO: Sambista carioca, filho de Martinho da Vila, denuncia caso de injúria racial em Vitória

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Caso foi registrado na noite desta sexta-feira (20), na rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória. Tunico da Vila mora na capital capixaba há sete anos. Filho de Martinho da Vila, Tunico da Vila, denuncia caso de injúria racial em Vitória
Tunico da Vila, sambista carioca filho de Martinho da Vila, denunciou em sua rede social um caso de injúria racial que teria sido cometido por um vendedor de bebidas, na noite desta sexta-feira (20), em Vitória. No vídeo gravado perto de uma viatura da Polícia Militar o sambista relata que ouviu do homem que era pra “voltar para favela porque lá era seu lugar” (assista acima).
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“Eu, Tunico da Vila, negro brasileiro, acabei de sofrer racismo aqui na Rua da Lama por um idiota falar ‘volta para favela’, uma injúria racial né? Ele falou: ‘volta pra favela, lá é seu lugar’. E o pior, ele é pardo. Estou agradecendo aqui a Polícia Militar que veio e pegou os dados. Racistas não passarão”, disse Tunico no vídeo.
Em entrevista ao g1 na manhã deste sábado (21), o sambista contou que tudo aconteceu quando sua esposa, Débora, desceu para passear com o porco Soba, animal de estimação do casal e, ao ver o bicho fuçando a grama, o homem reclamou com ela.
Sem saber o que tinha acontecido, o sambista desceu até a rua da Lama, onde eles moram, para pedir que a esposa retornasse para casa para ajudá-lo com o curativo porque estava sentindo dor em uma incisão feita recentemente.
“Falou que o Soba estava estragando a obra que ele estava pagando [se referindo a obra da rua feita pela Prefeitura], mas os porcos fuçam e os cachorros também. Ele já tinha sido grosso com ela, foi gritar com ela e falei pra ele falar direito com ela e ele disse “volta pra favela que lá é o teu lugar. Aí comecei a chamar ele de racista, gritei e fui pra cima dele, não de agredi-lo, mas pra não deixar ir embora. Ele estava vendendo energético, não sei se tinha permissão. Depois de falar o que falou ele me chamou de macumbeiro”, contou o sambista.
“Sou um sambista, ativista e lá no Morro dos Macacos, em Vila Isabel (RJ) aprendi que favela pra mim é um santuário e não existem apenas traficantes, a maioria das pessoas são benignas. São pretos e pretas que moram ali e vivem naquelas condições desumanas graças a um sistema da branquitude, não de pessoas brancas, mas aqueles arianos, escravocratas que não aceitam que pessoas pretas morem em um bairro como Jardim da Penha, por exemplo”, disse Tunico.
Tunico da Vila contou que ligou para o 190 e policiais militares estiveram no local. O homem, que disse ser morador de Vila Velha, na Grande Vitória, disse que aos policiais que se sentiu amedrontado.
“Começou a falar que ficou com medo, constrangido, que eu parti pra cima dele. Aí vieram as testemunhas com os vídeos. O policial colheu os depoimentos e disse que não poderia prendê-lo porque se tratava de injúria e me orientou a procurar qualquer delegacia para registrar a denúncia. Me segurei muito porque realmente você fica nervoso e fiz o que achei correto, chamei a polícia”, contou Tunico.
Sobre a presença do animal de estimação na rua, ele disse que é comum passear com Soba perto de casa.
Tunico da Vila e seu porco de estimação, Soba
Arquivo pessoal
“Sou de candomblé e os porcos são animais sagrados do meu orixá, Omolú. Tenho o pet que eu quiser, tem gente que tem cobra, rato, eu tenho um porco. Ele anda na rua da Lama direto, as crianças tiram fotos. Não faz mal a ninguém. Como todo pet, ele faz as necessidades dele e a gente limpa.
Sambista disse que vai registrar boletim de ocorrência
O sambista disse que vai registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil próxima segunda-feira (23) na delegacia da Praia do Canto, em Vitória.
“O racismo tem que ser denunciado sem medo porque a lei está do nosso lado. A gente não pode perder a cabeça e bater, agredir uma pessoa dessa porque é tudo que querem. Ele me provocou o tempo inteiro pra eu bater nele, mas eu não encostei o dedo nele. Vou deixar nas mãos da Justiça, vai pra delegacia e vou até o fim”, disse o sambista.
Tunico disse que após o episódio, tem recebido apoio de várias pessoas.
“Eu como preto já nasci cancelado, mesmo sendo filho de Martinho da Vila. Driblo o racismo todos os dias e conheço o racista pelo olhar dele. Minha esposa está me dando todo o apoio, amigos estão ligando.Você pode ser forte, empoderado, mas fica baqueado, chateado. Hoje é um dia que quero ficar dentro de casa”, disse Tunico.
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