Tesla registra vendas recordes na China em 2024, mas enfrenta competição acirrada em 2025

A Tesla atingiu vendas recordes na China em 2024, com um crescimento de 8,8% em relação ao ano anterior, totalizando mais de 657 mil veículos vendidos. Apenas em dezembro, as vendas cresceram 12,8% em relação ao mês anterior, alcançando 83 mil unidades, segundo dados da Tesla China.

No entanto, analistas alertam que manter esse desempenho em 2025 será difícil devido à intensificação da concorrência com fabricantes locais.

A participação de mercado da Tesla no segmento de veículos elétricos caiu de 7,8% em 2023 para 6% entre janeiro e novembro de 2024, segundo Bill Russo, CEO da Automobility. Ele atribui essa queda à dificuldade da Tesla em acompanhar o ritmo dos concorrentes e ao portfólio de produtos limitado e envelhecido.

Guerra de preços agressiva

Para sustentar as vendas, a Tesla reduziu o preço do seu modelo mais vendido, o Model Y, em 10 mil yuans (cerca de R$ 6,8 mil) no final de dezembro e estendeu um plano de financiamento sem juros por cinco anos até o fim de janeiro. Após o desconto, o Model Y passou a custar 239.900 yuans (cerca de R$ 163 mil), enquanto o sedã Model 3 agora parte de 231.900 yuans (cerca de R$ 158 mil).

Mesmo com os cortes de preços, os modelos da Tesla ainda são significativamente mais caros do que os carros de fabricantes locais, como o BYD Seagull, vendido por 136.800 yuans (R$ 93 mil), e o Yuan Plus, cujo preço inicial é de 96.800 yuans (R$ 66 mil).

A guerra de preços continua em 2025, com montadoras chinesas como a Li Auto oferecendo subsídios de 15 mil yuans (R$ 10,2 mil) por veículo e financiamento sem juros por três anos. A Nio também ampliou um programa semelhante. Além disso, o governo chinês estendeu um programa de incentivos que subsidia consumidores na troca de veículos antigos por modelos novos.

Segundo a Tesla, esses incentivos podem reduzir o preço do Model 3 e do Model Y em até 50 mil yuans (R$ 34 mil). “A Tesla precisa oferecer descontos agressivos para acompanhar a guerra de preços no mercado”, disse Russo.

Concorrência tecnológica e novos modelos híbridos

Enquanto a Tesla se concentra exclusivamente em veículos totalmente elétricos, montadoras chinesas estão lançando novos modelos com inovações tecnológicas, como projetores, refrigeradores embutidos e sistemas avançados de assistência ao motorista.

Analistas destacam que a Tesla está atrasada na adoção de tais recursos e não oferece modelos híbridos ou de autonomia estendida, que são populares entre consumidores preocupados com a transição para carros totalmente elétricos.

O sistema de direção autônoma completo da Tesla ainda depende de aprovação regulatória na China, enquanto concorrentes locais, como a BYD, já tornaram sistemas avançados de assistência ao motorista um padrão em seus veículos.

Impacto das barreiras comerciais

Elon Musk, CEO da Tesla, alertou que as montadoras chinesas podem “demolir” grande parte da concorrência global sem a imposição de barreiras comerciais. Em resposta, os EUA aplicaram tarifas de 100% sobre veículos elétricos chineses, e a União Europeia introduziu taxas de até 45,3% para proteger suas indústrias locais.

Essas barreiras aumentam a pressão sobre as vendas da Tesla, tanto na China quanto no exterior. No entanto, analistas acreditam que a marca, vista como o “Apple dos carros”, permanecerá relevante. “Tudo o que Musk precisa fazer é baixar os preços em 5%, e isso ajudará a sustentar as vendas”, afirmou Joe McCabe, CEO da AutoForecast Solutions.

Apesar das dificuldades, a Tesla vendeu 93.766 veículos fabricados na China em dezembro, incluindo exportações, uma leve queda de 0,4% em relação ao ano anterior. Por outro lado, a BYD, líder de mercado, registrou vendas de 509.440 carros no mesmo mês, um salto de quase 50% em comparação com o ano anterior.

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