Soldado israelense deixa o Brasil após Justiça pedir investigação; ele estava de férias

A decisão, proferida em 30 de dezembro pela juíza Raquel Soares Charelli, atende a uma solicitação da Fundação Hind RajabAFP

Um soldado das Forças de Defesa de Israel deixou o Brasil neste domingo (5) após a Justiça Federal determinar sua investigação por supostos crimes de guerra cometidos durante o conflito na Faixa de Gaza, em novembro de 2024. O soldado,cuja identidade não foi revelada, estava de férias no Brasil.

A decisão, proferida em 30 de dezembro pela juíza Raquel Soares Charelli, atende a uma solicitação da Fundação Hind Rajab, uma organização que defende direitos palestinos. Ele saiu do país antes da emissão de qualquer mandado de prisão, conforme informou sua família e a emissora israelense Kan. Ele teria seguido para a Argentina.

O caso se baseia na acusação de que o militar participou de uma ação que resultou na demolição de um quarteirão residencial em Gaza. O local abrigava palestinos deslocados e teria sido atingido por explosivos.

A HRF apresentou provas coletadas por meio de fontes abertas para embasar o pedido de investigação e solicitou a prisão preventiva do soldado, alegando risco de fuga e destruição de provas.

A organização também apontou a violação de direitos humanos e possíveis crimes de guerra. A decisão da Justiça brasileira é fundamentada no Estatuto de Roma, tratado do qual o Brasil é signatário, que prevê jurisdição universal para crimes dessa natureza.

O escritório diplomático de Israel no Brasil foi informado sobre o caso, e o pai do soldado confirmou que sua saída do país estava planejada antes da decisão judicial.

O novo presidente do Banco Central de Israel e outras autoridades israelenses destacaram que não houve qualquer evidência sólida apresentada que ligue o militar diretamente aos ataques.

Posição da StandWithUs Brasil

A StandWithUs Brasil, uma organização pró-Israel, questionou a credibilidade da HRF, citando supostos vínculos de seus líderes com grupos como o Hamas e o Hezbollah.

Em nota, a entidade declarou que a denúncia seria parte de uma tentativa de instrumentalizar o sistema jurídico brasileiro para fins políticos.

Segundo a StandWithUs, o Ministério Público Federal considerou as provas insuficientes para estabelecer ligação entre o soldado e os atos imputados.

Confira a nota na íntegra abaixo:

A verdade por trás da denúncia contra soldado israelense no Brasil

No último dia 30, a Justiça Federal determinou que um soldado israelense que estava de férias no Brasil fosse investigado pela Polícia Federal por supostamente ter cometido crimes de guerra na Faixa de Gaza. Diferentemente do que tem sido noticiado, contudo, não houve mandado de prisão e o israelense já deixou o país, conforme seu planejamento prévio, indo para a Argentina.

Sua identidade não foi revelada mas, segundo o Times of Israel, trata-se de um sobrevivente do massacre realizado pelo Hamas no Festival Nova, em 7 de outubro de 2023, no sul de Israel. Naquele dia, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 250 sequestradas, das quais 100 permanecem em cativeiro no enclave palestino.

A queixa-crime foi apresentada ao judiciário brasileiro pela Fundação Hind Rajab (HRF). A ONG é presidida por Dyab Abou Jahjah e Karim Hassoun, ambos com histórico de apoio aos grupos terroristas Hamas e Hezbollah.A Fundação Hind Rajab (HRF) e o apoio ao Hamas.

A HRF foi criada recentemente, após o início da guerra em curso entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Seu nome é uma homenagem a Hind Rajab, uma criança de seis anos que foi morta em fevereiro do ano passado no enclave palestino. Embora sua morte tenha sido atribuída às Forças de Defesa de Israel (IDF), investigações iniciais apontam que não havia tropas no local durante o horário do ocorrido. Isso, por si só, já mina a credibilidade da organização, mas há mais.

Dyab Abou Jahjah, líder da HRF, já chegou a publicar nas redes sociais conteúdos que negam o Holocausto e, em 17 de outubro de 2024, fez posts no X (antigo Twitter) lamentando a morte do líder do Hamas Yahya Sinwar. No dia 7 de outubro de 2023, ele também louvou o massacre realizado pelo grupo terrorista palestino no sul de Israel: “Esses combatentes da resistência palestina que entram nesses assentamentos são todos refugiados cujos pais foram alvo de limpeza étnica nessas aldeias entre 1948/1967. Qualquer um que negligencie esse fato não está se envolvendo seriamente em uma conversa, mas está espalhando propaganda israelense, seja intencionalmente ou não.

“Karim Hassoun, por sua vez, desde 2009 já expressava apoio ao Hamas, deixando claro que preferia o grupo terrorista ao Fatah, da Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente como a liderança legítima do povo palestino. Ele também expressou apoio a Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e afirmou que jamais reconheceria a existência de Israel. Em 8 de outubro de 2023, um dia após o massacre realizado pelo Hamas, Hassoun escreveu no X: “Os palestinos não ‘invadiram’ #Israel… Eles estão simplesmente retornando para casa e recuperando suas propriedades… Uma nuance ‘pequena’, mas muito importante, eu diria… #VoltandoParaCasa #Palestina #Gaza #IndústriaDoHolocausto #ComplexoDeColaboração #Nakba1948 #Resistência.”

Falta de legitimidade e de evidências.

Tudo isso deixa claro que a HRF não tem nenhuma legitimidade para fazer denúncias contra cidadãos israelenses. A ONG simplesmente busca utilizar-se do sistema jurídico brasileiro para alcançar os mesmos objetivos do grupo terrorista Hamas. A própria denúncia em questão foi baseada em evidências questionáveis e em uma jurisprudência praticamente nula, uma vez que não há mandados por parte do Tribunal Penal Internacional contra o israelense em questão e não há nenhum caso prévio de prisão realizada por motivo semelhante.  O próprio Ministério Público Federal (MPF) afirmou que as provas apresentadas são insuficientes para estabelecer qualquer ligação entre o acusado e os crimes a ele imputados.

André Lajst

Presidente executivo da StandWithUs Brasil

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